Boa leitura!

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

JOÃO ANTÔNIO DE OLIVEIRA - O “TENENTE GALINHA”



O famoso e sempre lembrado “Tenente Galinha”– oficial da antiga Força Pública, João Antônio de Oliveira – o temido caçador de bandidos, cujo nome está ligado à história do combate ao crime, tornando-se, no seu tempo e mesmo nos nossos dias, uma figura de legenda.
Varou, o destemido militar, os sertões paulistas de lado a lado e foi buscar, afoitamente, vivo ou morto, o bandoleiro mais temeroso, e o seu renome de intrepidez correu mundo, afugentando os mais valentes e deixando, na volumosa folha de serviços, a gloriosa reputação de haver, qual novo bandeirante, saneado os inabitáveis rincões.
O Tenente Galinha ficou, para sempre popularizado, na crônica policial pelas inomináveis façanhas sem par, que assinalaram uma época, a época que lhe tomou o nome. Chefiou como ninguém, por dilatados anos, o selecionado Pelotão de Capturas, que percorria, ininterruptamente, prestando relevantes serviços a São Paulo.
 Sua equipe era de soldados escolhidos a dedo, e dos quais exigia uma qualidade primordial: não ter medo. Sua fama de homem valente se alastrou de tal forma, que muitos episódios e muitos casos se inventaram e criaram por aí, aureolados de pura lenda, e que, no entanto, passaram à categoria das coisas verídicas.
João Antônio de Oliveira era o tipo do homem forte, alto, cheio de corpo, espadaúdo, claro, olhos castanhos muito brilhantes, pequenos e vivos, a bailarem nervosamente dentro de duas grossas pálpebras pestanudas. Os cabelos muito escassos, alourados, as mãos grossas, maltratadas pelo rude trabalho, através dos sertões. De ordinário se trajava à paisana e dava preferência a um paletó talhado à francesa, de cor azul-marinho quase negro, com um colete longamente aberto, gravata sempre de cores vivas, de laço por fazer, apertando um colarinho baixo, de pontas viradas; e umas calças de casimira clara e umas botinhas amarelas. Completava-lhe o traje habitual, largo chapéu mole, marrom, constantemente descido sobre os olhos quase a chegar-lhe às sobrancelhas. Trazia sempre preso à ilharga esquerda, numa bolsa segura ao largo cinto de couro, finíssimo revólver “Smith & Wesson”, último modelo, de que não se separava nunca.
Emérito conhecedor de armas de fogo, de que se mostrava exímio manejador, tinha pontaria infalível, sendo muito raro perder um tiro. O popularíssimo policial era capaz de derrubar um pássaro a longa distância, façanha de que se tornara autêntico campeão.
A respeito da vida aventurosa do Tenente Galinha, narram-se, por aí, às centenas, façanhas capazes de fazer eriçar os cabelos dos mais afoitos. Era tão grande o prestígio do seu renome, sertão afora, que muitas vezes, os mais temerosos bandidos se dobravam trêmulos, pálidos de susto, jogando-se a seus pés, ao perceberem que se encontraram diante do afamado chefe do Pelotão de Capturas.
Conta-se que, em certa tarde, numa venda levantada à beira da estrada, que ia ter aos Campos Novos, o caçador de bandidos encontrou um tal de Lino Ferro, negralhão, valente como os mais valentes, o qual de uma feita, numa função de roça, a golpes de faca, assassinara dois homens, fugindo em seguida, apesar de ter recebido em pleno peito um tiro de garrucha.
À procura do homicida andava o tenente. Viu-o e, de manso, calmamente aproximou-se dizendo-lhe ao ouvido:
-         Meu amigo, dá-me duas palavras...
-        Mas quem é você, replicou o criminoso, desconfiado, de mão na coronha de sua carabina.
-         Sou o “Alferes Galinha”!
O negralhão, como que atingindo por uma faísca elétrica, caiu ao solo. 
A simples enunciação do nome daquele homem, que cavalgava um rosilho de ínfima qualidade, com o largo chapéu desabado sobre os olhos, a empunhar um clavinote curto, prestes a disparar, aterrara-o!
Pouco depois, voltando a si da dolorosa surpresa, o colosso já se achava entre os soldados da escolta e de mãos amarradas às costas.
Vencido este, o nosso herói já tinha plano para nova façanha, novo entrevero, de que se saia sempre vitorioso, pois estava acostumado a lutar, às vezes sozinho, com dez ou vinte bandidos, no seio da noite, entre o zunir de balas e o tilintar de punais.
Quase todas as noites, quando não estava viajando, costumava procurar a reportagem credenciada junto à Polícia Central, e ali se deliciava em contar, com algum exagero, as peripécias da sua vida. Mantinha ativa correspondência com pessoas do interior, e pela qual obtinha, com frequência, a localização de criminosos foragidos.
Quase sempre, ao concluir suas emocionantes narrativas, caracterizadas por um cunho de saborosos contos policiais, apesar do linguajar desataviado, usando e abusando de termos da gíria e de baixo calão, o homem sem medo costumava rematar com esta frase:
-         Não sou tão mau, como dizem. É preciso ser ”brabo” às vezes.
O tenente era de uma extraordinária dedicação à polícia, dentro da qual se fizera e criara tão derramada popularidade. Assim, quando se instalou o curso de Oficiais da Força Pública, imprescindível para a promoção, ele abdicou desse privilégio, pois achava que era mais importante um ano no sertão, arriscando a vida para o bem da sociedade, em vez de quedar-se nos bancos escolares para ser tenente ou capitão. Prejudicou, com isso sua carreira, mas se realizou, vivendo perigosamente.
A par de ótimos serviços, que muito contribuíram para o sossego das populações do interior, alarmadas com as proezas de terríveis salteadores e facínoras, “João Galinha” era acusado de perversidades e vandalismos, que garantem, praticava por divertimento, apenas para satisfazer aos seus instintos maus. Não se sabe, com segurança, se essas acusações são procedentes ou inventadas pelos seus inimigos.
Era corrente, por exemplo, a versão de que ele não costumava trazer presos os criminosos capturados, mas exclusivamente suas orelhas enfiadas num arame...
 Em todo caso, é inegável que o famoso militar escorrassou do seio da sociedade, onde constituíam grave perigo à sua tranquilidade, numerosos elementos perigosos, que graças à ele foram espiar, nos cárceres os seus crimes.
O Alferes Galinha teve, com o desenrolar de sua própria vida, um final trágico. Morreu na madrugada de 13 de abril de 1913, assassinado em seu leito, enquanto dormia. Só assim poderiam trucidá-lo.
O crime entregue à elucidação do Dr. Mascarenha Neves, da 5ª Delegacia, parecia, a princípio, revestir-se de mistério. A opinião pública empolgou-se vivamente com a tragédia. Mas, dentro de três ou quatro dias estava tudo perfeitamente esclarecido com a confissão e a acareação dos criminosos, que foram o Inspetor de Polícia Israel Coimbra, Benedito Silva, alcunhado de “Manquinho” e Benedita de Oliveira, esposa do tenente.
Foi vítima de sua mulher e de seu melhor amigo, pois Israel Coimbra viera de Barretos, trazido pelo próprio tenente, que conseguiu uma nomeação como Agente de Segurança, no Departamento de Investigações.
O móvel do crime foi um seguro de vida, feito por Galinha, beneficiando Benedita de Oliveira e o filho Pretextato. Seria o “crime perfeito”, a trama não podia falhar, pois armaram a tragédia e a consumaram, dando a impressão de que o tenente fora vítima de ladrões ou de inimigos que, por certo, ele os tinha e muitos.
Assim, passados tantos anos de tão trágico drama, relembramos o nome do Tenente Galinha, cuja vida decorreu entre peripécias de verdadeira novela policial. Ele emerge soberano, fazendo vibrar nossos corações, pois, seus atos de bravura se entrelaçam com estórias fantásticas. É o herói, o famoso lutador João Antônio de Oliveira, imortalizado nas ruas da metrópole (há uma rua em sua homenagem, travessa da Rua da Mooca, na altura da Imprensa Oficial do Estado), e na alma popular paulista. Ele arriscou sua vida, defendendo a ordem, a lei, as conquistas do progresso, em andanças maravilhosas pelos sertões, na mais perigosa das caçadas, a de bandidos terríveis, à frente do Pelotão de Capturas do 5º. Batalhão da Milícia Paulista. É o paradigma dos bravos e dos desprendidos, o símbolo do servidor do Estado e da Pátria, o exemplo para atual e vindouras gerações da extremada Polícia Militar de São Paulo.


