Boa leitura!

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O Grupo Misto da Aviação Militar da Força Pública e a Força Aérea Constitucionalista

     Ao eclodir a Revolução Constitucionalista de 1932, o Campo de Marte foi retomado por elementos do Regimento de Cavalaria, encontrando-se em um de seus hangares dois aviões Waco, de 180 HP, da Aviação do Exército. Também foram encontrados no 4ºRI mais dois aviões Potez de bombardeio, de 450 HP, constituindo esses 4 aparelhos, o primeiro núcleo da aviação bandeirante, tendo sido presos vários aviadores do exército que não aderiam ao ideal paulista.
     Renascia, então, das cinzas a Fênix Rubra, pelo decreto 5590, de 15 de julho de 1932 constituindo, com a ajuda de aviadores civis e militares a quarta etapa da nossa aviação, com a denonimação de Grupo Misto da Aviação Paulista. Esse grupo passou a dispor dos aparelhos do Exército já citados e mais os seguintes:

       um Moth e um Fiat doados pelo Aeroclube de São Paulo;
       um JN pertencente ao Cap. FP Antônio Reinaldo Gonçalvez;
       um Morane cedido por empréstimo.

     Idealistas paulistas doaram os seguinte aviões: um Moth, um Fiat, um Newport e um Henrioth.
     Foram comprados no Paraguai mais 4 aviões, sendo ampliados os hangares no Campo de Marte.


     Do Rio de Janeiro, chegaram mais um Waco e Newport Delage, ambos de 456 HP, pilotados pelos Ten. Mota Lima e Adherbal da Costa Oliveira, que aderiram à causa constitucionalista, sendo requisitado também um avião Late 26 de bombardeio, 450 HP que pertenceu ao Aeropostal. Somando ao todo, o governo paulista adquiriu três Curtis-Falcão, todos de 450 HP.


     Sob o comando do Maj. Dr. Ismael Torres Guilherme Cristiano, o grupamento possuía os seguinte pilotos: Orton Hoover, Cap. João Negrão, Reinaldo Gonçalvez, Alberto Americano, João de Quadros e Cândido Bravo, os Ten. Vicente Borba, Sebatião Machado e Sílvio Hoelz.
     Valorosos elementos da aviação civil apresentaram-se no Campo de Marte, integrando-se no Grupo Misto, como pilotos ou observadores: João Baungart, Rosário Russo, Paranhos do Rio Branco, todos promovidos ao posto de Tenentes de Emergência.

     Imitando os aviadores do Exército, Mota Lima e Adherbal de Oliveira também aderiram a Revolução, com o mesmo ideal, os Maj. Ivo Borges, Cap. Lysias Augusto Rodrigues e os Tens. Luis Martins de Araújo, Orsine de Araújo Coriolano, José Angelo Gomes Ribeiro e Mário Machado Bittencourt, esses dois últimos mortos heroicamente, num ataque à navios de guerra da Marinha, que bloqueavam o porto de Santos, impedindo o desembarque de material bélico comprado nos EUA.
     Há duas ruas na Vila Mariana homenageando esses valorosos aviadores do Exército Brasileiro.
Estrutura-se, então, a Quinta Arma do Exército Constitucinalista, assim organizado:

 Força Aérea
Comando: Maj. Ex Ivo Borges

Grupo Misto de Aviação Paulista       
                             Cmt. Maj. Ismael C. T. Guilherme                                  
Subcmt. Cap. João Negrão
João de Quadros, Cândido Brava      
Ten. Vicente Borba, Sebastião Machado
Sílvio Hoelz, Benedito de Paula França
pilotos civis promovidos a tenente.

1º Grupo de Aviões de Caça
Cmt. Maj. Lysias A. Rodrigues 
Pilotos: Cap. Adherbal C. Oliveira
José A. Gomes Ribeiro
Cap. Arthur Mota Lima
Cap. Mário Machado Bittencourt
e pilotos civis do Grupo Misto.

Pilotos e mecânicos do Grupo Misto.

