Na Serra da Mantiqueira
Na Serra da Mantiqueira
Sob a fronde da mangueira
Que ela em moça viu plantar
Sentadinha no seu banco
Trançando o cabelo branco
Mãe Maria, vai sonhar...
Dos amores do passado
Só lhe resta um filho amado
Que lhe dá felicidade
Ele é todo o seu encanto
Sua vida, o fruto santo
Da longínqua mocidade.
E nas nuvens que correndo
Vão no céu aparecendo
Pra no ocaso descansar
Ela vê seus belos dias
De venturas e alegrias
Que não mais hão de voltar...
Eis porém que veio a guerra
Abalando toda a serra
Com o rugido do canhão
E a velhinha amargurada
Viu seu filho, lá na estrada
Se sumir, num batalhão...
Segurando seu rosário
No seu banco solitário
Mãe Maria reza agora
Pede a Deus ardentemente
Que lhe mande o filho ausente
Que já tanto se demora.
E numa tarde ao sol poente
Ela escuta de repente
A voz meiga do rapaz
Que lhe diz, tal como em vida:
Muito em breve, mãe querida
Lá no céu me encontrarás...
Há uma relação sentimental entre a Revolucão de 32 e a canção Serra da Matinqueira. A letra é o escritor e poeta Ari Kerner, gravada em 1933, homenageando um herói, um soldado desconhecido, que tombou no campo da luta. Filho único, alistou-se nas fileiras de batalhões bandeirantes que lutaram na frente leste, divisa com Minas Gerais, o famoso Túnel da Mantiqueira. A velhinha, sua mãe, como diz a canção, rezava todos os dias pedindo a Deus que seu filho voltasse para seus braços, mas o seu filho morreu em combate. Atendendo as suas preces, ele aparece espiritualmente dizendo: Muito em breve, mãe querida... Lá no céu me encontrarás...