Nota: Sobre o apelido “Galinha”, contou-me um antigo comandante o seguinte: natural de Capivari, na juventude, cometia junto com colegas furtos de aves e passavam as madrugadas (principalmente em velórios), degustando as penosas. Aos vinte anos alistou-se na Força Pública, alcançando, por estudos, a promoção a Alferes, posto correspondente ao 2º. tenente, sendo mandado para comandar o destacamento de sua cidade natal.
Seus amigos, aqueles jovens das galinhadas, já homens feitos, cometiam estripulias pela cidade, infrações, pequenos delitos e o Alferes João Antônio de Oliveira não tinha contemplação, prendia-os e os recolhia ao xadrez.
 Os presos reclamavam, chamando o amigo Alferes para soltá-los, alegando a antiga amizade, mas o tenente não atendia, em função da sua responsabilidade, era um defensor da lei.
As cenas se repetiam constantemente e as lamentações  também, principalmente em fins de semana:
- João, lembra daquelas madrugadas, das galinhadas? Você é nosso amigo... tire-nos daqui...
O Alferes continuava intransigente. Enfurecidos pela indiferença do ex amigo, começaram a chamá-lo de João Galinha, Alferes Galinha, Tenente Galinha, e o apelido pegou.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Cabo Luiz da Gama


Luiz Gonzada Pinto da Gama foi de cabo de esquadra graduado, do Corpo Policial Permanente, ao brilhante advogado da libertação negra no Brasil.
Sua vida foi uma lição de amor, encerrando uma sublimidade inconfundível. Ei-la:
Nasceu Luiz Gama a 21 de junho de 1830, na rua do Bangala em Salvador da Bahia, filho natural de amores não legalizados. Sua mãe era uma negra Mina e o pai, branco, pertencia a uma rica família muito considerada na primeira capital do Brasil.
Viveu o pequeno seus primeiros anos num casebre, com sua mãe, a quem ajudava nos arranjos caseiros, acompanhando-a na venda dos quitutes pelas ruas da capital baiana.
O pai, que vinha de noite à casa da mãe, contava das caçadas e pescarias que fazia, das cavalgadas ruidosas e divertimentos de armas com seus amigos fidalgos e isso tudo empolgava o filho, que via nele o herói de tantas aventuras, inclusive da luta nativista da Sabinada.
Com dez anos, veio a morar no Rio de Janeiro, ocasião em que o pai, estroina, viciado no jogo, vendeu o filho como escravo.
Teve muitos donos e conheceu muitas senzalas, sofrendo em suas carnes o chicote do feitor. 
De mão em mão chegou em São Paulo, já com 17 anos, servindo ao Alferes Cardoso, onde aprendeu a ler, a escrever e contar, graças a Antonio Rodrigues do Prado Jr., a esse tempo estudante da faculdade de Direito. Com esses conhecimentos assentou praça Corpo Policial Permanente, pois como soldado não poderia ser incomodado pelo seu dono. 
Serviu à milicia durante 6 anos, sendo ordenança do Conselheiro Furtado de Mendonça, de quem se tornou grande amigo.
Esse convívio foi sua grande universidade, pois no gabinete, entre as suas refeições e a noite, ele compulsava os clássicos, os mestres do Direito e do pensamento humano.
Estudando com afinco ele não esquecia a sorte dos negros, de seus desventurados irmãos escravos.
Certa vez, ao repelir a insolência de um oficial que o maltratou, porque ousara defender um escravo que apanhava, foi preso por trinta dias, aproveitando esse tempo, na cela, para leituras e estudos.
Devorou livros pelo anseio de saber, passando a trabalhar no mesmo gabinete de Furtado de Mendonça, e nessa oportunidade sentiu a inclinação para a ciência do Direito.
Em 1856 foi nomeado Amanuense da Secretaria da Polícia até 1868, época em que perseguido, foi demitido "a bem do serviço público" , simplesmente pelo fato de ser um liberal exaltado, de promover, pelos meios judiciários, a liberdade de negros cativos e de conseguir alforrias, na medida de suas posses.
Dedicou-se ao jornalismo, escrevendo para os jornais, em prosa e verso, chegando a redator do "Radical Paulistano". Foi também orador dos mais brilhantes. São de sua autoria as "Trovas Burlescas", "Getulino" e "A Bodarrada".
Na imprensa tinha o pseudônimo de "Afro", representando a grita do pensamento jovem contra os escravagistas, tornado-o grande advogado dos escravos e o terror dos senhores.
Estes puseram sua cabeça a prêmio, sendo constantemente processado, atocaiado e ameaçado de morte.
Na Convenção de Itu, em 1873, levantou a questão da completa liberdade dos escravos no Brasil. Essa liberdade se deu em 1888, fruto da semeadura de Luiz Gama, entretanto ele não a assistiu, pois morreu em 1882.
Seus funerais foram uma apoteose. Velhos, moços, mulheres, crianças, brancos e pretos, numa procissão interminável levaram seu esquife  até o cemitério da Consolação.
Lindo o seu destino, pois foi escravo que se libertou das algemas da ignorância, para poder lutar pela liberdade de seus irmãos negros.
Um de seus filhos ingressou no Corpo de Bombeiro, galgando o oficialato. Foi o capitão Pinto da Gama que serviu à Corporação até os primeiros anos do século XX.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

