Boa leitura!

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

REVOLUÇÃO DE MARÇO DE 64

O dia 31 de março de 1964 marcou a data da Revolução Redentora, na qual o povo ordeiro do Brasil, em comunhão com as Forças Armadas, depôs o Chefe da Nação Dr. João Goulart.

João Goulart, homem de esquerda, quando Ministro de Trabalho do Governo Getúlio Vargas, já havia demonstrado suas tendências ideológicas, incentivando e mesmo promovendo agitações sucessivas e freqüentes nos meios sindicais, com ampla infiltração no organismo daquele Ministério, até em pontos chaves de sua administração, de ativos e conhecidos agentes de comunismo internacional, além de incontáveis elementos esquerdistas, que desejavam a sovietização do Brasil.

Nosso país, com o beneplácito do Presidente Goulart, enveredava por caminhos tortuosos, para a implantação de uma ideologia, despida do caráter democrático e da moral cristã, apanágios do povo brasileiro.

A grande advertência desse perigo foi MARCHA DA FAMÍLIA COM DEUS PELA LIBERDADE, realizada em São Paulo, despertando a Nação que, com presteza, se uniu em torno dos mais caros e profundos sentimentos, conseguindo com as Forças Armadas a deposição do Presidente.

Revigorado o poder do Congresso, assumiu a Presidência da Nação o General Humberto Alencar Castelo Branco, que pôs ordem no País, fazendo retornar os rumos democráticos e o roteiro do seu grande destino no concerto das demais nações do mundo.

Os homens de esquerda reagiram e várias organizações subversivas surgiram, lutando na clandestinidade contra os militares no Governo, recrudescendo a luta,1 com a decretação “Ato Institucional n.º 5” – AI5.

No final do ano de 1969, a organização comunista-revolucionária Vanguarda Popular Revolucionária, a VPR , chefiada por Carlos Lamarca, estabeleceu um foco guerrilheiro na região do Vale do Ribeira, então inóspita e coberta por extensa floresta. Ali os guerrilheiros estabeleceram bases de treinamento que serviriam para formar novos guerrilheiros, destinados à luta armada para mudança do regime no país.

O governo federal, ao ter informações sobre a existência do foco, concentrou tropas na região para capturar os guerrilheiros e restabelecer a ordem pública. As operações legais tiveram início em 22 de abril de 1970, sob comando do Exército Brasileiro. Desde o primeiro momento o efetivo da 7.ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM), sediada em Registro, integrou o dispositivo militar, colaborando nas ações para supressão do foco guerrilheiro, em exaustiva atividade de patrulhas na floresta e controle nas estradas e localidades. Comandava esta companhia da Polícia Militar o Capitão PM Francisco Expedito de Oliveira e Silva.

A campanha se afigurava dificílima pela natureza e extensão do terreno, vindo se somar às forças legais um destacamento da Aeronáutica, fornecendo suporte aéreo com esquadrilhas de aviões e helicópteros. A Marinha integrou o dispositivo com tropas de fuzileiros navais patrulhando os rios da região.

O reforço da Polícia Militar veio com um pelotão do 6.º Batalhão Policial e, pouco depois, com mais 5 oficiais e 80 praças do 1.º Batalhão Policial Tobias de Aguiar, os quais passaram a compor o Grupamento Policial Militar da Operação (GPMOR), sob comando do Major PM José Fragoso. O número total de tropas militares chegou a cerca de 1.500 homens de todas as forças.

No início de maio, a Operação foi suspensa, iniciando-se a desmobilização do dispositivo legal. No dia 8 o 3.º Sargento PM Antonio Martins, comandante do Destacamento PM de Eldorado, finalmente conseguiu localizar o grupo central dos guerrilheiros em trânsito pela cidade. Ao tentar capturá-los os policiais militares foram recebidos a tiros, travando-se combate que resultou em ferimentos em 3 praças e 1 guerrilheiro, os demais escaparam para Sete Barras.

O Comandante da 7.ª CIPM lançou de imediato para Sete Barras um pelotão misto composto de elementos da 7.ª CIPM e 1.º BP, num total de 25 praças, sob comando do 2.º Tenente PM Alberto Mendes Júnior e 2.º Tenente PM José Correia Neto. Esta tropa, em deslocamento motorizado, caiu em emboscada armada pelos guerrilheiros que, armados com fuzis automáticos furtados do Exército, tinham forte superioridade bélica sobre a tropa da Polícia Militar, armada de revólveres e fuzis de repetição. Neste segundo combate ficaram feridos 15 policiais militares.

