Conta-se que
certo Governador recebeu, em seu Palácio, um parente, que pretendia seguir a
carreira política. Trouxe do interior uma carta de apresentação do Presidente
do Partido, recomendando, ao Chefe do Governo, que o indicasse candidato a
Vereador na Capital, nas próximas eleições.
Acolheu o moço carinhosamente,
perguntou de seu pai, primo e amigo, também de sua mãe e conversaram durante
horas sobre diversos assuntos, até que, lendo aquela missiva, encarou o rapaz
e, num tom muito sério esclareceu não ter condições de entrar na carreira
política, por uma questão grave, seu pai era um bêbado, sem-vergonha e ladrão e
sua mãe não tinha boa conduta moral, constando ter vários amantes, e foi por aí
afora, com sua linguagem amarga contra a família de seu primo.
O rapaz, brioso, não aguentou tantos
desaforos, avançando furiosamente contra o Governador, tentando esbofeteá-lo,
mas os ajudantes de ordem, prevenidos carregaram-no para uma sala ao lado.
Passadas algumas horas, foi trazido ao
gabinete, assustando-se quando o Governador o abraçou efusivamente,
dizendo-lhe: “Meu querido sobrinho, você não pode ser político, porque nós
temos que ouvir todas essas imprecações, todo esse desaforos, acusando-nos uma
hora de ladrão, outro de homem traído (corno), ou o que é pior, de gay. Meu
menino me perdoe, sua mãe é uma santa, seu pai é honesto, conduta ilibada, é um
varão de alta linhagem. Volte para sua terra, recomende-me aos seus pais, meus
caríssimos primos e escute o meu conselho: Escolha uma outra destinação, outro
objetivo e conte comigo, farei tudo para ajudá-lo, agora, para política você
não serve”.