     Sob a insígna de "Gaviões de Penacho", a Força Aérea cobriu-se de glórias, não obstante a precariedade de meios. As ações dos intrépitos aviadores da Força Aérea Constitucionalista foram inúmeras, pois, em todas as frentes de combate estavam os nossos aviões, observando, metralhando e bombardeando as posições inimigas. Em duelos com os vermelhinhos de Getúlio Vargas, tivemos grandes batalhas, logrando êxito na maioria delas, muito embora a Ditadura possuísse um poder aéreo dez vezes maior que o nosso.
     Para o fecho desta história é necessário que se diga que a Força Pública empregou todo o seu efetivo para a sagrada causa de dar à Pátria sua Carta Magna, a Constituição brasileira.

Os intrépitos Ases e seus aviões.

     Lutamos heroicamente por 3 meses, em todos os setores, constituindo o alicerce de todo o Exército Constitucionalista, embora enfraquecida pelas duras campanhas (1922, 24, 26 e 30), sem Artilharia, Aviação Militar e outros petrechos bélicos, confiscados em 1930. Mesmo assim, a tropa de Piratininga se bateu valentemente, enfrentando um adversário aguerrido, dotado de abundante e moderno material de guerra e efetivo infinitamente superior. Em fins de setembro de 1932, quando a derrota das armas constitucionalistas era iminente, o armistício foi necessário, terminando as operações de guerra a 2 de outubro.

Acima o Ten. Negrão. Ao centro tanque lança-chamas que São Paulo construiu e abaixo dois pilotos civis do Grupo Misto.

Ao centro Maj. Lysias, Gomes Ribeiro e Mário Bittencourt que tiveram por túmulo a imensidão do Atlântico.
Nota: O mecânico Ciquini que foi tripulante do Jahu teve também o Oceano Atlântico como túmulo, em 1929, no desastre aéreo na Baía de Santos.

     Nesse mesmo dia, a Força Aérea Constitucionalista foi extinta. Foi muito triste!!! A gloriosa Aviação da Fora Pública, nascida em dezembro de 1913 teve o seu fim em outubro de 1932. Perdemos mais uma vez o Campo de Marte, esse campo que leva o nome do Deus da Guerra, esse campo das manobras e desfiles memoráveis da Força Pública, mas certo vírus ficou em suas pistas e em seus hangares, porque a Ave Rubra alçaria o voo com os heróicos paraquedistas da Corporação, em 1950.


Continuaremos no próximo post...


Fotos extraídas do livro: Asas e Glórias de São Paulo.

domingo, 18 de setembro de 2011

Grupamento Aéreo da PM - A Aviação da Força Pública no Guapira e no Campo de Marte


        
O avião São Paulo, construído nas oficinas da Escola de Aviação do Campo de Marte.    

       Saudemos o Grupamento Aéreo da nossa gloriosa Polícia Militar de São Paulo, nos seus 27 anos! Linda a festa comemorativa em seu quartel, no Campo de Marte, a 15 de agosto pp.
     No pátio, oficiais e praças perfilados, aviões e helicópteros em linha, à espera do Cel. Camilo, dinâmico Comandante Geral da Tropa Bandeirante.
     Na festa, autoridades e povo, em meio a um delicioso coquetel, admiravam as belas aeronaves, onde delicados monitores, orgulhosamente, davam ênfase aos valorosos pilotos, com seus Águias, salvando vidas em São Paulo, no interior paulista e em outros Estados, quando assolados por incêndios, inundações, deslizamentos de terra e outras calamidades.
     Deixemos um pouco a memorável festa, falemos do Campo de Marte, esse pedaço do chão paulista, que agasalhou a Escola de Aviação da antiga Força Pública, em 1919 a segunda etapa de sua gloriosa história, sabendo-se que a primeira foi no Campo do Guapira, hoje Parque Edu Chaves, homenageando o exímio aviador vitorioso no raide Rio-Buenos Aires, em dezembro de 1920.

