Dia 03 de outubro pp, estivemos na bela Itapetininga, o Cel. Pesce de Arruda, Cel. Irahy Catalano e eu, convidados que fomos para a inauguração do Monumento, no Quartel do 22º BPM/I, alusivo à Revolução Constitucionalista de 1932.
Frente e verso do Monumento.
Lá encontramos o Cel. Mário Fonseca Ventura, responsável pela perenidade da história da Revolução Paulista, semeando, pelo interior do Estado, Núcleos de Correspondência da Sociedade Veteranos de 32 - MMDC, da qual é presidente.
Na terra de Júlio Prestes, o Cel. Ventura encontrou a alma bandeirante nos jovens Jefferson Biajone e Afrâncio Franco de Oliveira Mello, líderes do Núcleo Paulistas de Itapetininga! Às Armas!, criadores também do Diploma de Honra ao Mérito Capitão Francisco Fabiano Alves, ícone da terra, combatente nas Revoluções de 24, 30 e 32.
Tive a felicidade de morar, na década de 30, em Itapetininga, conhecida como a Athenas do Sul Paulista, pois a cidade contava com excelentes Estabelecimentos de Ensino, pontificando as Escolas de Farmácia, Odontologia e a famosa Escola Normal "Peixoto Gomide".
Naquele 03 de outubro, no Batalhão da minha querida Polícia Militar, comandado pelo Ten. Cel. Raul Galindo, fui tomado de muitas emoções e tantas recordações de Itapetininga, o chão sagrado da minha juventude.
Imensas saudades:
- da minha Escola Normal "Peixoto Gomide";
- da minha Escola Normal "Peixoto Gomide";
- dos bailes no Clube "Venâncio Ayres";
- das matinês nos cinemas da cidade: São José, São Pedro e Ideal;
- dos banhos na cachoeira, no rio do Chá e na lagoa do Carrito;
- das retretas da banda de música Lyra, no coreto do Largo da Matriz, onde desfilavam lindas meninas, que empolgaram nossos corações;
- do trote nos calouros da Escola Normal e das Faculdades de Farmácia e Odontologia, jogados seminus no repuxo da Praça dos Amores;
- do Alto-falante do Ciro Guidugli, na mesma praça, irradiando o "correio romântico", entremeado de ofertas de música de Paraguaçú, Vicente Celestino, canções de Silvio Caldas, sambas de Chico Alves, valsas de Orlando Silva e Carlos Galhardo e os tangos de Gardel, além de notícias de acontecimentos no Brasil e no exterior;
- das procissões e festas religiosas, entre estas a da Nossa Senhora da Aparecida do Sul, famosa na região;
- dos comícios dos Partidos Constitucionalista (PC) e Republicano Paulista (PRP), que acabavam sempre em correrias, brigas e facadas (esses partidos tinham os seus 'viveiros', que ofereciam alimentação, vestuário e até dentaduras de graça em troca de votos);
- dos pães e doces da padaria do "Vadozinho" e dos jogos de sinuca na sala do "Romão";
- dos jogos esportivos nas quadras da Peixoto Gomide e do Quartel do 5º BC;
- das idas à Estação em 1930 e 32 para aplaudir as tropas que demandavam Itararé para defesa do idealismo paulista;
- da chegada do 5º BC do Exército, em 1935, o povo ainda magoado com a derrota de 32. Aos poucos, o Batalhão conquistou a cidade. Jovens oficiais conquistaram os corações de lindas "Athenienses" e muitos casamentos aconteceram. Vários daqueles tenentes ascenderam na carreira militar, chegando ao generalato, entre outros, da minha lembrança, os generais Ribeiro e Glicério.
Pareceu-me que havia esgotado todos esses 'recuerdos', mas as gavetinhas do cérebro vão se abrindo e as lembranças chegam:
- da visita do Conde Matarazzo, em 1936, criando o Clube Italiano Lavoro Dopo Lavoro, órgão de propaganda do fascismo de Mussolini;
- dos desfiles dos Camisas Verdes do Partido Integralista de Plínio Salgado;
- da visita à Escola Normal, de oficiais do Estado Maior, da 2ª Região Militar, entre eles, o Cap. Dilermando de Assis, estigmatizado como O homem que matou Euclides da Cunha. Voltaria a encontrá-lo, em 1948, em São Paulo, já general do exército, no Palácio dos Campos Elíseos, quando entregava ao Governador Adhemar de Barros, o convite de casamento de uma de suas filhas;
- do "Dito Assobiador", homem simples, que vivia de bicos, sozinho no mundo, que durante anos e anos precorria as ruas de Itapetininga, assobiando músicas clássicas e populares. O seu coração e seus pulmões pararam e A Tribuna Popular do jornalista Galvão publicou: "Morreu o Dito Assobiador: o homem que durante vários anos encantou e alegrou a cidade com seu assobio";
- do cantor famoso Almir Ribeiro, mais conhecido como "Didi de Itapetininga", falecido em 1958, afogado em Punta de Leste, no Uruguai;
- da inauguração da Estação de Rádio PRD-9 comprada de Sorocaba, se não me engano por Bertolino Rossi;
- do soldado gaúcho, fuzilado em 1930, por ter estuprado uma jovem e matado seu tio, o comandante da praça era o General Portinho;
- de um certo capitão de e alguns tenentes, se não me engano, em 1938, que invadiram de cueca o Clube "Venâncio Ayres";
- da Estação repleta, na despedida do 5º BC, em 1937, para Santa Catarina devido à ameaça de uma revolta de Flores de Cunha (ex-governador gaúcho) e Armando Sales de Oliveira (ex-governador paulista), contra Getúlio, namoradas e noivas derramando suas lágrimas...