Com grande número de feridos, a tropa da Polícia Militar já não tinha mais condição de prosseguir no combate. Superada a resistência, os guerrilheiros parlamentaram, permitindo o socorro dos feridos, desde que os demais policiais militares permanecessem como prisioneiros. Neste momento o Tenente Mendes Júnior adiantou-se e, oferecendo-se pelos seus homens, conseguiu a libertação de todo o efetivo capturado, permanecendo como refém dos guerrilheiros.

Graças ao oferecimento heróico de Mendes Júnior todos os policiais militares foram liberados e conduzidos ao hospital de Registro, o que salvou várias vidas.

Em São Paulo, ainda na noite do dia 8, o comando da Polícia Militar mobilizou mais uma Companhia do 1.º BP que na manhã seguinte seguiu para Registro, reforçando o GPMOR, agora sob comando do Major PM Roberto Salgado, com a missão de libertar o Tenente Mendes Júnior. Esta Unidade chegou a contar com mais de 150 policiais militares, com apoio de saúde, logística e transporte.

Com o cerco das forças legais aproximando-se, os guerrilheiros, temendo suas capturas, decidiram livrar-se do Tenente Mendes Júnior que mantinham como refém. Mendes Júnior, após passar dois dias sem alimentação e obrigado a carregar os materiais dos seus captores mata adentro, já exausto, foi friamente assassinado a golpes de coronhadas de fuzil na cabeça pelos guerrilheiros, que abandonaram seu corpo desfigurado na floresta, completando o seu martírio. Mendes Júnior recebeu a morte mais cruel, para que seus comandados pudessem viver.

Posteriormente a guerrilha foi suprimida, mas o sacrifício e o martírio de Mendes Júnior serviram como símbolo da dedicação e abnegação do oficial, mobilizando a sociedade contra a barbárie da guerrilha. 

Como vimos, deposto Jango Goulart em 31 de março 1964 assumiu a presidência da República o General Castelo Branco (1964/67), que pôs ordem na Casa. Seguem as presidências do General Costa e Silva (1967/69), Garrastazu Médici (1969/74), Ernesto Geisel (1974/79) e João Batista Figueiredo (1979/85). 

Nesses 21 anos houve fecundas realizações, como a ponte Rio-Niterói, a Hidrelétrica do Itaipú, o desbravamento da Amazônia que evitou a cobiça de outras Nações que almejavam a sua internacionalização. Houve o período do Milagre Brasileiro, quando a nossa balança comercial superou todos os recordes. Perdoe-me General Costa e Silva, o senhor não devia ter fechado o Parlamento Brasileiro em 1968. 

Ao findar o governo do General Figueiredo, foi editada a LEI DA ANISTIA, bem estruturada, no sentido de evitar possíveis e futuras reações, jogando novamente irmãos contra irmãos. 

Durante muitos anos as nossas Forças Armadas comemoravam o dia 31 de março, a Revolução Redentora, como sendo um marco glorioso que elas, atentas às aspirações soberanas da sociedade brasileira, deram à nossa Pátria o rumo da Democracia, derrotando as forças do mal, tendentes a implantar o comunismo em nossa terra. Essas comemorações, infelizmente foram suspensas... 

Passam os tempos, eis que a Presidenta Dilma Roussef nomeia a Comissão da Verdade, desobedecendo a Lei da Anistia do Presidente Figueiredo. O relatório dessa comissão enfatiza somente a parte que lhe interessa desconhecendo as barbaridades praticadas pelos Revolucionários da época, conhecidos como os Terroristas. 

Um dos absurdos dessa Comissão é propor, ao nosso Poder Legislativo, a extinção ou desmilitarização das Polícias Militares do Brasil. 

Oportuno é o artigo do Coronel Veterano Ricardo Jacob, na revista Clarinadas da Tabatinguera, que autorizou reproduzi-lo em nosso blog: ei-lo.



segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

A AÇÃO TÁTICA DE JOÃO CABANAS NO EIXO DA MOGIANA EM 1924




“Nove mapas ilustram a situação

tática e estratégica na evolução

da luta.O leitor atento às manobras

focalizadas nos mapas, certamente

aprenderá um pouco da arte da guera”.



           Este livro, que tenho a honra e apresentar, chegou para um resgate da História, para redescobrir um personagem, um mito, um herói ou bandido, que foi João Cabanas, Tenente da antiga Força Pública na Revolução de São Paulo.

           Sua fama perdurou por muito tempo,varou anos e anos mas, com o suceder de gerações, foi sendo esquecido e, nos dias de hoje, apenas os homens de cultura sabem quem foi o bravo, arrojado, engenhoso, também estigmatizado como sanguinário, vândalo e bandoleiro.

           Os adjetivos acima copiei-os deste livro A AÇÃO TÁTICA DE JOÃO CABANAS NO EIXO DA MOGIANA EM 1924, de autoria do acadêmico, emérito historiador da nossa heróica milícia, o Major  Hélio Tenório dos Santos.

