Boa leitura!

quarta-feira, 7 de março de 2012

Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar - criador da Polícia Militar



O Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar, além de político e militar, era também rico fazendeiro em Sorocaba. A ele se deve a criação daqueles vistosos cavalos, pelagem de duas cores, conhecidos como pampas.
Quando de sua retirada para o Rio Grande do Sul, no remate doloroso da Revolução Liberal de Sorocaba, em 1842, presenteou certo fazendeiro gaúcho de Cruz Alta com alguns desses cavalos, que se reproduziram e espalharam até o Rio do Prata, formando uma raça cavalar que tomou o nome do criador sorocabano - Raça Tobiana.


A retirada do chefe revoltoso ficou registrada no ponteado das violas dos cantadores:

"O nosso Rafael Tobias,
Querendo se escapá
Passou por Campo Largo
De chilena e cherripá
Tobias quando fugiu
Na hora de incerteza,
Abraçou os seus filhinhos
E casou com a Marquesa"

Da união do Brigadeiro Tobias com a Marquesa de Santos nasceram:

- Rafael Tobias de Aguiar
- João Tobias de Aguiar e Castro
- Antônio Francisco de Aguiar e Castro
- Brasílio de Aguiar e Castro
- Gertrudes de Aguiar e Castro e
- Heitor de Aguiar e Castro.

Maria Domitila de Castro Canto e Melo - a Marquesa de Santos - tem seu túmulo no cemitério da Consolação ao lado da Capela Central.

"Servir São Paulo é, sobretudo, antes de tudo e acima de tudo, servir ao Brasil!' Este era o lema do Brigadeiro Tobias que, ao morrer, a 7 de outubro de 1857, a bordo do vapor Piratininga, quando, na qualidade de parlamentar, se dirigia à Corte Imperial, despedindo-se de seus entes queridos, assim se expressou:

"Meus filhos, continuem por mim a
não poupar sacrifícios por São Paulo".

Seus restos mortais jazem na Igreja da Ordem 3ª, ao lado da Faculdade de Direito Largo São Francisco.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Cel. João Áureo Campanhã

Minha turma de Aspirante à Oficial foi a primeira a se formar na atual Academia de Polícia Militar do Barro Branco, em 1944. Os primeiros anos, foram no Centro de Instrução Militar (CIM), situado na Avenida Tiradentes, esquina com a Rua Ribeiro de Lima, vetusto e acanhado prédio ao lado da antiga Casa de Detenção de São Paulo, depois Banespa, Caixa Econômica e hoje Banco do Brasil.
Éramos 38 formandos no começo da lida, e hoje somos apenas 4, entre estes, o meu amigo Cel. João Áureo Campanhã, pois, muitos de nossos colegas, ficaram à beira do caminho, seguiram outros destinos e a grande maioria já ultrapassou o Portal da Eternidade, como dizem Boldrim e
Datena: "Apressados esses amigos subiram ao andar de cima".
É bom ressaltar que três maravilhosos colegas morreram tragicamente: 
Benedito Neto: paulista de São Simão que, numa ocorrência policial, caiu fulminado com uma bala no crânio;
Waldir Alves de Siqueira, capixaba de Cachoeiro do Itapemirim, morto covardemente por um bandido, cinco tiros à queima roupa; e
José da Silva Bueno, paulistano da Pompeia, pescador de alto-mar, desapareceu misteriosamente do barco. Eram cinco horas, Bueno, timoneiro, passou a direção a um companheiro indo para o descanso, antes porém, prometeu fazer um cafezinho para todos. As xícaras permaneceram no tombadilho e horas e horas se passaram... Alarme geral, os pescadores levantaram suas redes, bombeiros em ação, helicópteros nos céus, vasculhando o mar e mais horas e horas se passaram, horas de agonia. Nada, nada na região dos Alcatrazes.
O que teria acontecido? Um ET o teria abduzido para Marte ou outro planeta? Ao lavar as xícaras no tombadilho do barco, teria caído ao mar e devorado por tubarões? As correntes marítimas teriam levado Bueno para longe, talvez para África? Ou uma sereia apaixonada o teria raptado, carregando-o para as profundezas dos mares?
Minha escrita agora é sobre o João Áureo Campanhã e com ele dois episódios, duas estórias que orgulham e enobrecem a figura humana.
Dezembro de 1944!!!, aquele açodamento para sabermos quais os três primeiros classificados da turma, uma vez que esses eleitos receberiam, além de elogios, honrarias e prêmios.
Solenemente, nosso Capitão Otávio Gomes de Oliveira (militar de excelsas virtudes), em frente à Cia, fez a leitura dos premiados, ressaltando os pontos de cada um:
1º) Aspirante a Oficial João Áureo Campanhã;
2º) Aspirante a Oficial Ari José Mercadante; e
3º) Aspirante a Oficial Urbano Lopes Fonseca.
Com aquela nobreza de espírito, escravo de sua consciência, João Áureo Campanhã informou ao Capitão Otávio que havia um engano nessa classificação, pois, pelos seus cálculos, somadas todas as anotações durante o Curso, o primeiro lugar não lhe caberia.
Suspense!!! A Secretaria, a toque de caixa, revendo toda a documentação dos três jovens aspirantes, chegou à conclusão que, de fato, Campanhã estava certo, certíssimo.
É necessário que se diga que o nosso amigo Campanhã era minucioso em seus apontamentos, amigo dos detalhes, anotando tudo, tudo, as notas de exames, sabatinas, chamadas orais, pontos ganhos, pontos perdidos...essa figura altaneira assombrou seus superiores e colegas pela grandeza de sua alma, abdicando do primeiro lugar. Enfaticamente ele declarou: Meu lugar é o terceiro e não o primeiro.
Não bastasse esse fato existe, ainda mais um outro, que é uma aula de civismo, coragem e altruísmo. Vejamos:
Os anos passaram, estamos agora em 1967, Governador do Estado Dr. Laudo Natel, sendo seu Secretário de Estado da Casa Militar, o nosso valente Coronel João Áureo Campanhã.
Atendendo aos apelos de todas as Associações de Classe da Polícia Militar, Campanhã prometeu lutar pelas nossas reivindicações, sendo o fiel da balança de nossos problemas, principalmente o aumento de vencimentos, já que governos anteriores não nos tinham atendido, esquecendo do alto valor da tropa bandeirante, obreira da segurança da sociedade paulista.
O nosso pedido era justo, queríamos apenas a reposição da inflação, na época em torno de 32%.
Laudo Natel negou. O brioso Coronel Campanhã, num gesto temeroso mas digno, pediu demissão da alta investidura de Chefe da Casa Militar. Apelos surgiram de todos os lados, aconselhando-o a renuncia de seu ato, mas todos eles não surtiram efeito, pois sua decisão era inabalável, irrevogável.
O Comandante Geral da Força Pública, o Coronel João Batista de Oliveira Figueireido, o "órfão de pai vivo", considerou grave falta disciplinar e Campanhã foi preso por 25 dias, recolhido ao Quartel do 5º Batalhão de Taubaté. Diga-se, de passagem, que o Governador Laudo Natel visitou seu amigo em Taubaté por duas vezes.
Meus amigos, estamos diante de dois fatos que revelam o valor do homem, o Homem de H maiúsculo, pleno de virtudes, homem simples do interior paulista (Jaboticabal), exemplo de coragem, escravo de ideais nobres.
Campanhã, um abraço de seu amigo e admirador, coronel Edilberto.


quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Os balões e os mangrulhos na Guerra do Paraguai

No livro "A História da Força Aérea Brasileira" do Ten. Brig. do Ar Nelson Freire Lavanere Wanderley, há uma referência ao balão usado por Caxias, na Guerra do Paraguai:
"Ele foi o primeiro emprego militar da Aeronáutica na América do Sul e a semente daquilo, que muito anos mais tarde, veio transformar-se na Força Aérea Brasileira".

Na Guerra de Sesseção dos EUA, na mesma época da Guerra do Paraguai (1865-70),  o norte contra o sul, resultando a abolição dos escravos, as hostis guerreiras usaram o balão para a observação das posições inimigas.

Na Guerra do Paraguai, nossas tropas lutando em várias planícies, não tinham vistas sob o campo inimigo, posição de suas trincheiras e a movimentação de tropas de Solano Lopes. Rusticamente, usavam os mangrulhos, formato de torres de madeira, de aproximadamente de 15 metros de altura, como medida preventiva aos ataques.


Gravura um mangrulho no acampamento de Caxias de Tuyu – Cuê , próximo de Humaitá. (Fonte: História do Exército Brasileiro...(Rio de Janeiro: EME,1972.v.2,p.644).

O grande Caxias, então, conseguiu a compra de dois balões da potência do norte, equipados de aparelhos para fabricar hidrogênio, contratando dois balonistas americanos, os irmãos James e Ezra Allen para instrutores dos nossos oficiais do Exército em operações de Guerra.


Os pilotos brasileiros foram os capitães Francisco César da Silva Amaral, Cursino Amarante, Jacó Niemeyer e Antônio Sena Madureira.


Alegoria sobre a 1a ascensão de um balão, em 25 set.1867 em Tuiu - Cuê, na obra História da Força Aérea Brasileira. (1975,2ed,p.23) do Tenente Brigadeiro do Ar Nelson Freire Lavanére – Wanderley, atual Patrono do CAN. 

Depois de meses em operações com os balões que alcançando a altura de 140m, os nossos pilotos tornaram realidade os reconhecimentos das tropas inimigas, possibilitando as vitórias sobre o Humaitá, Curupaiti e outros combates.

Duque de Caxias foi, então, o precursor da Aeronáutica Militar Brasileira.




Fonte: ahimtb.org.br/caxiasaerost.htm


quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Cel. Odilon Aquino de Oliveira




Todos sabemos que a antiga Força Pública foi muito guerreira, estando sempre presente em todos os momentos críticos da Nação, em guerras, revoluções, convulsões sociais ou políticas, etc, etc. Citemos as guerras de Canudos, Farrapos, Paraguai, 2ª Guerra Mundial, Revolução de Sorocaba, Protocolos, Armada, Chibata, as de 22, 24, 26, 30 e 32. Não esqueçamos da Greve de 1917 e da Guerrilha contra Lamarca, que revelou nosso herói-mártir Alberto Mendes Jr.

