Ao eclodir a Revolução Constitucionalista de 1932, o Campo de Marte foi retomado por elementos do Regimento de Cavalaria, encontrando-se em um de seus hangares dois aviões Waco, de 180 HP, da Aviação do Exército. Também foram encontrados no 4ºRI mais dois aviões Potez de bombardeio, de 450 HP, constituindo esses 4 aparelhos, o primeiro núcleo da aviação bandeirante, tendo sido presos vários aviadores do exército que não aderiam ao ideal paulista.
Renascia, então, das cinzas a Fênix Rubra, pelo decreto 5590, de 15 de julho de 1932 constituindo, com a ajuda de aviadores civis e militares a quarta etapa da nossa aviação, com a denonimação de Grupo Misto da Aviação Paulista. Esse grupo passou a dispor dos aparelhos do Exército já citados e mais os seguintes:
um Moth e um Fiat doados pelo Aeroclube de São Paulo;
um JN pertencente ao Cap. FP Antônio Reinaldo Gonçalvez;
um Morane cedido por empréstimo.
Idealistas paulistas doaram os seguinte aviões: um Moth, um Fiat, um Newport e um Henrioth.
Foram comprados no Paraguai mais 4 aviões, sendo ampliados os hangares no Campo de Marte.
Do Rio de Janeiro, chegaram mais um Waco e Newport Delage, ambos de 456 HP, pilotados pelos Ten. Mota Lima e Adherbal da Costa Oliveira, que aderiram à causa constitucionalista, sendo requisitado também um avião Late 26 de bombardeio, 450 HP que pertenceu ao Aeropostal. Somando ao todo, o governo paulista adquiriu três Curtis-Falcão, todos de 450 HP.
Sob o comando do Maj. Dr. Ismael Torres Guilherme Cristiano, o grupamento possuía os seguinte pilotos: Orton Hoover, Cap. João Negrão, Reinaldo Gonçalvez, Alberto Americano, João de Quadros e Cândido Bravo, os Ten. Vicente Borba, Sebatião Machado e Sílvio Hoelz.
Valorosos elementos da aviação civil apresentaram-se no Campo de Marte, integrando-se no Grupo Misto, como pilotos ou observadores: João Baungart, Rosário Russo, Paranhos do Rio Branco, todos promovidos ao posto de Tenentes de Emergência.
Imitando os aviadores do Exército, Mota Lima e Adherbal de Oliveira também aderiram a Revolução, com o mesmo ideal, os Maj. Ivo Borges, Cap. Lysias Augusto Rodrigues e os Tens. Luis Martins de Araújo, Orsine de Araújo Coriolano, José Angelo Gomes Ribeiro e Mário Machado Bittencourt, esses dois últimos mortos heroicamente, num ataque à navios de guerra da Marinha, que bloqueavam o porto de Santos, impedindo o desembarque de material bélico comprado nos EUA.
Há duas ruas na Vila Mariana homenageando esses valorosos aviadores do Exército Brasileiro.
Estrutura-se, então, a Quinta Arma do Exército Constitucinalista, assim organizado:
Força Aérea
Comando: Maj. Ex Ivo Borges
Grupo Misto de Aviação Paulista
Cmt. Maj. Ismael C. T. Guilherme
Subcmt. Cap. João Negrão
João de Quadros, Cândido Brava
Ten. Vicente Borba, Sebastião Machado
Sílvio Hoelz, Benedito de Paula França
pilotos civis promovidos a tenente.
1º Grupo de Aviões de Caça
Cmt. Maj. Lysias A. Rodrigues
Pilotos: Cap. Adherbal C. Oliveira
José A. Gomes Ribeiro
Cap. Arthur Mota Lima
Cap. Mário Machado Bittencourt
e pilotos civis do Grupo Misto.
Pilotos e mecânicos do Grupo Misto.
Sob a insígna de "Gaviões de Penacho", a Força Aérea cobriu-se de glórias, não obstante a precariedade de meios. As ações dos intrépitos aviadores da Força Aérea Constitucionalista foram inúmeras, pois, em todas as frentes de combate estavam os nossos aviões, observando, metralhando e bombardeando as posições inimigas. Em duelos com os vermelhinhos de Getúlio Vargas, tivemos grandes batalhas, logrando êxito na maioria delas, muito embora a Ditadura possuísse um poder aéreo dez vezes maior que o nosso.
Para o fecho desta história é necessário que se diga que a Força Pública empregou todo o seu efetivo para a sagrada causa de dar à Pátria sua Carta Magna, a Constituição brasileira.
Lutamos heroicamente por 3 meses, em todos os setores, constituindo o alicerce de todo o Exército Constitucionalista, embora enfraquecida pelas duras campanhas (1922, 24, 26 e 30), sem Artilharia, Aviação Militar e outros petrechos bélicos, confiscados em 1930. Mesmo assim, a tropa de Piratininga se bateu valentemente, enfrentando um adversário aguerrido, dotado de abundante e moderno material de guerra e efetivo infinitamente superior. Em fins de setembro de 1932, quando a derrota das armas constitucionalistas era iminente, o armistício foi necessário, terminando as operações de guerra a 2 de outubro.
Os intrépitos Ases e seus aviões.
Lutamos heroicamente por 3 meses, em todos os setores, constituindo o alicerce de todo o Exército Constitucionalista, embora enfraquecida pelas duras campanhas (1922, 24, 26 e 30), sem Artilharia, Aviação Militar e outros petrechos bélicos, confiscados em 1930. Mesmo assim, a tropa de Piratininga se bateu valentemente, enfrentando um adversário aguerrido, dotado de abundante e moderno material de guerra e efetivo infinitamente superior. Em fins de setembro de 1932, quando a derrota das armas constitucionalistas era iminente, o armistício foi necessário, terminando as operações de guerra a 2 de outubro.
Acima o Ten. Negrão. Ao centro tanque lança-chamas que São Paulo construiu e abaixo dois pilotos civis do Grupo Misto.
Ao centro Maj. Lysias, Gomes Ribeiro e Mário Bittencourt que tiveram por túmulo a imensidão do Atlântico.
Nota: O mecânico Ciquini que foi tripulante do Jahu teve também o Oceano Atlântico como túmulo, em 1929, no desastre aéreo na Baía de Santos.
Nesse mesmo dia, a Força Aérea Constitucionalista foi extinta. Foi muito triste!!! A gloriosa Aviação da Fora Pública, nascida em dezembro de 1913 teve o seu fim em outubro de 1932. Perdemos mais uma vez o Campo de Marte, esse campo que leva o nome do Deus da Guerra, esse campo das manobras e desfiles memoráveis da Força Pública, mas certo vírus ficou em suas pistas e em seus hangares, porque a Ave Rubra alçaria o voo com os heróicos paraquedistas da Corporação, em 1950.
Continuaremos no próximo post...
Fotos extraídas do livro: Asas e Glórias de São Paulo.
Fotos extraídas do livro: Asas e Glórias de São Paulo.