          Chegou-nos essa obra em boa hora, porque ela acrescenta algo mais, soberbamente valioso, para somar à saga do Tenente João Cabanas, herói de tantas façanhas e loucuras.

           O agudo sentido do autor, na pesquisa inteligente, nos traz à luz importantes fatos adormecidos no tempo e no espaço, que somente a sua lupa investigatória podia descobrir, vasculhando alfarrábios, jornais amarelecidos, livrões poeirentos, empilhados em porões de bibliotecas de nossos quartéis, arquitetura de seteiras.

           Uma simples notícia de que Cabanas havias passado a noite, de 4 para 5 de julho, com uma namorada, aguçou a curiosidade de Hélio Tenório, que procurou a verdade, descobrindo que a dama misteriosa era Olga Navarro, imigrante italiana, artista de cinema e teatro. Descobriu também que Olga Navarro participou do filme TREM DA MORTE, no qual ela era a mocinha, inspirada na atuação de Cabanas, seu grande herói e amante.
 
           No livro A COLUMNA DA MORTE (pág. 31), Cabanas revela, após a ocupação do Palácio dos Campos Elísios, que: “fui até as trincheiras que em frente dele haviam levantado os governistas. Aí encontrei um banco e pela falta de alimentos descansei alguns minutos que eu não esqueço; tive ante mim uma visão de estímulo e carinho...”

           A indagação de Hélio Tenório  neste seu livro -  quem seria essa visão de carinho? Seria Olga Navarro, saudosa, sedenta de amor pelo seu grande Herói?

           O brilhante autor também nos apresenta Cabanas, não como um simples tenente cumpridor de ordens, mas sim um comandante de vontade própria, resolvendo de imediato todas as situações críticas de uma guerrilha. A tática das pequenas unidades aprendeu com os instrutores da Missão Militar Francesa, mas a visão global, estratégica podemos dizer, brotou do seu raciocínio rápido e seguro.

           Muitos exemplos poderíamos citar das suas atuações e decisões mas deixemos que o leitor se delicie com o conteúdo da obra histórica que o autor nos presenteia.

           Não fora Cabanas, manobrando estrategicamente, a Revolução findaria nas cidades de Campinas ou em Bauru.

           Com poucos homens, embarcando em vagões ferroviários dezenas de troncos de madeira encenando canhões, centenas de caixões “contendo” metralhadoras, granadas e munições, todos cobertos de lona e mais ainda o tropel dos seus soldados cantando canções populares, ele espelhava o terror e o pânico. Com isso, muitas tropas regulares legalistas, comandadas por oficiais de patente, fugiam apavoradas, pois as notícias chegadas pelos telégrafos das estações apontavam 5.000 revolucionários e na verdade os seus homens eram apenas 50, armados de fuzis.

           A ação tática de João Cabanas no eixo da Mogiana (título do livro) frustrou o avanço dos legalistas mineiros para Mogim Mirim e Campinas, como também a tomada desta região brecou os governistas do sul, que já haviam conquistado Sorocaba. Os governistas fugiram com o grito: Cabanas vem aí!

           Essa guerra psicológica permitiu que os revolucionários de 24, comandados pelo General Isidoro Dias Lopes e Major Miguel Costa, em trens da Paulista e Sorocabana, atingissem o Rio Paraná, descendo até Foz do Iguaçu, ponto de partida da Divisão Revolucionária, que percorreu 30.000 quilômetros pelos afastados rincões da Pátria, perseguida pelos legalistas, realizando a maior marcha militar do planeta que suplanta Alexandre o Grande e os Generais Hamilcar e Aníbal, heróis de Cartago.

           Nove mapas ilustram as situações táticas e estratégicas na evolução da luta. O leitor atento às manobras, focalizadas nos mapas, certamente aprenderá um pouco da arte da guerra.

           O autor, Major Hélio Tenório dos Santos, já é uma referência na Corporação. É titular da cadeira “General Miguel Costa” da Academia de História Militar Terrestre do Brasil. Viajou diversas vezes pela Europa, em Portugal, Espanha, França, Bélgica, Suíça e Inglaterra, estudando as fortificações medievais, as táticas e os campos de batalha de Napoleão e das guerras mundiais. Na Ásia estudou as guerrilhas do Vietnã, Camboja, Laos, Malásia e Indonésia. Por dois anos, cumprindo honrosa missão das forças de paz da ONU, esteve no Timor Leste, ajudando na formação do jovem país, combatido pelos indonésios e milícias timorenses.

           Um detalhe: o Major Hélio Tenório dos Santos é forte, inteligente, alto e magro. Cabanas também o era.