CORONEL PEDRO ÁRBUES RODRIGUES XAVIER


       O 1º Tenente Eliziário Chaves, chefe do Setor de Comunicação Social do 6 BPM/I-Santos, a Pátria de Bráz Cubas, que os índios do Planalto à chamavam de Paranapiacaba (A terra de onde se vê o mar), cultor da História, perguntou-me sobre o Coronel Pedro Árbues Rodrigues Xavier, patrono da heróica Unidade da Baixada Santista, que se imolou na Revolução de 1930, em Cananeia, na defesa dos ideais das Gentes Bandeirantes.
     Meu Caro Tenente Eliziário, do livro ''Asas e Glórias de São Paulo'' (Autoria dos Ceis. José Canavó Filho e Edilberto de Oliveira Mello), extraímos do capítulo (A Revolução de 1930), o artigo sobre a figura do nosso herói mártir, Coronel Pedro Árbues Rodrigues Xavier.         
       Pedro Árbues Rodrigues Xavier é a síntese do heroísmo de um soldado. Proferiu aquele juramento sagrado e o cumpriu integralmente, pois defendeu a Lei com o sacrifício da própria vida.
   Já reformado, com sessenta e um anos de idade, o coronel Árbues apresentou-se ao Comando da Força, voluntariamente, em outubro de 1930, para o serviço de guerra, quando as forças do Sul pretendiam invadir São Paulo, demandar o Rio de Janeiro e depor o grande Presidente Washington Luís.
  O Quartel General era toda vibração patriótica e suas dependências se apinhavam de oficiais e praças inativos, possuídos de grande entusiasmo e orgulhosos de poderem prestar mais um serviço à gloriosa Milícia Paulista.
  Muitos envergavam ainda uniformes fora de moda mas todos se mostravam garbosos e varonis, trazendo no peito o mesmo ardor combativo dos tempos passados, nas lutas por São Paulo e pelo Brasil. Empertigavam-se ao cruzarem os portões do Quartel, lembrando as glórias da tropa bandeirante, pressurosos em voltarem ao teatro das contendas.
    Pedro Árbues, o primeiro deles, apesar da idade, ainda conservava aquele mesmo porte espartano do tempo da mocidade, quando se alistara no primeiro Corpo da então Brigada Policial, em fins do século 19.
      Sua fé de ofício era das mais brilhantes, pois em todos os postos e hierarquia prestara inestimáveis serviços, tanto nas funções policiais, como em ações militares. Em 1912 comissionado pelo Governo do Estado, foi estagiar em países da Europa, percorrendo a Itália, França e Alemanha, onde aprimorou seus conhecimentos.
      Depois de exercer o comando de várias Unidades da Força, pede a reforma, em 1917, no mesmo primeiro Batalhão, onde há 3 décadas havia ingressado para a luminosa carreira. Não podia pensar que treze anos após voltaria à caserna, atendendo a um imperativo da alma, pondo a serviço da Pátria sua experiência e desassombro.
    Esse velho soldado iria por um ponto final em sua vida com um ato viril, estóico e heróico.
     Apresentando-se pois, para mais esse serviço à Nação, recebe a missão de barrar o avanço do inimigo que, transpondo o limite com o Paraná, ameaçava as cidades de Iguape e Cananeia, do nosso litoral Sul.
         Recebe poucos homens para esta missão tão grande e paupérrimo material bélico lhe é fornecido. Porém, para um soldado de São Paulo isso não era empecilho para o cumprimento de um dever.
         Segue para o local e escolhe o morro de Itapetingui, perto de Cananeia para esperar o inimigo, pois este não tardaria a chegar.
        A 23 de outubro, uma tropa aguerrida, bem armada e numerosa cerca os bravos soldados que lutam, desesperadamente, mas não resiste ao adversário, que é mais forte e bem treinado.
Prestes ao assalto inimigo, Pedro Árbues, sente-se sozinho, pois vê acabar a munição e, um a um, seus comandados sucumbirem.
- RENDA-SE PAULISTA, GRITA A TROPA GAÚCHA.
- UM VELHO SOLDADO DA FORÇA PÚBLICA MORRE. NÃO SE ENTREGA - responde.
       Gasto o último cartucho de seu revólver, transforma-o em projétil que lança sobre o invasor. Uma saraivada de balas põe termo a essa resistência heróica, ceifando a vida de um bravo que, tombando, manteve de pé e bem alta a honra do soldado paulista.
   O próprio inimigo mostrou-se emocionado, maravilhado com tanta bravura e, reconhecendo esse valor militar imenso, dá-lhe sepultamento e lhe presta as honras de estilo.
        Em 1934 uma Comissão de Oficiais vai a Itapetingui e traz para São Paulo seus despojos que, depois de reverenciados pelas mais altas autoridades civis e militares e pelo povo paulista, estão hoje inumados no Cemitério São Paulo, ao lado de outros bravos da milícia de Piratininga.
        A 25 de agosto de 1938, o coronel Mário Xavier, do Exército, Comandante Geral da Força, ao inaugurar, no Salão Nobre do Quartel General, o retrato do coronel Pedro Árbues Rodrigues Xavier, assim se expressa:
             ''Inaugura-se nesta galeria o retrato de um bravo militar. Nenhum outro dia, senão o de hoje, consagrado ao soldado brasileiro, seria melhor para comemorar a vida nobre e o feito histórico de Pedro Árbues, Coronel da Força Pública do Estado de São Paulo, tombado no campo da honra no estrito cumprimento do dever".

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

ELEIÇÕES NA ASSOCIAÇÃO DOS OFICIAIS MILITARES DE SÃO PAULO


Farei minha candidatura na chapa 2 - "Transparência", como Vice Presidente da Diretoria. 

Conto com a presença e os votos dos associados, no dia 06 de dezembro, à Rua Tabatinguera, 278 - Centro.

A sorte está lançada (Alea Jacta Est).

domingo, 25 de novembro de 2012

120 anos - Dois de Ouro - 2º BPM/M "Cel. Herculano de Carvalho e Silva"

Dia 09 de novembro p.p, aconteceu na Academia de Polícia Militar do Barro Branco, a solenidade de formatura de 89 tenentes do curso superior de Tecnólogo de Administração Policial Militar, presidida pelo Cel. PM Roberval Ferreira França, digno Comandante Geral da Corporação. Estavam presentes o Cel. Luis Eduardo Pesce de Arruda, diretor de Ensino e Cultura, o Major Olímpio Gomes, nosso deputado da Assembleia Legislativa, o desembargador Lazarini, os juízes de nosso Tribunal Militar, Ceis. Avivaldi e Santinon, o Cel. Ventura, presidente do MMDC, o Comandante da Academia, Cel. PM José Maurício Weisshaupt Peres, vários oficias superiores e demais oficiais e praças da PM, além dos familiares dos novos tenentes.
Tive a honra de ser o paraninfo da turma "120 anos - 2 de Ouro - 2º BPM/M - Cel. Herculano de Carvalho e Silva". Na minha oratória, homenageando os dignos formandos, congratulei-me com eles pela feliz escolha de batismo da Turma. Falei também de minha emoção por recordar que há 68 anos eu recebia a Espada de Aspirante, naquele pátio sagrado da antiga e querida Força Pública de São Paulo. Senti naquele momento que uma "ilusão gemia em cada canto e chorava em cada canto uma saudade"

Por quê 120 anos?
Com o advento da República, São Paulo crescia a passos largos, movimentado pelo General Café. Era urgente uma reforma, uma atualização do Corpo Policial Permanente. Em 1891, a denominação passou a ser "Força Pública Estadual", com quatro Corpos Militares de Polícia. Os dois primeiros foram os atuais 1º BPM/M Tobias de Aguiar, a ROTA e o 2º BPM/M Cel. Herculano de Carvalho e Silva, instalados na Avenida Tiradentes, a 1º de dezembro de 1892, portanto há 120 anos. O Quartel do Corpo Policial Permanente foi o primeiro andar da Ordem dos Carmelitas, hoje o prédio da Secretaria da Fazenda Estadual.

