Boa leitura!

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

QUARTEL DO GLICÉRIO




Em situação de abandono completo, o velho Quartel do Glicério, também conhecido como da Tabatinguera, no Parque D. Pedro II, que abrigou o 2.º Batalhão de Guardas do Exército, deve ser restaurado. Ao menos, esse é o desejo de um grupo de militares da Reserva, que lançaram, uma campanha para tentar salvar o edifício histórico, cuja construção data do século XVIII.

Louvável a intenção desse grupo de militares, que fizeram um ato cívico em frente ao velho casarão, lançando a campanha para restaurar o edifício histórico, que abrigou Unidades de Elite do Segundo Exército, hoje Comando Militar do Sudeste.

O Militar da Reserva ou Reformado é, antes de tudo, um saudosista, pois ama tudo o que se relaciona com as coisas castrenses. Ele tem saudades da caserna, dos desfiles, das manobras militares, dos dobrados das bandas de música. É nostálgico, lembra constantemente do seu quartel, dos velhos comandantes, dos seus companheiros de ideal. Sendo louvável, pois, sob todos os títulos, a reunião dos militares Cara-de-Leão que estão procurando sensibilizar o povo de São Paulo para que o quartel tenha aquela imponência do passado.

O 2.º Batalhão de Guardas do Exército foi a última Unidade a ocupar o vetusto quartel, construído de taipa pilão, socada com a força dos pés dos escravos, que dançavam ao som de batuque sobre argilas, amassando, com o barro, pedras e vegetais, erguendo as largas paredes.

Foi construído na segunda metade do século XVIII, tendo as seguintes denominações:


1765 – Chácara do Fontoura 
1852 – Convento Irmãos Duarte 
1855 – Cônego do Monte Carmelo 
1859 – Governo Provincial 
1860 – Seminário de Educandos 
1861 – Seminário de Educandas 
1862 – Hospício de Alienados 
1896 – Quartel da Guarda Cívica da Força Pública 
1930 – Quartel do 6.º e 7.º Batalhões de Caçadores da FP 
1932 – Ocupado pelo Exército 
1964 – 7.ª Cia de Guardas 
1970 – 2.º Batalhão de Guardas 
1996 – 3.º Batalhão de Choque da Polícia Militar 


Tombado pelo CONDEPHAT, não se pode mexer, adulterar sua arquitetura. Os tempos passaram, o prédio envelheceu muito e não há verbas para a sua manutenção. É uma pena! 

Em fins do século XIX, ele foi sede dos 1.º e 2.º Corpos da Guarda Cívica, Unidades de escol da antiga Força Pública, encarregada da segurança da Capital e Interior, protegendo uma população que aumentava assustadoramente pelos imigrantes, atraídos pelo advento do ouro verde, os grandes cafezais.

Em 1925, os dois Corpos da Guarda Cívica se transformaram no 6.º e 7.º Batalhões de Caçadores, efetivos da Brigada Militar, formada pelo Cel. Pedro Dias de Campos, em perseguição à Coluna Revolucionária, comandada pelo Gen. Miguel Costa, erroneamente denominada Coluna Prestes. Em consequência, todo o acervo e oficiais instrutores da extinta Guarda Cívica, inclusive o Comandante Cel. Alexandre Gama, foram transferidos para a Guarda Civil, fundada a 22 de outubro de 1926.

Em 1932, com a derrota de São Paulo na Revolução Constitucionalista, frente a Getúlio Vargas, o casarão do Glicério e todas as edículas foram uma das presas de guerra, aquartelando então Unidades do Exército.

Mais duas presas de guerra foram o Campo de Marte – até hoje ocupada uma área pelo Parque de Aeronáutica. A terceira presa foi o Quartel da Força Pública, em Itapetininga, sediando Unidades do Exército durante muito tempo. Foi devolvido pelo Governo Federal, sendo hoje a sede do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado.

Em 1990, acordados a União e o Estado, o quartel do Glicério foi devolvido, nele se aquartelando o nosso 3.º Batalhão de Choque mas, passados 10 anos, a PM, sem recursos para a manutenção altamente dispendiosa, sem ajuda do CONDEPHAT, transferiu aquela OPM para novo quartel, mantendo na velha sede apenas uma guarda para evitar depredações e ocupações dos homens sem teto, que algumas vezes já tentaram invadí-lo.

Qual será o destino desse velho Monumento de Taipa? Oxalá os saudosos reservistas Cara-de-Leão consigam a realização do sonho, altamente nobre. Milagres acontecem!!!

Parece-nos que o milagre está começando, neste ano de 2014, pois é interesse do Governo do Estado instalar no Quartel do Glicério o Museu da Polícia Militar, tendo já uma comissão de estudos para restaurá-lo, possibilitando o restabelecimento da integridade física dessa relíquia histórica, recuperando a reaqualificação de toda a região, devolvendo a vida e a funcionalidade, quase sempre esquecida e desvalorizada, no coração de São Paulo. 







5 comentários:

  1. Cel. Edilberto de Oliveira Melo > DESEJO ENTRAR EM CONTATO CONSIGO PARA INFORMAR SOBRE O PERÍODO DA 7A. CIA DE GUARDAS. MEU EMAIL > nivaldoreges@hotmail.com

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    1. Louvável está atitude .e triste passar por lá e ver um patrimônio se deteriorando sem conservação

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  2. Em 1964 em janeiro me apresentei nesse quartel do 2 BG para o servico militar. Depois de reunir todos os convocados, fomos separados em 2 grupamentos: Os que nasceram no primeiro semestre e o outro os que nasceram no 2 semestre. Depois dessa primeira seleção os que nasceram no primeiro semestre foram dispensados e receberam o certificado.
    Os que formavam o grupamento que nasceram no 2 semestre ficaram alistados para exames e incorporação
    Nasci em 01 de julho e fiquei ali depois servi no 2 Grupo de Artilharia Antiaérea grupo Bandeirante em Barueri.
    Em marco de 64 fomos deslocados e acantonados no estádio municipal de Curutiba.
    Cel Ciapina
    Sao José dos Campos

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  3. Nss sempre quando eu ia no AMA SÉ ou quando eu passo por lá de ônibus eu sempre me perguntei o que era esse lugar abandonado. Hoje algumas partes das portas estão fechadas por madeiras, algumas das partes das janelas cobertas por um tipo plástico azuis, que hj umas já se soltaram

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  4. Nss sempre quando eu ia no AMA SÉ ou quando eu passo por lá de ônibus eu sempre me perguntei o que era esse lugar abandonado. Hoje algumas partes das portas estão fechadas por madeiras, algumas das partes das janelas cobertas por um tipo plástico azuis, que hj umas já se soltaram

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