O apogeu do militarismo foi a contratação da Missão Militar Francesa, que deixou a Corporação conhecida como o Pequeno Exército Paulista, com a sua Infantaria, Cavalaria, Aviação Militar e Artilharia em pé de guerra.

Esse aparato marcial também se justificava, devido a conflitos políticos, o Governo Federal ameaçando e intervindo em alguns Estados da Federação. Ameaça a São Paulo se desvaneceu frente à fortaleza da nossa heróica Forca Pública.

Finda a 2ª Guerra Mundial, em 1945, continuou a Força Pública com tropas aquarteladas, a maior parte do tempo, preocupada com os exercícios militares - maneabilidade, construção de trincheiras, manuseio de material bélico em ofensiva ou defensiva, marchas diurnas e noturnas, sobrevivência na selva, golpes de mão de vai e vem, etc, etc -, a grande maioria de oficiais contaminados com a cultura guerreira.

Em boa hora, o cel. Odilon Aquino de Oliveira, na Chefia do Estado Maior, mudou a roupagem da querida Força Pública em 1947 tornando-a guerrilheira em vez de guerreira, para o enfrentamento aos conflitos urbanos e no campo. Criou as Companhias de Trânsito, de Policiamento, de Choque, os alicerces dos Batalhões da capital e do interior, não esquecendo do Regimento de Cavalaria, não mais dando a carga aos inimigos, e sim, ao passo, ao trote ou a galope a serviço da segurança da sociedade paulista.

O Cel. Odilon enfrentou campanhas surdas, carreando para si muitos "inimigos guerreiros", mas... o tempo passou, a cultura mudou e hoje temos 100 mil homens integrados para a defesa e segurança do Estado e de seu povo. No entanto continuou obediente ao Governo Federal, como Reserva do Exército Brasileiro, sentinela da Pátria.

Cel. Odilon Aquino de Oliveira, o senhor foi o divisor de águas. Na década de 40 tentou, no governo de Adhemar de Barros, a fusão com a Guarda Civil. Não conseguiu, mas a semente lançada criou raízes e a planta desabrochou, em abril de 1970, unindo as duas Corporações.

O Cel. Odilon Aquino de Oliveira foi aluno da Missão Militar Francesa, foi herói de tantas Revoluções, agigantando-se na Revolução Constitucionalista de 32, enfrentando Getúlio Vargas nas trincheiras.

Escreveu com o cel. Heliodoro Tenório da Rocha Marques o livro: "São Paulo contra a Ditadura", o que lhes valeu a expulsão das fileiras da tropa Bandeirante. Anos mais tarde, obtiveram na Justiça o retorno à querida Força Pública. Odilon terminou a carreira nas altas funções de Juiz e Presidente do Tribunal de Justiça Militar.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Consciência Negra

A Câmara Municipal de Itapetininga engalanou-se para comemorar o 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra em nossa terra.
Dia 20 de novembro de 1695 foi a morte de Zumbi, o libertador dos escravos. Nasceu Zumbi em 1655, aos 9 anos foi sequestrado no Quilombo dos Palmares por tropas portuguesas, criado por um padre e batizado com o nome de Francisco teve, durante 6 anos, lições de latim e português e ajudava o padre nas cerimônias religiosas.
Aos 15 anos fugiu, voltando para Palmares, na Serra da Barriga em Alagoas, que na época pertencia à Capitania de Pernambuco. No Quilombo encontrou sua avó, a princesa Aqualtune e seu tio Ganga Zuma.
Zumbi desentendeu-se com o tio e assumiu o comando do quilombo, que a essa altura, em 1680, já contava com 30 mil homens, a maioria de negros fugidos, tendo também muitos índios e brancos pobres. A Capitania de Pernambuco, depois de muita luta e de muitos revezes contrar Zumbi, contratou Domingos Jorge Velho, bandeirante paulista, que organizou um exército muito forte, tendo até artilharia para arrasar o Quilombo Palmerino.
Zumbi era o chefe da República dos Palmares e comandou a resistência contra as tropas aguerridas de Jorge Velho. Os negros tinham uma desvantagem, pois estavam cercados no alto do morro, enquanto os atacantes podiam conseguir reforços e farta munição. Os Qilombolas encontravam-se em situação precária, sem munição de boca e de guerra.
Famintos e sem poder de fogo, muitos negros fugiram para o sertão, outros se suicidaram ou renderam-se aos atacantes vitoriosos.
Quando a derradeira trincheira foi batida, Zumbi correu ao ponto mais alto da Serra e viu, lá de cima, o seu reino desmoronado e saqueado. Brandiu então, a sua espada reluzente e saltou para o abismo, acompanhado de seus fieis amigos.
Sua cabeça cortada foi levada para Recife, onde foi exposta em praça pública, no alto de um mastro, para servir de exemplo para outros escravos. Era o dia 20 de novembro de 1695. Em homenagem ao Rei dos Palmares, essa data passsou a ser chamada o Dia da Consciência Negra e Zumbi, oficialmente reconhecido como heróí nacional.
Finda essa primeira cerimônia, a Sociedade dos Veteranos de 32/MMDC Paulistas de Itapetininga! Às Armas!! também prestou homenagem a um herói negro na Revolução Constitucionalista de São Paulo, nascido na terra de Venâncio Ayres.
O Diploma de Honta ao Mérito que transcrevemos, exalta a figura heróica do Cabo Blindado Durvalino de Toledo, veterano de 32:


Noite maravilhosa para mim. Matar a saudade da minha terra, minha querida Itapetininga, onde passei os anos dourados de minha vida e receber o Diploma de Honra ao Mérito Cabo Blindado Durvalino de Toledo, que pertenceu as fileiras do 8º Batalhão de Caçadores da gloriosa Força Pública de São Paulo.





domingo, 27 de novembro de 2011

ROCAM

O Quartel da rua Jorge Miranda, em frente ao nosso Museu de Polícia Militar (antigo hospital da Força Pública) foi Convento dos Agostinianos no século XIX, sendo comprado pelo Estado, em princípio do século XX, para sediar o 2º Batalhão de Infataria, o "Dois de Ouro", vitorioso na Campanha do Paraná.
No decorrer dos anos aquartelou várias Unidades da Corporação e atualmente é ocupado pelo 2º Batalhão de Choque, comandado pelo Cel. Saviolli.
Neste blog é meu desejo ressaltar a figura espartana do Cel. Pedro Resende de Oliveira Mello, o criador das Rondas Ostensivas Com o Apoio de Motoclicletas, que teve a honra de ter o seu nome batizando a Sala de Instrução, que agasalha as maravilhosas máquinas e os maravilhosos pilotos da ROCAM.



O Cel. Mello, como Tenente Comandante da Escolta do Governador  mantinha contato com a Honda e Hyamaha, através de seus representantes em São Paulo, ocasião em que tomou conhecimento do emprego de motoclicletas, pela polícia nipônica, em ocorrências policiais (70% das viaturas, em Tókio, são motocicletas). 



Adquiriu, então, várias revistas especializadas no assunto, aprimorando seus conhecimentos sobre a importante matéria, obtendo também preciosas informações no consulado daquele país.
No posto de Major, em 1988, apresentou o projeto bem detalhado ao Sr. Comandante Geral, obtendo a sua aprovação, recebendo dele a determinação para preparar os pilotos para a nova e nobre missão.



A ROCAM, esplêndida realidade, com a mobilidade de suas motos e capacidade de seus pilotos, presta relevantes serviços ao Estado, pois são os primeiros que assistem aos feridos no caótico trânsito da Paulicéia Desvairada, também os primeiros a enfrentar a fúria e a maldade dos inimigos da lei.
Nessa homenagem, confesso que fui tomado de grande emoção, ao cumprimentar e abraçar o meu querido filho, quando as nossas lágrimas se cruzaram...


domingo, 16 de outubro de 2011

Paulistas de Itapetininga! Às Armas!!

      Dia 03 de outubro pp, estivemos na bela Itapetininga, o Cel. Pesce de Arruda, Cel. Irahy Catalano e eu, convidados que fomos para a inauguração do Monumento, no Quartel do 22º BPM/I, alusivo à Revolução Constitucionalista de 1932.



Frente e verso do Monumento.

      Lá encontramos o Cel. Mário Fonseca Ventura, responsável pela perenidade da história da Revolução Paulista, semeando, pelo interior do Estado, Núcleos de Correspondência da Sociedade Veteranos de 32 - MMDC, da qual é presidente.
      Na terra de Júlio Prestes, o Cel. Ventura encontrou a alma bandeirante nos jovens Jefferson Biajone e Afrâncio Franco de Oliveira Mello, líderes do Núcleo Paulistas de Itapetininga! Às Armas!, criadores também do Diploma de Honra ao Mérito Capitão Francisco Fabiano Alves, ícone da terra, combatente nas Revoluções de 24, 30 e 32.


      Tive a felicidade de morar, na década de 30, em Itapetininga, conhecida como a Athenas do Sul Paulista, pois a cidade contava com excelentes Estabelecimentos de Ensino, pontificando as Escolas de Farmácia, Odontologia e a famosa Escola Normal "Peixoto Gomide".
      Naquele 03 de outubro, no Batalhão da minha querida Polícia Militar, comandado pelo Ten. Cel. Raul Galindo, fui tomado de muitas emoções e tantas recordações de Itapetininga, o chão sagrado da minha juventude.


