A 13 de maio de 1888, a Princesa Isabel, a Redentora, com a Lei Áurea, abalou os alicerces do Império e o trono de seu augusto pai, D. Pedro II. Precisamente um ano e meio após, a 15 de novembro de 1889, o Marechal Manoel Deodoro da Fonseca proclamou a República, obediente a uma ala do Exército, e às pressões dos Partidos Republicanos de várias Províncias e dos fazendeiros, que ficaram sem o braço escravo.
Adoentado, recolhido ao seu lar, o Mal. Deodoro foi convencido a comparecer em praça pública, orientado por oficiais do credo positivista e, a cavalo, descoberto, bradou: Viva a República, assumindo de imediato a chefia do Governo Provisório.
Em 1891, amparado pela Constituição, foi eleito Presidente da República, vencendo a eleição, competindo com o Senador Prudente de Morais.
Falemos um pouco de sua vida: nasceu em Alagoas, atual Deodoro, em 1827, no Estado de Alagoas. Pertencia a uma família ilustre. Eram 10 irmãos; os 8 homens escolheram a carreira militar e 3 deles morreram na Guerra do Paraguai (1865-70). Seu irmão mais velho Hermes Ernesto da Fonseca foi pai de Hermes da Fonseca, Presidente da República de 1910 a 1914.
Deodoro, em 1843, já era Cadete do Exército. Como Tenente, participou da repressão à Revolução Praieira em Pernambuco, em 1848. Em 1859, como Major foi transferido para Mato Grosso e, em 1864 foi incorporado à Brigada Expedicionária do Rio da Prata, assistindo à queda de Montevidéu. Em 1865 participou ativamente na Guerra do Paraguai, tomando parte nas memoráveis batalhas sob o comando de Caxias. Em 1873 foi promovido a Brigadeiro (equivalente hoje ao posto de General de Brigada). Em 1883, já Marechal do Exército, foi comandante das Armas da Província do Rio Grande do Sul, assumindo em 1885 o Governo daquela Província gaúcha. Em 1887 conseguiu apaziguar centenas de Oficiais do Exército, na Questão Militar, conseguindo do Imperador o cancelamento de suas punições. Como Presidente do Clube Militar, solicitou à Princesa Isabel que dispensasse o Exército da tarefa de perseguir escravos fugidos, pois achava uma função indígna para os militares, sendo atendido. Em dezembro de 1888 assumiu o Comando das Armas de Mato Grosso, sendo transferido para o Rio de Janeiro no ano seguinte.
Apesar de ser amigo do Imperador D. Pedro II, gozava de grande prestígio junto à Tropa e acabou colocado à frente do Movimento Militar que derrubou a Monarquia. Como chefe do Governo Provisório, entrou em conflito com as lideranças civis, resistindo à convocação da Assembleia Constituinte.
Sua eleição à Presidência, em 1891, foi garantida graças à pressão dos militares contra Senadores e Deputados Federais. No intuito de reforçar o poder do Executivo, Deodoro fechou o Congresso em 3 de novembro, decretando também o estado de sítio, com a promessa de realizar novas eleições e promover uma revisão na Constituição.
Depois de muitas brigas políticas com os saudosistas do Império, a Marinha revoltada, sofrendo a crítica incontrolada da sociedade por ter fechado o Congresso Nacional e decretado estado de sítio, Deodoro, desgostoso, doente e desiludido, renunciou à Presidência da República, com a seguinte frase: “Acabo de assinar o Decreto de Alforria do último escravo no Brasil”.
Assumiu então a Presidência o Mal. Floriano Peixoto que, com a mão de ferro, consolidou a República, depois de luta sangrenta contra a Marinha dos Alms. Custódio José de Melo e Saldanha da Gama e também contra os Federalistas do Rio Grande do Sul.