Acreditem dignas Autoridades, acreditem Senhoras e Senhores, acreditem meus queridos Afilhados, que este esplêndido galardão, generosamente a mim conferido, alegrará, e muito, os dias de minha velhice. É para mim um orgulho, encantamento honra e glória este momento, paraninfar os 400 2.ºs Sargentos, diplomados no Curso de Aperfeiçoamento, dignos operadores do Sistema de Segurança Pública do Estado. É como receber uma joia rara de grande valor, uma relíquia que guardarei ad eternum no escaninho do meu coração.
Dignos Sargentos, os senhores pertencem à classe nobre Bandeirante. Sim!!! Os senhores envergam a farda heróica e gloriosa da maior e melhor Polícia Militar do Mundo! É a Tropa Paulista que o Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar plantou, em 1831, no sagrado chão de Piratininga.
Neste momento, aflora em minha mente a recordação de antigos Sargentos, meus instrutores quando eu, recruta nos meus 18 anos, no Quartel do 7.º BC, em Sorocaba, iniciava minha carreira.
Valorosos mestres, com os quais aprendi, além da arte da guerra, os sábios ensinamentos, conselhos paternais e éticos que me ajudaram a plasmar o meu caráter, ensinando-me os primeiros passos na antiga e saudosa Força Pública.
Confesso que eu nunca esqueci desses bons amigos do passado: Sargentos Ulisses, Deoclecio, Ribeiro, Stanislao Custódio e tantos outros que habitam a minha memória e a minha saudade.
Permitam-me meus caros afilhados que façamos um passeio rápido pela nossa história. De um modo geral, todas as promoções nos quadros da Corporação, tanto na época imperial ou republicana, eram feitas por ato de bravura ou ato do Comando, até que chegou em 1906 a 1.ª Missão Militar Francesa (1906-1914) a 2ª Missão (1919-1924).
Os franceses ordenaram o nosso ensino e a nossa cultura, criando a Escola do Soldado, Escola do Cabo, Escola do Sargento e Escola do Oficial, regulamentando todos os Cursos, aprimorando instrução, dotando a Força Pública de armamentos modernos, Táticas e Estratégicas nos moldes dos Exércitos Europeus. Éramos então conhecidos como o PEQUENO EXÉRCITO PAULISTA.
Permitam-me dignas autoridades, senhoras e senhores, meus caros formandos que continuemos esse passeio histórico que tem a poesia de Guilherme de Almeida e a musicalidade do Major De Gobi, sublimados em nossa bela canção. Comecemos pela Guarda Municipal Permanente de Feijó e Tobias que, em 1836 participou da Guerra dos Farrapos, defendendo o Império Brasileiro contra a República de Piratini, perecendo quase todo o seu efetivo, os Cento e Trinta de Trinta e Um, na dura refrega.
Vejamos outras Guerras e Revoluções:
1842 – Revolução Liberal de Sorocaba
1865/70 – Guerra do Paraguai – Corpo Policial Permanente;
1893 – Revolta da Armada- Força Pública;
1897 – Guerra de Canudos;
1922 – Os 18 do Forte de Copacabana (início do Tenentismo);
1924 – Revolução de São Paulo – (continuação do Tenentismo) – Isidoro Dias Lopes e Miguel Costa;
1926 – Coluna Miguel Costa/Prestes (continuação do Tenentismo);
1930 – Revolução de Getulio Vargas (vitória do Tenentismo) – Francisco Morato;
1932 – A Revolução Constitucionalista de 32, o ponto alto da historiologia de São Paulo – General Julio Marcondes Salgado;
1935 – Revolução Comunista de Luis Carlos Prestes;
1938 – Revolução Integralista de Plínio Salgado;
1943 – 2.ª Grande Guerra;
1964 – Revolução Redentora – Vale do Ribeira – Cap. Alberto Mendes Júnior.
Inspirados nesse exemplo guerreiro do passado, tiraremos lições exuberantes para combater a guerrilha dos nossos dias. Recordemos de algumas guerrilhas em nossa terra:
Do Sargento Mor Antonio Dias Cardoso, o rei das emboscadas no século XVII contra os holandeses na Bahia, nos Montes das Tabocas e nos Guararapes;
A de Antonio Conselheiro em Canudos;
Do Monge José Maria na Guerra do Contestado;
A guerrilha do Vale do Ribeira e
A guerrilha do Araguaia.
Vivemos em São Paulo e também em outros Estados da Federação essa perversa guerrilha, onde o inimigo nos vê e nós não o vemos. Por este motivo perdemos no ano passado e neste 2013 mais de 200 Policiais Militares, heróis mártires que cumpriram aquele juramento à Bandeira Nacional... defender as Leis e as Instituições com o sacrifício da própria vida.
Meus caros formandos, sobre os vossos ombros pesarão grandes responsabilidades. O momento é grave mas confiemos na clarevidência do nosso Comandante Geral Cel. Benedito Roberto Meira, confiemos no seu Estado Maior e em nosso Serviço de Inteligência. Tenho absoluta certeza e descobriremos os caminhos das pedras
Rememorando o Sargento Mor Antonio Dias Cardoso, faremos também as nossas emboscadas, valendo-nos dos nossos conhecimentos táticos e de aparelhos eletrônicos de última geração. Desentocaremos os maus brasileiros, os vendilhões da Pátria.
Senhoras e senhores, nesta casa de Deus, nesta festiva e linda manhã de novembro, vamos merecer as bênçãos do divino Criador, pedindo proteger a nossa Pátria, nosso Estado e a nossa gloriosa Polícia Militar. Este paraninfo também pede que Deus abençoe os senhores, meus queridos afilhados, abençoe também suas queridas famílias e suas carreiras em nossa Tropa de Piratininga.