Imensas saudades:
                 - da  minha Escola Normal "Peixoto Gomide";
                 - dos bailes no Clube "Venâncio Ayres";
                 - das matinês nos cinemas da cidade: São José, São Pedro e Ideal;
                 - dos banhos na cachoeira, no rio do Chá e na lagoa do Carrito;
            - das retretas da banda de música Lyra, no coreto do Largo da Matriz, onde desfilavam lindas meninas, que empolgaram nossos corações;
             - do trote nos calouros da Escola Normal e das Faculdades de Farmácia e Odontologia, jogados seminus no repuxo da Praça dos Amores;
           - do Alto-falante do Ciro Guidugli, na mesma praça, irradiando o "correio romântico", entremeado de ofertas de música de Paraguaçú, Vicente Celestino, canções de Silvio Caldas, sambas de Chico Alves, valsas de Orlando Silva e Carlos Galhardo e os tangos de Gardel, além de notícias de acontecimentos no Brasil e no exterior;
              - das procissões e festas religiosas, entre estas a da Nossa Senhora da Aparecida do Sul, famosa na região;
           - dos comícios dos Partidos Constitucionalista (PC) e Republicano Paulista (PRP), que acabavam sempre em correrias, brigas e facadas (esses partidos tinham os seus 'viveiros', que ofereciam alimentação, vestuário e até dentaduras de graça em troca de votos);
            - dos pães e doces da padaria do "Vadozinho" e dos jogos de sinuca na sala do "Romão";
              - dos jogos esportivos nas quadras da Peixoto Gomide e do Quartel do 5º BC;
            - das idas à Estação em 1930 e 32 para aplaudir as tropas que demandavam Itararé para defesa do idealismo paulista;
                  -  da chegada do 5º BC do Exército, em 1935, o povo ainda magoado com a derrota de 32. Aos poucos, o Batalhão conquistou a cidade. Jovens oficiais conquistaram os corações de lindas "Athenienses" e muitos casamentos aconteceram. Vários daqueles tenentes ascenderam na carreira militar, chegando ao generalato, entre outros, da minha lembrança, os generais Ribeiro e Glicério.

      Pareceu-me que havia esgotado todos esses 'recuerdos', mas as gavetinhas do cérebro vão se abrindo e as  lembranças chegam:

               - da visita do Conde Matarazzo, em 1936, criando o Clube Italiano Lavoro Dopo  Lavoro, órgão de propaganda do fascismo de Mussolini;
               - dos desfiles dos Camisas Verdes do Partido Integralista de Plínio Salgado;
             - da visita à Escola Normal, de oficiais do Estado Maior, da 2ª Região Militar, entre eles, o Cap. Dilermando de Assis, estigmatizado como O homem que matou Euclides da Cunha. Voltaria a encontrá-lo, em 1948, em São Paulo, já general do exército, no Palácio dos Campos Elíseos, quando entregava ao Governador Adhemar de Barros, o convite de casamento de uma de suas filhas;
                 - do "Dito Assobiador", homem simples, que vivia de bicos, sozinho no mundo, que durante anos e anos precorria as ruas de Itapetininga, assobiando músicas clássicas e populares. O seu coração e seus pulmões pararam e A Tribuna Popular do jornalista Galvão publicou: "Morreu o Dito Assobiador: o homem que durante vários anos encantou e alegrou a cidade com seu assobio";
                 - do cantor famoso Almir Ribeiro, mais conhecido como "Didi de Itapetininga", falecido em 1958, afogado em Punta de  Leste, no Uruguai;
                 - da inauguração da Estação de Rádio PRD-9 comprada de Sorocaba, se não me engano por Bertolino Rossi;
                - do soldado gaúcho, fuzilado em 1930, por ter estuprado uma jovem e matado seu tio, o comandante da praça era o General Portinho;
             - de um certo capitão de e alguns tenentes, se não me engano, em 1938, que invadiram de cueca o Clube "Venâncio Ayres";
             - da Estação repleta, na despedida do 5º BC, em 1937, para Santa Catarina devido à ameaça de uma revolta de Flores de Cunha (ex-governador gaúcho) e Armando Sales de Oliveira (ex-governador paulista), contra Getúlio, namoradas e noivas derramando suas lágrimas...
         - da normalista Alzirinha Camargo, que se projetou no Rio de Janeiro, como cantora e a artista de cinema, além de atuar na Argentina, EUA e países da Europa;
         - da normalista Anésia Pinheiro Machado, que se apaixonou pela aviação quando um avião da Força Pública pousou na cidade, em 1920. Vindo à capital, tirou seu brevê no Campo de Marte, projetando-se na aviação brasileira e conhecida internacionalmente, pilotando aviões maiores, de 2 e 3 motores. Com Tereza de Marzo e Ada Rogato, são as primeiras mulheres aviadoras do Brasil;
         - dos ataques dos vermelhinhos de Getúlio Vargas, no campo de aviação, bombardeando e metralhando alguns pontos da cidade;
           - da alegria do povo de Itapetininga recepcionando o Presidente Júlio Prestes que voltava após 4 anos de exílio na Europa, motivo da Revolução de 30. Lembro-me de seu pai, Cel. Fernando Prestes, à frente de um esquadrão a cavalo saudando o filho querido, em 1934. 
           - era tradição em todos os anos, nos dias de Finados, pessoas caridosas da cidade levarem para centenas de leprosos, que se reuniam em frente ao cemitério a espera de esmolas e de cestas e mais cestas de pasteis e sanduíches. Essa tardição terminou depois de 30, quando foram construídos os leprosários em São Paulo (Santo Ângelo), em Itu (Pirapitingui) e em Bauru (Aimorés).
           Prometo voltar a este blog se mais lembranças tiver. Retornemos ao Quartel do 22º Batalhão para aplaudir o belo Monumento, as belas palavras dos oradores, o garbo do desfile da tropa e dizer da minha gratidão e orgulho ao receber o Diploma de Honra ao Mérito Capitão Francisco Fabiano Alves.