Por quê Dois de Ouro?
Em 1893, a nossa Marinha de Guerra sublevou-se contra o Presidente da República Floriano Peixoto. Era a Revolta da Armada, chefiada pelos Almirantes Custódio José de Melo e Saldanha da Gama, que desejavam derrubar a jovem república e repor o governo do Brasil onde estava a 15 de novembro de 1889, emprestando então, a esse movimento revolucionário, um cunho monarquista, a volta de Pedro II.
Ao mesmo tempo, Gumercindo Saraiva arregimentou forças gaúchas - Revolução Federalista - empreendendo a marcha ao Rio de Janeiro para juntar-se à Marinha, na ilusão de uma vitória.
Suas tropas estacionaram no Paraná sendo derrotadas pelos batalhões da legalidade, entre eles, o nosso 2º Batalhão de Infantaria, que libertou Paranaguá e Curitiba em poder dos Federalistas. Nessa ocasião foi apelidado pela imprensa local de Dois de Ouro, desfilando pelas ruas atapetadas de flores da capital paranaense.

Por quê Herculano de Carvalho e Silva?
Ele é um dos ícones da história militar paulista, guerreiro e lutador nas Revoluções de 1922 (Os 18 do Forte de Copacabana), em 1924 (Revolução de Isidoro Dias Lopes e Miguel Costa), na perseguição em 1926 da Coluna comandada pelo Gen. Miguel Costa e, em 1930 defendendo a legalidade contra Getúlio Vargas.
Em 1932, o Cel. Herculano comandava o 2º Batalhão de Caçadores, o Dois de Ouro, seguindo para a frente de combate, enfrentando a Força Pública de Minas Gerais, em duros e  cruentos combates, na região do Túnel da Serra da Mantiqueira. Com a morte de Júlio Marcondes Salgado, a 23 de julho foi ele nomeado Comandante Geral da Força Pública. O fronte agora, não era somente a batalha do Túnel, era quase todo o Brasil contra São Paulo, esse Brasil que não entendeu o patriotismo dos paulistas, não entendeu que um país não pode ter um ditador que rasgou a Constituição brasileira, a nossa carta magna. Infelizmente São Paulo foi derrotado.
O Marechal Foch, comandante supremo dos exércitos aliados, contra a Alemanha, em 1918, comandando 1 milhão de homens, depois da vitória expressou o seguinte: "O Presidente Wilson dos EUA proclamou: Nós ganhamos a Guerra! O 1º Ministro da Inglaterra, Lorde George reclamou vitória para sua pátria e Clemenceau, ministro da França, falou mais alto, elegendo os gauleses como vitoriosos. Esquecido na sua modéstia, o grande marechal confidenciou: "Se perdêssemos a guerra todos eles procurariam um traidor, um Judas e esse traidor, esse Judas seria eu".
O mesmo aconteceu com o Cel. Herculano de Carvalho e Silva. Ele escreveu: Se São Paulo vencesse a sublime revolução constitucionalista, de 1932, os vitoriosos seriam: Pedro de Toledo, Gen. Isidoro Dias Lopes, Gen. Bertholdo Klinger ou o Gen. Euclides Figueireido! Como perdemos, procurou-se um traidor, procurou-se um Judas e esse traidor, esse Judas fui eu!
No fim de meu discurso, tornei a agradecer aos jovens tenentes a honra de ser paraninfo. Lembrei-lhes da gravidade do momento, a gloriosa corporação enfrentando uma guerrilha de bandidos, com o sangue derramado de dezenas de nossos heróis. Lembrei-lhes também que eles, além de suas funções administrativas, certamente seriam convocados nessa dura refrega e por fim, sugeri ao Cel. Roberval, o nosso comandante, que se for preciso convoque os veteranos da gloriosa PM para a luta.


terça-feira, 13 de novembro de 2012

CORONEL UBIRATAN GUIMARÃES


Estamos na expectativa do 2.º julgamento do nosso grande amigo Cel. Ubiratan Guimarães, culpado pela morte de 111 detentos do antigo presídio do Carandiru, marcado para fins de setembro de 2005. No 1.º julgamento ele foi condenado a 636 anos de prisão.
Como todos sabemos, ele foi o Comandante da Tropa que adentrou o Pavilhão n°. 9 da Casa de Detenção, naquele fatídico dia da rebelião, quando quadrilhas de detentos se degladiavam, ameaçando a fuga em massa.
Na luta interna, entre eles, bandos rivais se defrontavam e se matavam.
Que fazer? As consultas foram feitas aos escalões superiores. Ubiratan tinha que resolver, ele, e a tropa aguerrida.
Os amotinados portavam armas brancas, armas de fogo, ameaçando também com sangue contaminado! Aconteceu o entrevero, dezenas de feridos entre os PM e cento e onze presos mortos!
Pesam sobre três PMs do Brasil – São Paulo, Rio de Janeiro e Pará, as tragédias de Carandiru, Candelária e Carajás. São as 3 letras C fatídicas. Sentimos muito esses fatos, pensando que apenas  o Supremo Criador, que nos deu a vida, somente ELE pode nos tirar, mas...
Em setembro, quando for realizado o 2.º julgamento, não é só o Cel. Ubiratan o único réu. Os homens dos direitos humanos querem julgar toda a nossa querida PM, mas as Entidades de Classe estão atentas, para contraporem-se à mídia que o ex-deputado Hélio Bicudo está preparando. Vamos conversar com jornalistas, vamos convocar todas as famílias enlutadas, que tiveram, seus entes queridos, mortos por bandidos, que infestam a nossa sociedade. Vamos levar centenas de paraplégicos, vítimas de facínoras, desfilando em suas cadeiras de rodas, mostrando ao povo o que restou de uma vida, povoada de sonhos!
Vamos lutar para que o Cel. Ubiratan e a nossa Corporação sejam absolvidos. Vamos tentar convencer os jurados que devem decidir: “Ou estamos com as leis ou com os bandidos”.

 Nota: Chegou o segundo julgamento em setembro e Ubiratan foi absolvido; vibramos e comemoramos a vitória, mas, aconteceu uma tragédia, que enlutou todos nós, porque, numa disputa de um triângulo amoroso, por ciúmes, ele foi assassinado em fins de 2006.


 Obs: Este artigo foi copiado do livro “Clarinadas da Tabatinguera” editado em 2007.
No dia 7 de novembro do corrente ano Carla Cepollina, julgada como a assassina do Cel. Ubiratan Guimarães, foi absolvida.
Ao que parece a Promotoria Pública vai apelar da  sentença. Vamos esperar!. Confiamos no próximo julgamento.