Edu Chaves - Comandante da Escola e o primeiro piloto a ligar Rio-Buenos Aires. 
     Para orgulho de nossa PM, destaquemos seu pioneirismo na aviação militar no Brasil, por força da lei 1395-A de 17 de dezembro de 1913, que, em seu artigo 14 determinava: Ficam criados o Curso Especial Militar (hoje Academia do Barro Branco) e a Escola de Aviação; no segundo parágrafo rezava: A Escola de Aviação terá por fim preparar na Força Pública aviadores militares. O artigo 15 determinava: A Organização dos Pilotos para o funcionamento da Escola de Aviação, na sede do Campo do Guapira, nela sendo matriculados além de militares da Força Pública, também civis, tendo como responsáveis o aviador Edu Chaves e Cícero Marques, ambos brevetados na França.
     A Escola teve vida efêmera devido à 1ª Grande Guerra Mundial, pois era impossível a importação de aviões e peças. O próprio diretor Edu Chaves desligou-se do comando, indo à França, lutando no posto de 1º ten. da aviação francesa. Os aparelhos, alguns defeituosos, foram recolhidos na Estação Oeste do Corpo de Bombeiros.   
     A segunda etapa, como vimos acima, no Campo de Marte, teve a colaboração do aviador americano Orton Hoover que, desligando-se da aviação naval (criada em 1916), lutou contra a Alemanha, quando sua pátria entrou na guerra. Foi Orton Hoover a centelha que reacendeu a antiga flama, dando em resultado a aprovação da lei 1675-A, de 9 de dezembro de 1919, que restabeleceu a Escola de Aviação da Força Pública, agora no comando do Ten. Cel. Chrisanto Guimarães, fase em que foram construídos muitos campos de aviação nas cidades do interior, a Corporação semeando a mentalidade aeronáutica em todo o Estado.
            
O pessoal da aviação da Força Pública nos primeiros meses da criação daquela arma na milícia paulista, em 1920.

 O Ten. Cel. Chrisanto Guimarães - Comandante da Escola de Aviação.

     Na Revolução de 1924, os rebeldes, comandados pelo Gen. Isidoro Dias Lopes e Miguel Costa, apoderaram–se dos aviões, usando-os em seus objetivos como arma de guerra, enquanto permaneciam na capital.
     Com a retirada dos revoltosos para Foz do Iguaçu, no Paraná, a frota composta de 8 aviões, foi guardada nos hangares, a fim de servir de base para a terceira etapa da Avião Militar Paulista, pois, em dezembro desse conturbado ano, começaram a riscar os céus de São Paulo os aviões, agora da Esquadrilha de Aviação da Força Pública, renascida pela lei 2051, de 31 de dezembro de 1924, comandada pelo Maj. Garrido, continuando instrutor o americano Hoover.
     Um detalhe da lei: além das funções normais como a Quinta Arma de guerra (Infantaria, Cavalaria, Artilharia e Engenharia, as outras), a Esquadrilha foi encarregada também do levantamento aerofotogramétrico do Estado.
     Vamos ver o que de importante aconteceu nesta terceira etapa:

Inauguração de Campo de aviação em Itararé. Ao centro está o Maj. Garrido e a sua direita o aviador Orton Hoover.
     
O Maj. José Garrido - Comandante da esquadrilha de Aviação e um grupo de alunos pilotos.

Sentados estão o instrutor Orton Hoover e o Ten. Antônio Pereira Lima. Em pé o Ten. Negrão e Marcondes.

1ª – O primeiro salto de paraquedas em São Paulo, executado pelo Ten. Antônio Pereira Lima, em 1925. Nunca tinha visto um paraquedas, mas recebeu ordem do comando geral para saltar; 


2ª – A Esquadrilha participa da Brigada Mista do Cel. Pedro Dias de Campos (2400 homens), em julho de 1926, contra a Divisão Revolucionária comandada pelo Gen. Miguel Costa, em Goiás;

3ª – O Ten. Chantre é o primeiro mártir da Aviação Militar Paulista. Numa das idas para Goiás, seu avião cai em Uberaba, ficando o segundo piloto, o Ten. Antônio Pereira Lima, com ferimentos graves sendo internado na Santa Casa local, ficando 8 dias em coma;

4ª – O Cap. Nataniel Prado, encarregado da fabricação de bombas para a aviação, morre em consequência da explosão de um petardo 75. Morreram também, vários soldados, inclusive músicos e o maestro da banda, o Cap. Lorena cujo ensaio era em uma sala contígua no Quartel do 1º Batalhão (ROTA), em 1926;

O hidroavião Jahu e dois biplanos da Esquadrilha da Força Pública.

