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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Escola de Educação Física da Polícia Militar de São Paulo

A Escola de Educação Física nasceu numa das dependências do 1º BI, hoje 1º BPM/M Tobias de Aguiar, em 1910. Exercícios de ginástica no ginásio da R. Jorge Miranda.


Escola em formatura: visita do adido militar britânico.

O Comandante Cel. Tabajara Camilli honrou-me sobremaneira, nomeando-me membro da Banca Examinadora no julgamento da monografia do Tenente Alex Ribeiro, obra literária coroando sua formatura no Curso de Instrutores da centenária e gloriosa Unidade da PM, pioneira no Brasil.

O tema escolhido pelo formando foi a vida e a obra do Cel. Domício Silveira, oficial dígno e expoente da Tropa Bandeirante. Feliz a escolha, pois, focaliza a figura ímpar do Cel. Domício, homem simples do interior paulista, vencedor de tantos obstáculos para a concretização de seu sonho, a carreira militar na Força Pública, onde alcançou o posto máximo da hierarquia.

O fulcro da excelente monografia ressalta o atleta, o Instrutor de Educação Física, formado em 1947 na turma “Cel. Pedro Dias de Campos”. Apaixonado pela sublime arte de D’Artagnan, diplomou-se em 1948  Mestre de Armas, sendo nomeado o instrutor da matéria na própria Escola, difundindo o manejo e a magia do florete, espada e sabre nos Batalhões da Corporação.
Dilatou a fronteira do seu ideal, ministrando aulas em associações de classe, em clubes de muitas cidades interiorianas. Nessa trajetória vitoriosa, fixou-se em Bauru, no Comando do 4.º BC, diplomando-se pela Instituição Toledo de Ensino e, mercê de suas qualidades, cultura geral e profissional, foi nomeado secretário da mesma faculdade.
Sem prejuízo de suas funções castrenses, estendeu o seu ideal, continuando a difundir aquele sonho espadachim, tornando o próprio quartel como arena, a faculdade como palco de excelentes exibições, onde militares, civis e elementos nobres da sociedade bauruense beberam os seus ensinamentos e os passaram para novas gerações afixionadas pela bela esgrima.  
Tornou-se popular e admirado na bela Cidade Sem Limites, com as suas múltiplas funções, Mestre de Armas, Professor de Educação Física, Secretário da Faculdade e, graças a sua experiência, inteligência e capacidade de ação, foi guindado a Diretor da ITE. Tudo isso, sem esquecer a nobre função de Comandante de um Batalhão, de heróica tradição, responsável pela segurança da rica região noroeste de São Paulo.
Atraído pela política, ao longo do tempo, exerceu a nobre função de Sscretário de várias prefeituras. Nessa época, o Projeto Rondon assoberba o seu idealismo, obrigando-o a viajar dezenas de vezes ao Norte e Nordeste, capitaneando jovens acadêmicos idealistas, que desejavam um Brasil melhor, sadio unido e forte (pena que o maravilhoso projeto perdeu aquele élan do passado).
Aos 92 anos, o velho guerreiro não descansa, percorre a sua querida “praia”, a bela Cidade Sem Limites, visita os subúrbios e as periferias. Cristão e devoto de São Vicente de Paula, ampara os necessitados e toda aquela meninada carente, fazendo preleções, dando conselhos, colocando a bondade em seus corações, exaltando a mensagem maravilhosa do Barão de Cubertaim, o pai das Olimpíadas Modernas – mens sana in corpore sano - não faltando aulas de esgrima, os floretes, espadas  e sabres de madeira rústica. Sempre carrega o seu violino, companheiro de 80 anos, sendo certo que encaminhou centenas de jovens para a prática da divina música.
No fecho exuberante da monografia surge a figura imponente do Cel. Pedro Dias de Campos, grande Comandante Geral da Força Pública em 1924, herói de tantas Revoluções. Nascido em Araçoiaba da Serra, antiga Campo Largo de Sorocaba, muito jovem, soldado do 1.º BI (hoje a ROTA), teve o seu batismo de fogo, quando o lendário batalhão defendeu São Paulo, ameaçado pelos rebeldes do sul, na Revolta da Armada em 1893.
Intelectual de nomeada Pedro Dias escreveu dezenas de livros; pertenceu aos Institutos Históricos de São Paulo e diversos Estados da Federação; foi o intérprete da Missão Militar Francesa, traduzindo os regulamentos do exército francês; introduziu a Esgrima e o Escotismo em São Paulo, certamente pioneiros no Brasil e a Cruz Azul e o Colégio da Polícia Militar, cartões de visita da Corporação, são obras suas, inspiração divina que teve em pleno combate no morro do Cambuci.
Há uma ligação muito nobre entre Domício da Silveira e Pedro Dias de Campos, que precisa ser destacada. Vejamos: em 1948 o Governador Adhemar Pereira de Barros soube que o Cel. Pedro Dias, aposentando ou reformado em 1928, estava passando privações, pois, os seus vencimentos continuavam os mesmos após 20 anos de inatividade. Sensibilizado pela situação de seu instrutor de escotismo, (em São Manuel, na adolescência, Adhemar foi aluno do cel.), o Governador chamou-o a Palácio. Abraçaram-se e rememoraram aqueles belos dias do passado. Brotou então, na consciência do grande  Adhemar, a necessidade de ser revogada a Lei desumana, que alienava os inativos do Estado e a Lei foi revogada.
Mas, não parou aí a grandeza de coração de Adhemar, pois o velho cel., guerreiro de tantas lutas foi nomeado Presidente da Federação Paulista de Escotismo, com direito a um carro, motorista e ter um  Oficial Ajudante de Ordem. O então Ten. Domício da Silveira foi o escolhido.
Estão aí meus amigos as pinceladas históricas envolvendo duas pessoas maravilhosas, brilhantes oficiais da Tropa de Piratininga, extraídas da brilhante monografia do Ten. Alex Ribeiro a quem damos os nossos parabéns.
Parabéns também a todos os oficiais e praças da centenária Escola, a mais antiga do Brasil.
Parabéns Cel. Tabajara Camilli.

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