                                                                 

domingo, 28 de outubro de 2012

Chulipa



           No jornal, “Clarinadas da Tabatinguera", de fevereiro de 2002, escrevi sobre Mário Neves, grande amigo, que já transpôs o Portal da Eternidade e habita a casa do Pai. Morreu nos pagos de Brás Cubas e bendita seja a terra de Santos que acolheu  o seu corpo.
           Mário Neves e eu éramos então soldados da Força Pública, no velho quartel do CIM (Centro de Instrução Militar), nos idos de 1939, quando estudávamos para a realização de um sonho, sermos aprovados, como cadetes, na Escola de Oficiais (hoje Academia do Barro Branco) e alcançarmos o oficialato da gloriosa Corporação.
           Naquela época o dinheiro era curto. Uma pensão de fundo de quintal nos vendia uma marmita, com um pouco de arroz, um pouco de feijão, um ovo e um bife tridimensional (três centímetros).
           Todos os dias, quando a marmita chegava, também chegava uma cachorrinha vira-lata, linda, branca com alguns espaços pretos, saudando-nos com o abano de sua cauda. A saudação era mais para o tridimensional bife do que para Mário e eu. Apelidamos a cadelinha de Chulipa. Dividíamos então o bife, o arroz e o feijão para 3 bocas famintas. O ovo, Chulipa repelia para a alegria nossa.
           Lendo o nosso jornal, Benê, nossa associada, viúva do saudoso Cel. Waldemar Alves de Almeida, ficou encantada, telefonando-me, com a voz embargada pela emoção, certamente relembrando uma época feliz de sua vida.
           Casal feliz -Waldemar e Benê- ela linda como uma estrela de Hollywood e ele, guapo rapaz, meu colega no aspirantado de 1944.
           No ano seguinte, Waldemar e Benê se casaram e viveram a realidade de seus sonhos, durante longos e felizes anos, mas a vida é algumas vezes triste, Waldemar também partiu, e é certo que habita a casa do Senhor.
           A notícia que Benê me deu, quando me telefonou, foi que a linda Chulipa, separada de nós em 1940, apegou-se a eles. Em fins de semana, Waldemar, enamorado, vinha ao encontro de seu grande e único amor, Chulipa vigiava e aprovava o lindo romance. Na foto que ilustra esta crônica, Waldemar e Benê, acompanhados da linda cadelinha branca com manchas pretas.
       Chulipa morreu, velhinha, nos braços de Waldemar, que com lágrimas nos olhos, a enterrou dignamente em seu quintal.
         Assim me contou Benê... os dias, os meses, os anos se passaram. Benê envelheceu, adoeceu e partiu... um sonhador,  romântico e ficcionista, olhando para o céu, certamente verá, entre as estrelas, quatro sombras, a menor delas abanando a cauda.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Revolução Constitucionalista - 80 anos

Com a morte trágica do Coronel Júlio Marcondes Salgado, a 23 de julho de 1932, a Força Pública teve novo Comandante Geral, o Coronel Herculano de Carvalho e Silva, que até àquela data comandava o 2.º Batalhão, em duros combates, no Túnel da Mantiqueira, divisa com o Estado de Minas Gerais. 
Décadas após à epopeia bandeirante, fieis admiradores do grande comandante conseguiram a provação do comandante geral, como resgate de uma injustiça batizar o Batalhão que comandou de 2.º BPM/M CORONEL HERCULANO DE CARVALHO E SILVA.

Do Livro “Clarinadas da Tabatinguera”, extraímos o seguinte:


CORONEL HERCULANO DE CARVALHO E SILVA

Em fins de setembro de 1932, quando a derrota das armas constitucionalistas era iminente, o Cel. Herculano de Carvalho e Silva, Comandante Geral da Força Pública, sentindo a luta desigual, cruel e fratricida, reuniu-se em Campinas, acompanhado da alta oficialidade e com o Cel. Alexandrino Gaia, do Exército, e dessa reunião foi lavrada a seguinte Ata: “Aos vinte e sete dias do mês de setembro de mil novecentos e trinta e dois, às nove e meia horas, numa das salas do Posto de Comando do Destacamento, em Campinas, situada em prédio do ex Campinas Hotel, convocado pelo Cel. Herculano de Carvalho e Silva, compareceram os seguintes oficiais: Céis. Herculano de Carvalho, Eduardo Lejeune e Alexandre Gama, Ten. Céis. Alexandrino Gaia, Francisco Julio César Alfieri, Patrício Batista da Luz, Luiz de Faria e Souza, Virgílio Ribeiro dos Santos, Romão Gomes e Mário Rangel e Maj. José da Silva.

O Cel. Herculano de Carvalho e Silva, fazendo o uso da palavra, apresentou o Ten. Cel. Alexandrino Gaia, distinto e valoroso oficial do Exército Brasileiro, comandante de um dos setores do Vale do Paraíba, para expor a situação militar daquela frente e a sua projeção sobre os demais setores da luta. O referido oficial demonstrou a evidência que vários fatores, de ordem moral e material, tornavam insustentável a manutenção das posições e a continuação da guerra no Vale do Paraíba, sendo inevitável o recuo progressivo dos elementos que ali combatem desde o início das hostilidades. Assim pensaram todos os oficiais que com ele cooperam, do Exército e da Força Pública, unânimes em reconhecer o sacrifício imenso a que seriam expostos os habitantes das cidades e vilas sujeitas aos horrores da luta. A continuação da resistência corresponderia à destruição completa da próspera e rica região ocupada pelas tropas. A única solução que via para esse complexo problema era a proposta de um armistício para a cessação da luta.

E, no momento, dada ainda a situação da relativa consistência dos nossos elementos, poderíamos negociar um acordo em que ficassem ressalvados dois pontos importantíssimos para o bom nome e prestígio dos que se achavam à testa do movimento: a dignidade militar e a garantia dos interesses múltiplos de ordem militar  política e econômica do Estado e da nação. O Cel. Herculano passou a ler, a seguir, as cartas de apoio a essa iniciativa que acabava de receber dos seguintes comandantes de tropa da Força Pública, que operavam naquela região: Ten. Céis. Octavianos Gonçalves de Silveira, Theóphilo Ramos e Antônio Inojosa, e Maj. Benedicto Ferreira de Souza. Assim inteirados da exata situação daquele setor, fizeram uso da palavra diversos comandantes, acordando todos, sem uma única exceção, que o que se passava no Vale do Paraíba não era um fenômeno local e sim geral, pois nos demais setores a contingência era a mesma, resolvendo que diante da impossibilidade da vitória pelas armas, era um dever de patriotismo cessar imediatamente a luta para evitar novos e pesados sacrifícios ao Estado e ao País, deliberando:

1º.)  Ficava o Cel. Herculano de Carvalho e Silva, apoiado pelas forças do Exército e da Força Pública, indicado para entrar em um entendimento imediato com as autoridades militares e civis, estaduais e federais, para a suspensão da luta;
2º.)  No caso de encontrar resistência por parte de qualquer desses elementos, ficava igualmente autorizado a agir como supremo representantes das forças em armas, concertando com o adversário o acordo almejado;
3º.)  Que fossem cientificados dessa deliberação os camaradas do setor sul;
4º.) Que as providências necessárias para o início das negociações tivessem execução imediata. Para constar, foi lavrada a presente ata, que, depois de lida e achada conforme, vai por todos assinada, ficando o original em poder do Cel. Herculano de Carvalho e Silva e uma cópia devidamente autenticada, no arquivo do comando do destacamento.

Com esse gesto, o Cel. Herculano carreou para o seu nome a pecha de traidor e muita literatura houve, responsabilizando a Força Publica e seu chefe pela derrota de São Paulo. 
          

Em seu volumoso livro: “A Revolução Constitucionalista”, ele começa assim:

Nunca imaginávamos viéssemos a publicar um livro e, muito menos versar a matéria tão delicada que nos traz recordações tão dolorosas. Quando, no início da campanha constitucionalista, indiferentes a sorte que nos aguardava, recebemos ordens de seguir e partimos a frente de nossa tropa; e, mais tarde, já assoberbados pela luta, deixamos aquele Túnel impiedoso e voraz, para assumir o comando da Força Pública de São Paulo e daqui rumamos para Campinas – nunca nos passou pela ideia nos víssemos, com o correr do tempo, na contingência de vir a público, para defender-nos de um crime que não praticamos.