5ª – O Ten. João Negrão, herói do hidroavião Jahu, na travessia do Atlântico Sul, em 1927;

6ª - Mortes do Cap. Messias e do Deputado Lacerda Franco, na queda do avião Anhanguera, quando da inauguração do Campo em Itatinga, em 1929;

Negrão e Machado no centro ladeados por Marcondes, Quadros, Pereira Lima, Martiniano e a mascote.

7ª - Na Revolução Getulista de 1930, a Esquadrilha atua em Itararé, Sengés e Morungava, essas duas no Paraná, tendo à frente os pilotos Tens. João Negrão, João de Quadros, Sílvio Hoels, Sebastião Machado, Vicente Borba, Alfredo Camargo e Deoclécio Guedes. Nesse mesmo ano, o instrutor Orton Hoover é promovido a major a título precário;

8ª – Toda Aviação Militar da Força Pública passa à disposição da 2ª Região Militar a fim de constituir, com a Aviação do Exército, um grupo legalista sob o comando do Maj. Lysias Rodrigues;

9ª – Com a vitória de Getúlio Vargas, assume o comando da Aviação Militar da Força Pública, o Ten. Cel. Ex Eduardo Gomes, que passa o comando dias depois ao Cap. Reinaldo Rodrigues (revolucionário de Miguel Costa);

10ª – Fim da Esquadrilha – o Boletim nº. 29, de 18 de dezembro de 1930 publica: Em virtude de escapar à finalidade desta força, e devendo ser a aviação um elemento do Exército, é dissolvida, nesta data a Escola de Aviação, cujo material será entregue ao governo federal.
     
     Triste esse final do ano de 1930, pois o governo federal apoderou-se do Campo de Marte, da nossa Esquadrilha de Aviação, reduzindo o efetivo do Pequeno Exército Paulista, despojando-o ainda de sua artilharia e armas pesadas, restando-nos apenas armas leves, fuzis e revólveres, muitos deles defeituosos.
     1930 foi também o fim da primeira república, da política do café-com-leite e da Constituição de 1891, pairando uma certa tristeza no coração dos combatentes paulistas.
      O Campo de Marte foi ocupado pela aviação do Exército, mas, a Fênix Rubra ainda renasceria das cinzas, iluminando os corações brasileiros de São Paulo, na clarinada paulista de 1932.
         
      Continuaremos no próximo post ...


Fotos extraídas do livro A Força Pública de São Paulo 1831-1931.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Escola de Educação Física da Polícia Militar de São Paulo

A Escola de Educação Física nasceu numa das dependências do 1º BI, hoje 1º BPM/M Tobias de Aguiar, em 1910. Exercícios de ginástica no ginásio da R. Jorge Miranda.


Escola em formatura: visita do adido militar britânico.

O Comandante Cel. Tabajara Camilli honrou-me sobremaneira, nomeando-me membro da Banca Examinadora no julgamento da monografia do Tenente Alex Ribeiro, obra literária coroando sua formatura no Curso de Instrutores da centenária e gloriosa Unidade da PM, pioneira no Brasil.

O tema escolhido pelo formando foi a vida e a obra do Cel. Domício Silveira, oficial dígno e expoente da Tropa Bandeirante. Feliz a escolha, pois, focaliza a figura ímpar do Cel. Domício, homem simples do interior paulista, vencedor de tantos obstáculos para a concretização de seu sonho, a carreira militar na Força Pública, onde alcançou o posto máximo da hierarquia.

