Em novembro de 1910, quando Presidente da República o Marechal Hermes da Fonseca, uma parte da Marinha de Guerra sublevou-se, sob as ordens do Marinheiro João Cândido.
Os revoltosos dominaram por alguns dias a Baía de Guanabara e as instalações do porto do Rio de Janeiro, ameaçando bombardear a antiga Capital Federal.
Esse movimento rebelde passou à História como a Revolta do Marinheiro João Cândido ou a Revolta da Chibata, porque dentro das exigências que os marujos amotinados faziam, a principal era a abolição do castigo corporal que sofriam pelas transgressões disciplinares.
João Cândido, minutos antes da meia-noite de 22 de novembro, assumiu o comando do Encouraçado Minas Gerais, depois de, com seus homens, dominar o Oficial-de-quarto, o Segundo Tenente Álvaro da Mota e Silva, ferido gravemente com golpes de baioneta.
O Comandante do Encouraçado Minas Gerais, Capitão-de-Mar-e-Guerra João Batista das Neves – cuja chegada ao navio desencadearia a, rebelião vindo de um banquete realizado a bordo do Cruzador francês Duguay Trouin, procurando dominar a guarnição amotinada, lutou bravamente ao lado de alguns oficiais, morrendo a golpes de baioneta, juntamente com os Capitães-Tenentes José Cláudio da Silva Junior e Mario Carlos Lahmeyer.
Imediatamente, João Cândido intimou os Encouraçados São Paulo e Deodoro, que aderiram à causa sob a ameaça dos canhões do Minas Gerais; da guarnição do Encouraçado São Paulo, morreu o Primeiro Tenente Américo Sales Carvalho que reagiu frente aos amotinados.
A bordo do Cruzador Bahia, onde fermentaram os primeiros germes da insurreição, os revoltosos intimaram o Oficial-de-quarto, Primeiro Tenente Mario Alves de Souza, a abandonar o navio. Sozinho, não atendeu à intimação, sustentando luta contra mais de cem homens armados. Subjugado, o Bahia, sob o comando do Marinheiro de Primeira classe Francisco Dias Martins, assestou seus canhões contra a Capital; a guarnição rebelada exigia a abolição dos castigos corporais, a diminuição do trabalho e o aumento de vencimentos.
Depois de muito parlamentar, o governo do Marechal Hermes da Fonseca atendeu, por Decreto, às reivindicações, concedendo também a anistia.
Os espíritos serenaram somente a 9 de dezembro daquele ano de 1910, quando o Batalhão Naval da Ilha das Cobras e o Cruzador Rio Grande do Sul foram dominados.
A marujada sediciosa ameaçou o porto paulista de Santos, tendo o Chefe da Nação requisitado o concurso do governo de São Paulo, para frustrar qualquer tentativa de desembarque.
O Chefe do Executivo Bandeirante determinou ao Comando da Força Pública que fizesse seguir, já no primeiro dia da Revolta, àquela cidade litorânea, o 1.º Batalhão com a missão de barrar, a qualquer custo, as intenções dos sublevados.
O comandante do Batalhão, Tenente-Coronel Pedro Árbues Rodrigues Xavier (que na Revolução de 1930, seria o herói-mártir de Cananeia), foi nomeado Comandante Militar da Praça de Santos naqueles dias tumultuosos.
Regressou o Primeiro Batalhão depois de bem cumprida sua missão, pois escreveu mais uma página de glória nos anais do militarismo paulista, na defesa do Poder Constituído da Nação e do Estado.
Quanto ao Almirante Negro, o Marinheiro João Cândido, serenados os ânimos veio, poucos dias depois da anistia, a traição. Ele foi expulso da Marinha, junto com os líderes da Revolta, o que ocasionou reação entre os marinheiros mas, o movimento foi abortado, sofrendo os homens do mar violenta repressão, que culminou com dezenas de mortos e feridos e centenas de deportações. João Cândido foi novamente encarcerado com 18 companheiros, numa masmorra na Ilha das Cobras, de onde foi o único a sair vivo. Faleceu em 1969, aos 89 anos, de idade sem patente e na completa miséria. Há um movimento nacionalista, para inscrever o seu nome no livro dos heróis da Pátria.