- da normalista Alzirinha Camargo, que se projetou no Rio de Janeiro, como cantora e a artista de cinema, além de atuar na Argentina, EUA e países da Europa;
- da normalista Anésia Pinheiro Machado, que se apaixonou pela aviação quando um avião da Força Pública pousou na cidade, em 1920. Vindo à capital, tirou seu brevê no Campo de Marte, projetando-se na aviação brasileira e conhecida internacionalmente, pilotando aviões maiores, de 2 e 3 motores. Com Tereza de Marzo e Ada Rogato, são as primeiras mulheres aviadoras do Brasil;
- dos ataques dos vermelhinhos de Getúlio Vargas, no campo de aviação, bombardeando e metralhando alguns pontos da cidade;
- da alegria do povo de Itapetininga recepcionando o Presidente Júlio Prestes que voltava após 4 anos de exílio na Europa, motivo da Revolução de 30. Lembro-me de seu pai, Cel. Fernando Prestes, à frente de um esquadrão a cavalo saudando o filho querido, em 1934.
- dos ataques dos vermelhinhos de Getúlio Vargas, no campo de aviação, bombardeando e metralhando alguns pontos da cidade;
- da alegria do povo de Itapetininga recepcionando o Presidente Júlio Prestes que voltava após 4 anos de exílio na Europa, motivo da Revolução de 30. Lembro-me de seu pai, Cel. Fernando Prestes, à frente de um esquadrão a cavalo saudando o filho querido, em 1934.
- era tradição em todos os anos, nos dias de Finados, pessoas caridosas da cidade levarem para centenas de leprosos, que se reuniam em frente ao cemitério a espera de esmolas e de cestas e mais cestas de pasteis e sanduíches. Essa tardição terminou depois de 30, quando foram construídos os leprosários em São Paulo (Santo Ângelo), em Itu (Pirapitingui) e em Bauru (Aimorés).
Prometo voltar a este blog se mais lembranças tiver. Retornemos ao Quartel do 22º Batalhão para aplaudir o belo Monumento, as belas palavras dos oradores, o garbo do desfile da tropa e dizer da minha gratidão e orgulho ao receber o Diploma de Honra ao Mérito Capitão Francisco Fabiano Alves.
E a alegria de encontrar meus primos: Afrânio e Dudu Franco. Nesta oportunidade quero parabenizar Itapetininga pelo evento histórico e agradecer as autoridades e seu povo.
No fecho destes meus escritos, quero destacar o altruísmo do povo paulista em 32. Acusaram-nos de separatista, justamente São Paulo, o Estado mais brasileiro da Nação, o Estado que deu a grandeza geográfica da Pátria com seus heróicos bandeirantes, que chutaram as Tordesilhas para as bandas do Pacífico, o Estado que garante robustez econômica do nosso amado Brasil, o Estado que tem na base de seu brasão a legenda: Pro Brasilia Fianti Eximia (Para o Brasil façam-se grandes coisas). E na sua bandeira, a bandeira das 13 listras a única dos 27 Estados que tem o mapa do Brasil:
Vejamos a beleza de sua heráldica: DE DIA E DE NOITE (as listras brancas e pretas) OS PAULISTAS DEFENDEM O BRASIL (o círculo e o mapa) EM TODAS AS DIREÇÕES (os pontos cardeais) MESMO COM SACRIFÍCIO DA PRÓPRIA VIDA (vermelho - sangue).
O Quartel foi construído pela Força Pública em 1931 - sediou o 8º BC na Revolução de 30 e 32 - em 1935, foi ocupado pelo 5º Batalhão de Caçadores do Exército e atualmente é sede do Departamento de Estradas e Rodagem do Estado- DER.
Minha sugestão é que a Polícia Militar reivindique a posse desse monumento histórico, sendo fácil conseguir uma permuta com o Quartel do atual 22º BPM/I.