Já não bastavam ao mísero soldado os horrores da guerra, com todo o seu cortejo de privações e de misérias; de riscos e ciladas; no desconforto das trincheiras; as saudades do lar distante; da efígie adorada de um filho, da esposa estremecida. E, com uma guerra se decidir-se por si mesma, com a vitória do mais bem aprestado em armas e munições, culpe-se alguém do desastrado desfecho. Invente-se um traidor. Procure-se um Judas.

Quando, já na boca do povo o revoltante epíteto, tentamos restabelecer a verdade dos fatos com “As razões de minha atitude”, pessoas, que nunca supusemos capazes de semelhante vilania, asseguravam que deturpamos os acontecimentos, exageramos as ocorrências, fantasiamos impossíveis, tudo com o fito de provocar a confusão e encobrir a verdade.

Assim – propalavam – deslavada mentira foi o que dissemos a propósito de armamento e munição; apócrifa a assinatura do Ten. Cel. Romão Gomes na ata lavrada em Campinas; calúnia assegurarmos que esse mesmo oficial propugnara pela imediata cessação da luta; em suma, impossível São Paulo confessar-se vencido, a não ser por traição. E traição houve – concluíram – porque o próprio General Comandante das Tropas Constitucionalistas tornara público que São Paulo ia render-se.

Restava descobrir o traidor. Era necessário, era inelutável que alguém, mau grado seu, assumisse inteira responsabilidade do desastre militar, e pagasse, ele só, o mal que os outros praticaram. Numa palavra: fazia-se mister um Judas.

A hedionda figura de Calabar não se prestava para o símile, porque a sua traição consultara o prêmio de três galões: a de Joaquim Silvério dos Reis também não vinha ao caso, porque consistira em delatar conspiradores e só visava a honrarias. Perfeita era a de Judas: por 30 dinheiros traíra o seu Benfeitor. O Judas da causa de São Paulo satisfizera-se com pouco; outros, que com onze mil contos...

O primeiro apontado como traidor foi o Gen. Klinger, por deliberadamente ter tomado a iniciativa do armistício. Todavia, como nos coube consumá-lo, da sua cabeça foram desviados os apodos, as injúrias, os baldões, e fomos apontados, ao comentário público, como o traidor. Em pouco, propalou-se a nova, a sensacional nova de que fora estigmatizado o verdadeiro traidor da sacrossanta causa. E o povo – miseravelmente iludido durante quase três meses; o povo que mais se sacrificara na campanha constitucionalista e mais se apaixonara pela causa; o povo, obcecado pela ideia de traição, esposou-a. E passou um julgado que fôramos, de fato, traidor.

A tamanha calúnia, a insinuação malévola e propositada, serenamente respondemos com nosso “Manifesto”, em que fizemos timbre em não “acusar a quem quer que seja”. Não nos deram crédito e imputaram-nos falsos os poucos documentos que nele apareceram.

Venham outros, pois, os documentos originais para substituir as cópias; os “fac-similes” mais convincentes; aduzam-se outras provas para restabelecer a verdade dos fatos, adulterada, não por nós, mas por aqueles a quem era prejudicial; confundam-se os embusteiros, que nada fizeram pela campanha, indiferentes à sorte das armas, e que agora só imaginam como castigar o traidor; apontem-se à opinião pública os nomes daqueles que, useiros e vezeiros em torcê-la a seu talante, açularam o ódio popular contra a Força Pública de São Paulo.

Defendemo-nos, defendendo-a. Estamos nessa obrigação, assiste-nos esse direito. Já que ninguém se levantou por nós, dentre os que, de perto, aqui conosco, dia por dia, seguiam a marcha dos acontecimentos, levantemos nós mesmos. Façamos a nossa própria defesa. Revidemos o insulto que nos atiraram.
E, quando a História, amanhã, reviver essa magnífica epopéia bandeirante, este mesmo povo há de convir que nunca, nunca desde quando criada, mais esteve a Força Pública ao seu lado do que nesta ocasião.
São Paulo, novembro de 1932.
Cel. Herculano C. e Silva.

Revendo a revista MILITIA, editada em 1949, deparamos com um artigo do saudoso Cel. Luis Tenório de Brito, sendo oportuno reproduzirmos uma parte:

Quando, a 3 de outubro, cheguei a São Paulo, a cidade como que despertava de importuno pesadelo. Mantida a população durante três meses sob atmosfera artificial, que a imprensa e rádio alimentavam e as circunstâncias justificavam, o desfecho negativo da Revolução trouxe-a bruscamente à realidade. E há então o que invariavelmente ocorre em tais ocasiões: a procura de um responsável. Com as faculdades de exame e de raciocínio paralisadas, as causas remotas e determinantes do fracasso ficam no olvido, relegadas à posteridade que as estudará devidamente, distribuindo responsabilidades que o presente não pode fazer. Mas, aí será tarde demais para a curiosidade do momento. É da história. 

Coube, entre nós, ao Cel. Herculano de Carvalho e Silva, comandante geral da Força Pública o ingrato designo, como alhures tem acontecido em circunstâncias idênticas a conspícuas personalidades, ser apontado como o causador da derrota.
O futuro, porém, na “voz da história” absolverá esse valoroso chefe das injustas imprecações que lhe atirou desordenada paixão...

Está aí, caro leitor, lançada a ideia do ressarcimento do bravo Comandante Herculano Carvalho e Silva, o legalista de 22, 24 e 30, o herói da memorável Batalha do Túnel, na Mantiqueira, em julho de 1932. Comandou os bravos entre os bravos, auxiliado pelos destemidos Octaviano Gonçalves da Silveira, João Máximo de Carvalho, Benedito Ferreira de Souza, Agostino de Moura Uchoa (morto em combate) e outros brilhantes oficiais do legendário 2º. Batalhão de Caçadores, o “Dois de Ouro”, como era conhecido desde as duras campanhas de 1893-94, no Paraná, sustentadas contra os federalistas de Gumercindo Saraiva.

Achamos que os ânimos já serenaram e a História verdadeira haverá de ser feita em torno de um injustiçado, e para essa nobre finalidade convidamos os homens de bem de São Paulo e do Brasil.

Estivemos no dia 1.º de outubro pp na Assembleia Legislativa, quando o Exmo Sr. Deputado Federal Marco Maia, Presidente da Câmara de Deputados Federais, em Brasília, recebeu a medalha comemorativa da Revolução Constitucionalista de 1932. A gratidão da nossa Assembléia Legislativa foi o fato dele presidir o Espaço Cultural da Câmara Federal, fazendo expor e prestigiando a amostra de relíquias relativas à epopeia paulista. Em seu discurso de agradecimento relembrou o quanto a Democracia Brasileira foi ofendida, no período getulista que, em 1930 e em 1937 fechou o Congresso Nacional, as Assembleias Legislativas dos Estados e a Câmara de Vereadores dos Municípios.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Praça "Cel. Delfim Cerqueira Neves"

Com muito orgulho e alegria transcrevo a carta recebida de meu amigo Capitão Veterano Renato Lopes:


                                                             

domingo, 16 de setembro de 2012

Dois amigos - Duas estórias


Nosso amigo, o Ten. Bergamin é um curioso da História da nossa Corporação.

Vasculhando nossas bibliotecas, encontrou  um exemplar da coleção MILÍTIA, editado em 1950, do qual extraiu o artigo que  transcrevemos em nosso jornal  "Clarinadas da Tabatinguera”.