O fulcro da excelente monografia ressalta o atleta, o Instrutor de Educação Física, formado em 1947 na turma “Cel. Pedro Dias de Campos”. Apaixonado pela sublime arte de D’Artagnan, diplomou-se em 1948  Mestre de Armas, sendo nomeado o instrutor da matéria na própria Escola, difundindo o manejo e a magia do florete, espada e sabre nos Batalhões da Corporação.
Dilatou a fronteira do seu ideal, ministrando aulas em associações de classe, em clubes de muitas cidades interiorianas. Nessa trajetória vitoriosa, fixou-se em Bauru, no Comando do 4.º BC, diplomando-se pela Instituição Toledo de Ensino e, mercê de suas qualidades, cultura geral e profissional, foi nomeado secretário da mesma faculdade.
Sem prejuízo de suas funções castrenses, estendeu o seu ideal, continuando a difundir aquele sonho espadachim, tornando o próprio quartel como arena, a faculdade como palco de excelentes exibições, onde militares, civis e elementos nobres da sociedade bauruense beberam os seus ensinamentos e os passaram para novas gerações afixionadas pela bela esgrima.  
Tornou-se popular e admirado na bela Cidade Sem Limites, com as suas múltiplas funções, Mestre de Armas, Professor de Educação Física, Secretário da Faculdade e, graças a sua experiência, inteligência e capacidade de ação, foi guindado a Diretor da ITE. Tudo isso, sem esquecer a nobre função de Comandante de um Batalhão, de heróica tradição, responsável pela segurança da rica região noroeste de São Paulo.
Atraído pela política, ao longo do tempo, exerceu a nobre função de Sscretário de várias prefeituras. Nessa época, o Projeto Rondon assoberba o seu idealismo, obrigando-o a viajar dezenas de vezes ao Norte e Nordeste, capitaneando jovens acadêmicos idealistas, que desejavam um Brasil melhor, sadio unido e forte (pena que o maravilhoso projeto perdeu aquele élan do passado).
Aos 92 anos, o velho guerreiro não descansa, percorre a sua querida “praia”, a bela Cidade Sem Limites, visita os subúrbios e as periferias. Cristão e devoto de São Vicente de Paula, ampara os necessitados e toda aquela meninada carente, fazendo preleções, dando conselhos, colocando a bondade em seus corações, exaltando a mensagem maravilhosa do Barão de Cubertaim, o pai das Olimpíadas Modernas – mens sana in corpore sano - não faltando aulas de esgrima, os floretes, espadas  e sabres de madeira rústica. Sempre carrega o seu violino, companheiro de 80 anos, sendo certo que encaminhou centenas de jovens para a prática da divina música.
No fecho exuberante da monografia surge a figura imponente do Cel. Pedro Dias de Campos, grande Comandante Geral da Força Pública em 1924, herói de tantas Revoluções. Nascido em Araçoiaba da Serra, antiga Campo Largo de Sorocaba, muito jovem, soldado do 1.º BI (hoje a ROTA), teve o seu batismo de fogo, quando o lendário batalhão defendeu São Paulo, ameaçado pelos rebeldes do sul, na Revolta da Armada em 1893.
Intelectual de nomeada Pedro Dias escreveu dezenas de livros; pertenceu aos Institutos Históricos de São Paulo e diversos Estados da Federação; foi o intérprete da Missão Militar Francesa, traduzindo os regulamentos do exército francês; introduziu a Esgrima e o Escotismo em São Paulo, certamente pioneiros no Brasil e a Cruz Azul e o Colégio da Polícia Militar, cartões de visita da Corporação, são obras suas, inspiração divina que teve em pleno combate no morro do Cambuci.
Há uma ligação muito nobre entre Domício da Silveira e Pedro Dias de Campos, que precisa ser destacada. Vejamos: em 1948 o Governador Adhemar Pereira de Barros soube que o Cel. Pedro Dias, aposentando ou reformado em 1928, estava passando privações, pois, os seus vencimentos continuavam os mesmos após 20 anos de inatividade. Sensibilizado pela situação de seu instrutor de escotismo, (em São Manuel, na adolescência, Adhemar foi aluno do cel.), o Governador chamou-o a Palácio. Abraçaram-se e rememoraram aqueles belos dias do passado. Brotou então, na consciência do grande  Adhemar, a necessidade de ser revogada a Lei desumana, que alienava os inativos do Estado e a Lei foi revogada.
Mas, não parou aí a grandeza de coração de Adhemar, pois o velho cel., guerreiro de tantas lutas foi nomeado Presidente da Federação Paulista de Escotismo, com direito a um carro, motorista e ter um  Oficial Ajudante de Ordem. O então Ten. Domício da Silveira foi o escolhido.
Estão aí meus amigos as pinceladas históricas envolvendo duas pessoas maravilhosas, brilhantes oficiais da Tropa de Piratininga, extraídas da brilhante monografia do Ten. Alex Ribeiro a quem damos os nossos parabéns.
Parabéns também a todos os oficiais e praças da centenária Escola, a mais antiga do Brasil.
Parabéns Cel. Tabajara Camilli.