      E a alegria de encontrar meus primos: Afrânio e Dudu Franco. Nesta oportunidade quero parabenizar Itapetininga pelo evento histórico e agradecer as autoridades e seu povo.



      No fecho destes meus escritos, quero destacar o altruísmo do povo paulista em 32. Acusaram-nos de separatista, justamente São Paulo,  o Estado mais brasileiro da Nação, o Estado que deu a grandeza geográfica da Pátria com seus heróicos bandeirantes, que chutaram as Tordesilhas para as bandas do Pacífico, o Estado que garante robustez econômica do nosso amado Brasil, o Estado que tem na base de seu brasão a legenda: Pro Brasilia Fianti Eximia (Para o Brasil façam-se grandes coisas). E na sua bandeira, a bandeira das 13 listras a única dos 27 Estados que tem o mapa do Brasil:


      Vejamos a beleza de sua heráldica: DE DIA E DE NOITE (as listras brancas e pretas) OS PAULISTAS DEFENDEM O BRASIL (o círculo e o mapa) EM TODAS AS DIREÇÕES (os pontos cardeais) MESMO COM SACRIFÍCIO DA PRÓPRIA VIDA (vermelho - sangue).


O Quartel foi construído pela Força Pública em 1931 - sediou o 8º BC na Revolução de 30 e 32 - em 1935, foi ocupado pelo 5º Batalhão de Caçadores do Exército e atualmente é sede do Departamento de Estradas e Rodagem do Estado- DER.


      Minha sugestão é que a Polícia Militar reivindique a posse desse monumento histórico, sendo fácil conseguir uma permuta com o Quartel do atual 22º BPM/I.

domingo, 2 de outubro de 2011

O Paraquedismo na Força Pública

          O post anterior focalizou a quarta etapa da história de nossa aviação, existindo um grande compasso de espera para a etapa seguinte, a quinta, pois, com a derrota de São Paulo, perdemos, como já foi descrito, o Campo de Marte e os Quartéis de Itapetininga e do Glicério, como presas de guerra.
          Com o decorrer dos anos, o Governo Federal devolveu a São Paulo os dois quartéis, continuando de posse de grande área do Campo de Marte, ocupado, nos dias de hoje, pelo Parque da Aeronáutica, do 4º Comando Aéreo da Força Aérea Brasileira.

          Uma pergunta, talvez, o leitor queira fazer: Como e por que a Força Pública possuía um Núcleo de Paraquedistas?
          Resposta: Em 1950, um civil de nome Wolfrado Rodrigues, diplomado pela Escola de Paraquedismo de São Paulo, procurou, no 7º Batalhão de Caçadores de Sorocaba, o oficial de dia, dando a ideia da fundação de um grupo de paraquedistas naquele batalhão.
          Tomadas, por termo, todas as informações do referido senhor, mandou o comandante o processo para a devida apreciação da Diretoria Geral de Instrução, no qual a ideia foi bem acolhida, resolvendo o Cel. Diretor propor ao Comandante Geral a sua aprovação, formando-se, pois, o Núcleo de Paraquedismo, não em Sorocaba e sim na própria capital.

          Colaborou e muito, o Ten. Milton Cyríaco de Carvalho, do Quartel General, conseguindo formar já a primeira turma, pela Escola de Paraquedismo Civil de São Paulo, situada no Campo de Marte, no ano seguinte, constituindo a quinta etapa, desta brilhante história.
          Outro oficial que deu muito impulso foi o Cap. Adauto Fernandes de Andrade que, na época, servia no gabinete do Dr. Erlindo Salzano, vice-governador do Estado. Sendo também o Dr. Salzano um oficial do nosso Corpo Médico, o entusiasmo de ambos conseguiu do Dr. Adhemar de Barros (Diretor da Aerovias Brasil) todo o apoio moral e material, autorizando que os alunos se utilizassem de seus aviões e de DC-3 da Vasp, determinando, ainda, a compra de 20 paraquedas modernos para a Corporação.
          As aulas teóricas eram dadas na Escola de Paraquedismo Civil do Estado, no Campo de Marte e, na parte prática, para a obtenção do brevê eram obrigatórios cinco saltos.
          Várias publicações nos Boletins Gerais do Quartel General autorizaram os referidos saltos; por curiosidade transcrevemos um deles:

Núcleo de paraquedista - execução de salto: (Bol. Geral nº 97, de 5/5 e Reg. nº 82, de 11/5) - Foi público que no dia 26/04/1953, em Porto Ferreira, neste Estado, os alunos executaram os 4º e o 5º saltos de paraquedas usando os automáticos, os elementos matriculados no Curso de Paraquedista da Força Pública, tendo dirigido os saltos, o Cap. Adauto Fernandes de Andrade.

          O entusiasmo aos poucos foi arrefecendo, faltando verbas para a compra de novos e modernos equipamentos mas, um ponto do seu roteiro glorioso, é bom que o leitor se delicie com o artigo abaixo, extraído do livro: Clarinadas da Tabatinguera, no qual é relatada a história do...