          O Filho da Marabá

      Pertenceu, outrora, ao Regimento de Cavalaria, uma linda égua alazã, que se distinguia pela pureza do sangue e pela harmonia de suas linhas. No gênero era um animal de linhas perfeitas. “Marabá” era o seu nome.
          Incluída no efetivo do Regimento, foi destinada, de início, à seção de hipismo. Dada sua origem e seus predicados, seria, forçosamente, excelente animal de salto. E o era de fato. Tinha facilidade em transpor os mais difíceis obstáculos. Mas, não era animal de concurso. Geralmente, quando chamada a pôr à prova suas habilidade, falhava. E não houve cavaleiro do Regimento, por mais capaz, inclusive o próprio Comandante, que conseguisse, perante público numeroso ou não, concluir um percurso de obstáculos montado no caprichoso animal.
           À vista disso, foi destinada à reprodução. Não queria, porém, o Comandante, cruzá-la com qualquer reprodutor. Achava, que o cruzamento da nossa “heroína” com um cavalo de escól, daria um produto bom. Poderia esse reunir boas qualidades dos dois, sem os caprichos da mãe. Entrou em ligação aqui e ali e, finalmente, o Chefe do Serviço de Indústria Animal do Estado informou-lhe haver descoberto o que lhe convinha; encontrava-se ali um puro sangue que estava a calhar. O Comandante exultou. Para não perder a oportunidade enviou àquele Serviço, juntamente com a nossa Marabá, mais seis éguas anônimas.
          Passados 15 dias retornaram os animais e, enquanto as suas companheiras foram soltas no pasto, sem mais formalidades, para “Marabá”, começou uma vida a parte. Foi-lhe destinado um alojamento amplo e arejado, cuja cama era trocada duas vezes por dia. Teve alimentação especial. Deram-lhe tratador próprio que, diariamente, levava-a para um passeio higiênico. Às  vezes era solta num pequeno pasto só dela. Tudo sob as vistas do chefe do Serviço de Veterinária.
              E o tempo foi passando...
          O Comandante do Regimento chegava a sonhar com o filho da “Marabá”. Certo dia confessou que no sonho da noite anterior havia vencido uma prova, montando-a
      E o prazo da “délivrance” aproximava-se... Finalmente chegou o grande dia. O Comandante despachava o expediente, quando o veterinário telefonou-lhe dando a grande notícia. Disse mais qualquer coisa que não foi ouvida pelo Chefe que, sofregamente, tomou o automóvel, dirigindo-se à Invernada do Barro Branco, mas, ao defrontar-se com a feliz parturiente, que, toda satisfeita lambia o rebento, quase teve uma síncope... o filho da “Marabá” era... um burro.


O Balancete


Por falar em Cavalaria, o Ten. Possidônio, outro amigo, residente em Uberaba, escreveu-me, contando uma estória ocorrida no Regimento, na segunda metade do século passado, envolvendo o Comandante, o Tesoureiro e Ele.

           O Comandante – o saudoso Cel. Félix de Barros Morgado.
           O Tesoureiro – o Cel. Horácio Bozon (na época 1.º Tenente).
           Ele – Auxiliar da tesouraria – o Ten. Possidônio, então 2.º Sargento.

     Cumprindo o Regulamento de Administração, todos os meses, as Unidades da Corporação reuniam os seus Conselhos, para o Balancete. Faziam parte desses Conselhos o Comandante, o Subcomandante, o Cap. Vogal, o Tesoureiro e o Secretário (hoje em dia o FEPOM controla todas as receitas e despesas das OPMs).
        Na preparação de uma dessas reuniões, Possidônio estava preocupado, porque o tesoureiro não chegava para montar o balancete, isto é reunir todas as receitas e despesas do Regimento, para o estudo do Colendo Conselho.
          Na hora aprazada, adentraram à Tesouraria, para a reunião, todos os membros do Conselho, menos o Tesoureiro que, apaixonado pela equitação e Hipismo, estava no picadeiro aberto, exercitando os seus alazões.
         O Comandante, Cel. Morgado, assomando à sacada, à cavaleiro do pátio interno (picadeiro), avistando o Ten. Bozon, indagou em voz alta, voz de tenor (de fato o era):


          - Ten. Bozon, você já montou o Balancete?
         - Sr. Comandante, esse cavalo eu não conheço!,  respondeu Bozon.

domingo, 2 de setembro de 2012

Campanha de Goiás


Um veterano, na perseguição à Coluna Miguel Costa–Prestes nos contou:

- “Fui soldado do 2º Regimento de Cavalaria da Força Pública em 1926, e, como bom militar, sabia muito de disciplina e hierarquia militar, porém de tática sempre ficou por conta dos oficiais superiores. Eu e meus companheiros conhecíamos o significado na obediência consciente e do acatamento às ordens, sem bajulação, fator importante nessa caminhada, eivada de sofrimentos, acarretados pela fome, fadiga e saudade de São Paulo e dos entes queridos. Nosso Regimento desembarcou na cidade de Tavares, ponto terminal da estrada de ferro Mogiana, de onde empreendeu sua marcha até a cidade de Arraias.
A Coluna rebelde, ao passar por cidades e vilas, levava tudo de roldão e o nosso Esquadrão, que fazia a vanguarda da tropa legalista, só encontrava em sua marcha os restos deixados por ela, como cavalos cansados e outras migalhas; o povo se encarregava de esconder coisas que nos poderiam ser úteis, agora, os homens mais abastados da terra camuflavam seu gado e suprimentos.
Naquela louca competição, entre acossados e competidores, nossos cavalos, um a um, foram deixados para trás completamente estafados e nossa marcha, então, prosseguiu a pé. O calçado se gastou, na cadência da passada sobre areia fina daquele cerrados e das botas fizemos alpargatas, que na primeira chuva se inutlizaram.
Ao longo das trilhas e caminhos, ostentando amargurada solidão, de quando em vez, encontrasse sepulturas isoladas, cobertas de pedra, de um bravo inimigo tombado; era mais um herói sepultado no coração da Pátria a pedir uma oração.
Quantos como eles também tombaram anônimos, à beira de um regato sobre os chapadões arenosos, nas orlas dos bosques, nos alcantilados montes das serras, no agreste e sob a inclemência do tempo, sem terem, na hora derradeira, um último adeus, uma gota d’agua a mitigar-lhe a sede e nenhum conforto espiritual!
Devido ao forte calor, o Esquadrão progredia, quase sempre em marchas noturnas. Era um momento em que a nostalgia e a saudade nos tomavam de assalto, principalmente nas madrugadas, quando avistávamos alguma “queimada”. Daí o espetáculo da miragem: “ouvíamos” apitos de trens e tanger de sinos em pleno sertão e “víamos” cidades iluminadas e o próprio prédio Martinelli em construção na capital.
Não podendo juntar meu pano de barraca ao lado do tenente nem ao dos outros, troquei-o por um papagaio baiano, que passei a conduzir a um galho adaptado ao cano de um mosquetão, e com ele dividir a minha solidão no silêncio da mata.
Certa noite, ao deitar, nas margens do Rio São Domingos, tive o cuidado em fazer uma fogueira, para afastar felinos em grande quantidade naquelas paragens. Acordei no dia seguinte, com o capote queimado e aos arredores do leito improvisado, sobre a areia, sulcados de pegadas de onça.
Por ser jovem, talvez, o meu tenente incubia-me de muitas missões. Em uma delas, juntamente com mais um colega, fomos fazer a vanguarda do pelotão dentro da área de operações. Era uma dia de calor escaldante e, à proporção que nos aproximávamos de um rio, de águas límpidas e transparentes, percebemos que o chão produzia certos sons semelhantes de um tambor, na cadência da passada. O calor era insuportável e ao alcançar o rio, precipitei-me em suas águas.
Continuamos a marcha e com ela aumentava aquele ruído estranho sob os nosso pés até que avistamos, na encosta da serra, uma abertura que mais parecia a entrada de um templo. Aproximamo-nos desse monumento em plena selva. Que espetáculo!
De ambos os lados da gruta imensa, duas pedras negras delgadas, com suas faces cortantes, mais lembravam sentinelas permanentes a desafiarem os tempos. Tive medo e me recordei de Dante:

“Ó Tu que vens das dores à morada;
“Olha como entras, e em quem estás fiando
Não te engane do entrar tanta larguesa”

Desafiei Dante: Penetrei no Templo e me queidei extasiado! Flanqueando-o vi outras sentinelas de pedras, olhei para cima e deparei os estalactites, testemunhas seculares de encantador efeito. Pisava eu cristais e estalagmites; um fio de água cristalina corria no centro da nave, tive ímpeto de unir-me às suas águas e correr mundo.
Voltei deslumbrado com essa maravilha mas o dever me chamava para a continuação da marcha; maldito cumprimento do dever e bendita oportunidade de contemplar essa catedral no coração da selva.
Fiquei sabendo depois que toda essa região era chamada Terra Ronca.
Andava descalço e de pés feridos, com o fardamento em farrapos. A condição de simples praça permitia-me o contato com a gente humilde do lugar e sofrer com ela.
Sentava-me em pedras e troncos de árvores para ouvir os contos e lendas, cheios de esperanças e misticismos. Uma delas era a narrativa da Pedra Divina – hoje deve estar dentro dos limites de Brasília:

“...era Cristo, que em sua peregrinação pelo mundo, naquelas paragens, deixara em baixo relevo a marca de seu pé sobre uma grande pedra”.

Não me foi possível a visita a esse lugar em face da continuação da marcha, como também me foi tolhida a oportunidade de constatar outras histórias fantásticas do povo.
Tínhamos ordens de deter e revistar todos os elementos que encontrávamos nessa região. Em consequência detivemos um caboclo que trazia um saco de lona cheio de cartas, o qual ao ser interrogado, respondeu:
“Eu e meus companheiros do Norte, Centro e Sul deste Brasil, vivemos a percorrer a selva e os rios, onde habita o Uirapuru e canta o Rouxinol do Rio Negro, o agreste sertão e as caatingas, os chapadões arenosos e as veredas, a ouvir o canto saudoso da seriema, os pântanos e os lagos, as serras e os montes, os caminhos e as coxilhas sem fim, sob o calor e o frio, o sol, o vento e a chuva, na inclemência do tempo, às vezes montado em um pangaré, a distribuir esta correspondência, pelas vilas povoados e cabanas.
Poucos se lembram de nós, que somos únicos neste pioneirismo sofrido da Comunicação, que em longas jornadas, nos alimentamos com rapadura e jabá e recebemos como paga deste sacrificado trabalho, a quantia de 12 mil réis mensais”.

Visivelmente comovidos, soltamos o patriótico e dígno correio, lamentando a sua triste condição.
Um praça ferido não podendo acompanhar o Pelotão, o nosso comandante deu-me ordens para esperá-lo a fim de conduzí-lo numa dura jornada até o acantonamento seguinte da tropa.
O sítio agora não era aquele dos lindos buritis, das veredas, da Catedral na selva e dos coqueiros de babaçu imponentes, onde a relva, as palmeiras e os gigantes de pedra talhada davam, com orgulho, o tom de suas magestades.
Ficara nesse ermo com minha nostalgia e solidão, entre o chapadão arenoso do cerrado e o agreste sertão, com suas árvores de galhos desfolhados apontando aquela nudez para o céu, como que a pedir misericórdia. O canto saudoso da seriema aumentava a minha melancolia.
A longa espera e a fome me torturavam. Perscrutei o horizonte e divisei, ao alto e ao longe, um casebre e para lá me dirigi, encontrando um caboclo com o qual passei a dialogar, sentado, numa pedra à entrada do rancho.
Sempre desnudo e com uma cabaça de água salobra a tiracolo à guisa de cantil  - o sitiante me contou que água era salgada porque ali tudo era mar no tempo de Cristo -, pedi, ao dono do rancho que me vendesse algo para comer, o que ele  sem me convidar para entrar cobrou, por uma dúzia de ovos, 200 réis. Dei-lhe a moeda, a última.
A notícia acalentadora era de que a nossa Esquadrilha de Aviação chegaria, trazendo, além do apoio militar, notícias de São Paulo e a farta correspondência para a tropa. Contei o fato ao meu “distinto anfitrião” que ele logo iria ver aviões naquela altura, ao que ele me respondeu:

"...moço, o senhor está enganado. É por baixo que a estrada é melhor".

Afinal de contas os senhores me pediram para falar sobre a Campanha de Goiás e eu falei. Acerca da aviação, só sei que ela nos reconfortou muito, quando ouvíamos o roncar de seus motores e víamos esses lindos pássaros metálicos sulcarem a beleza dos céus goianos.


História tirada do livro: Asas e Glórias de São Paulo.



terça-feira, 28 de agosto de 2012

Curiosidades


Em consequência da extinção da Aviação Naval da Marinha e Aviação Militar do Exército, foi criado, a 20 de janeiro de 1941, o Ministério da Aeronáutica, sendo nomeado Ministro o Dr. Joaquim Pedro Salgado Filho.
No ano seguinte, em virtude do torpedeamento de nossos navios no Atlântico Norte e em águas brasileiras, vitimando centenas de brasileiros, o Brasil declarou guerra à Alemanha e Itália.
A Força Aérea Brasileira – FAB, teve seu batismo de fogo no litoral do Nordeste, bombardeando e afundando submarinos alemães e italianos e também no teatro de guerra na Europa, para onde foram enviados o 1º Grupo de Aviação de Caça e a 1ª Esquadrilha de Ligação e Observação, no enfrentamento aos poderosos aviões alemães, também apoiaram a Força Expedicionária Brasileira – FEB, em duros e cruentos combates, marcando o reconhecimento dos países aliados e recebendo a “Presidential Unit Citation”, condecoração exclusiva da Força Armada dos EUA.
Em 1961, a pedido da ONU, a FAB participou em uma missão de paz na República do Congo durante 4 anos, e, em seguida, atendeu ao apelo da Organização dos Estados Americanos – OEA, também numa missão de paz na República Dominicana.



2013 marca o centenário da Aviação Militar da antiga Força Pública, devendo ser lançado um livro comemorativo relatando os feitos dos aviadores pilotando aqueles famosos biplanos, semeando a mentalidade aeronáutica em nosso Estado e participando das Revoluções que abalaram o Brasil em 1924, 30 e 32.
Homenageando as  Forças Armadas, falaremos sobre a antiga Aviação Naval e Militar do Exército, e suas extinções para a criação do Ministério da Aeronáutica e o renascimento das mesmas, por um imperativo estratégico dos exércitos modernos.