Capitão Djanir Caldas - duas loucuras
  A tragédia do avião President da Pan American

          Era o dia 29 de abril de 1952, quando o mais moderno avião de passageiros do mundo, da Pan American denominado President, sobrevoava de madrugada a selva amazônica, com 60 criaturas humanas, entre tripulantes e passageiros.
          Ali estavam brasileiros, norte-americanos, paraguaios, argentinos, homens e mulheres, adolescentes e crianças unidos pelo destino, para escreverem a mais trágica página que a aviação tinha registrado em plagas sul-americanas, até aquela data.
          Seriam 4 horas e tudo ia bem a bordo do quadrimotor. As comunicações com a torre procediam-se normalmente e, quando o rádio silenciou, foi para sempre, levando para a incomensurável profundeza da selva, dezenas de almas.

O "strato-cruiser" da Pan American - President

          Não havia dúvidas para as autoridades brasileiras e norte-americanas, que sobrevoaram o local, sul do Estado do Pará, de ser humanamente impossível haver sobreviventes, bem como ser impraticável o salto de paraquedas. Este pensamento foi, posteriormente, superado pela coragem de 14 paulistas, 7 da então Força Pública e 7 do Clube de Paraquedistas Civis.
          Cerca das 15h, do dia 7 de maio, um DC-3, da Aerovias Brasil, cedido pelo grande político Dr. Adhemar de Barros, levantou voo do Campo de Marte, deixando os ceus nublados de São Paulo, pousando em Porto Nacional, para a sublime missão. Comandava os paraquedistas da Força Pública, o Cap. Djanir Caldas, sendo sua missão apenas de oficial de ligação com as autoridades (havia oficiais superiores nossos e da Aeronáutica), no entanto, nesse dia 7, apresentou-se ao Cel. Ex. Ribamar de Miranda, seu Comandante e o diálogo se fez:

- Senhor Coronel, eu vou saltar com os meus soldados.
- O senhor é paraquedista capitão?
- Não senhor. Nunca vi um paraquedas.
- Então, o senhor não pode saltar.
- Senhor Coronel, não posso deixar que meus soldados saltem na floresta virgem e fiquem sozinhos, sem um oficial presente. Isso nunca aconteceu na história da Força Pública.
- Mas é uma temeridade Capitão Djanir, não posso e não devo dar essa permissão.
- Então, senhor Coronel, eu me licencio da Corporação e saltarei como civil voluntário e serei o único responsável pelo que me acontecer. Firmarei um documento nesse sentido.

          Este último argumento foi aceito pelo Cel. Ribamar, pois não foi possível demovê-lo de sua obstinada intenção.


          No dia 11, o DC-3 sobrevoou o local exato do salto, baixou a 300 metros, reduzindo a velocidade. Os paraquedistas expiaram pela janela e viram aquele oceano verde estender-se ao infinito e quase certo que tiveram medo. Treme carcaça...

Os paraquedistas civis 

          Talvez, naqueles segundos, tenham vindo à lembrança as estórias terríveis da Amazônia: índios bravios e antropófagos, feras descomunais, formigas gigantes, árvores e insetos carnívoros, areias movediças... mas, ali estavam, com as consciências voltadas com o dever a cumprir, e uma força inabalável os impulsionava para o salto naquele inferno verde - a força misteriosa da solidariedade humana.
          Djanir contou-me, na ocasião: "Que alguns soldados já haviam saltado e quando se abriu a porta do DC-3, para que eu saltasse, senti um vento forte no meu rosto, que ficou insensível, como se estivesse anestesiado. Num relance fiz o sinal da cruz, pensei carinhosamente em minha esposa, esperando nosso segundo filho, na minha filhinha querida e me projetei no espaço; toquei emocionado o chão paraense com alguns arranhões e a alma sôfrega. Em pouco tempo, reunimo-nos para o trabalho penoso de construir um heliponto. Fizemos mais, limpamos o terreno em grande extensão, o que permitiu também o pouso de aviões pequenos. Tudo isso, fizemos com nossos facões, nossos músculos e nossa força moral e espiritual".

Os paraquedistas militares

          A repercussão do feito heróico ultrapassou nossas fronteiras, os jornais americanos projetando o salto dos nossos 14 paraquedistas, destacando a loucura divina do Cap. Djanir Caldas, que recebeu, com todos os seus companheiros, as condecorações e medalhas, ressaltando a nobreza da solidariedade humana.
          O Governador do Estado, Lucas Nogueira Garcez, decretou a promoção de todos os militares ao posto imediato por ato de bravura. Rápida foi a promoção dos 7 praças paraquedistas, providência cumprida pelo Comandante Geral da Força Pública. Mas, a promoção de oficial era competência do governador.
          O processo demorou demais e, quando tudo estava nos conformes, o Governador era Jânio Quadros que, enfurecido pela projeção política do seu adversário Adhemar de Barros, ordenou a presença de Djanir em seu gabinete.
          Bem com a vida, despreocupado, Djanir rumou aos Campos Elíseos e, qual não foi sua surpresa desagradável quando Jânio, desvairado, com o dedo em riste, vociferou contra ele, em tom ameaçador. Djanir, imperturbável, quedou-se em silêncio, até que Jânio findasse aquele extenso palavreado estúpido e desenfreado.
          Calmo, com a postura espartana, revidou enfaticamente ao Governador:

          - Vossa Excelência não está me ofendendo. Vossa Excelência está ofendendo a minha Corporação, a farda honrada da Força Pública. Como oficial, não admito tal ofensa.

          Jânio, extravasando seu ódio, não o promoveu, desrespeitando o decreto do Governador Garcez, determinando, ao Comandante da Força Pública, que transferisse Djanir para o Batalhão mais distante da capital, como castigo.
          Outra loucura de Djanir: era ele o capitão mais antigo da Corporação e sua promoção, certamente, ao posto de major, se daria em agosto. Ele não cumpriu a ordem de transferência e, tão pouco, se ligou para o perigo de ser submetido a julgamento no Tribunal Militar, pelo crime de desobediência ao Governador e, quando um oficial superior, com escolta, chegou à sua residência, com ordem de conduzi-lo preso ao Quartel General, Djanir, com a maior calma do mundo, entregou-lhe um requerimento solicitando demissão das fileiras da Força Pública.
          Que personalidade fortíssima! Jogou fora quase 30 anos de serviço e os vencimentos de major e seria tenente coronel, com certeza, pelo decreto do ato de bravura. Quem teria coragem de tanta loucura?
           Tudo isso, fielmente relatado, foi depoimento seu, quando era elaborado o livro O Salto na Amazônia. Com tristeza, o autor soube de sua apertura financeira, a preocupação e o zelo com sua família, o abandono e o esquecimento de muitos amigos. Djanir empregou-se no Mackenzie, como professor de química, depois de vencer forte competição.
          Milagrosamente, o Dr. Adhemar de Barros foi eleito Governador para o quatriênio 1960-64 e, já conhecedor da grande injustiça de Jânio Quadros, determinou ao Comandante da Força Pública, que desarquivasse e lhe mandasse o processo referente a Djanir, pois sua intenção era promovê-lo, resgatando tamanha maldade.
          No entanto, a ordem não foi cumprida de imediato, precisava de autuação de vários documentos, revisão de datas, aquela burocracia tremenda! Passou o primeiro ano e nada, veio o segundo ano e nada feito, o processo evoluía somente de gaveta a gaveta, de gabinete a gabinete, de seção a seção e nada, a máquina emperrava, a burocracia era complicada demais e misteriosa (a bem da verdade é preciso que se diga, que houve negligência e, porque não afirmar, sabotagem de colegas, enciumados e invejosos...).
          No último ano de seu governo, Adhemar se desesperou, bateu duro na mesa, ordenando que lhe trouxessem o processo com urgência e, quando sua ordem estava sendo cumprida, em 2 de julho de 1966 ele, Adhemar de Barros, foi cassado politicamente pelo Presidente Castello Branco.
          Quando tudo parecia perdido, surgiu um anjo da guarda, acidentalmente; Djanir encontrou-se com o Dr. Paulo Pestana, Delegado de Classe Especial da Polícia Civil, seu grande amigo e admirador, na época Secretário de Turismo do Estado que, conhecedor de tantas injustiças sofridas pelo heróico e louco "paraquedista", contou ao Governador Roberto de Abreu Sodré toda essa história novelesca.
          Emocionado, Sodré, depois de legalizado todo o processo, promoveu Djanir a tenente coronel em 1967, 15 anos depois da tragédia do avião President.
          Agora, com os vencimentos de tenente coronel, ele pode dar o conforto pleno à família, mas não deixou o Mackenzie, continuou trabalhando e, mercê de sua capacidade de trabalho, inteligência e cultura, aliados aos valores éticos, galgou postos de chefia naquela famosa universidade.
          Mas, um fato novo deveria acontecer, para encher de alegria e orgulho toda a família e seus leais amigos. O livro histórico O Salto na Amazônia caiu nas mãos de um jovem e talentoso advogado, o Dr. D'Asti de Lima, que o anexou a um processo, reivindicando a promoção por ato de bravura, como havia decretado o governo Garcez, em 1952.
          A ação judicial do Dr. D'Asti foi vitoriosa, promovendo Djanir a coronel, em 1991, sendo então cumprido aquele decreto estadual de 1952, apenas... 39 anos depois!!!

         Nota 1: as imagens reproduzidas neste post atestam o dever bem cumprido dos paraquedistas de São Paulo, que na ocasião foram considerados loucos mas, na verdade, foram, pensamos nós, os precursores do PARASAR, organismo de elite, composto de paraquedistas da Força Aérea Brasileira, que tem cumprido sua missão nos mais distantes pontos do território nacional, colaborando em calamidade de outros países, vivendo páginas de glórias onde quer que haja uma vida a salvar!

            Nota 2: O Campo de Marte pertenceu, em toda a sua extensão, à então Força Pública, onde eram realizados, como já vimos, os treinamentos e desfiles da tropa. Com o correr dos anos, ele fragmentou-se, aquartelando, nos dias atuais, o Parque da Aeronáutica da FAB, Escolas de Aviação, de helicópteros, inclusive a da Polícia Civil, de Paraquedista e outras Repartições do Estado. Aquartela também o Grupamento Aéreo da PM, com seis aviões e 25 helicópteros, os Águias, o cartão de visita da Corporação. É a sexta etapa da presença nossa no histórico Campo. E temos a certeza de que o Grupamento veio para ficar.