Boa leitura!

domingo, 9 de junho de 2013

EVANGELINA

Nos idos de 1943, o Ten. Cel. Sebastião do Amaral, Comandante do Regimento de Cavalaria da Força Pública, e o Diretor da Sociedade Hípica Paulista combinaram a realização de um concurso hípico entre as duas Entidades, culminando com a apresentação de um Carroussel, com o objetivo de angariar fundos para a compra de um avião ambulância, que seria doado à Força Aérea Brasileira, para o seu emprego em auxílio dos bravos expedicionários do Brasil, que lutavam nos campos da Itália, na Segunda Grande Guerra Mundial (1939-45), defendendo as nações democráticas contra o nipo-nazi-facismo.
Integravam o Carroussel doze oficiais diplomados pelo Curso de Alta Equitação do Regimento.
O Carroussel foi um sucesso, o ponto alto da festa, espetáculo grandioso e de rara beleza, sobre impressionar a fina platéia da sociedade paulistana, emocionou-a! E não era para menos, porque o movimento uniforme e cadenciado dos soberbos animais – zainos e alazões – pôs em evidência o alto adestramento, numa demonstração soberba. Dóceis e obedientes, eles estavam como que inteirados da grandeza do motivo que deu azo àquela magnífica realização, doar à Aeronáutica o avião ambulância, batizado com o nome de Evangelina.
Evangelina Wright Paes de Barros Oliveira foi das primeiras vítimas do Brasil na Segunda Grande Guerra, encontrando a morte em consequência do torpedeamento de um navio da nossa Marinha Mercante, no qual viajava com seu esposo (nossa Marinha perdeu dezenas de navios no Atlântico, afundados por submarinos alemães, vitimando centenas de vidas).
Trágica lua de mel! Quando criança, Evangelina sempre habitou as terras elevadas da fantasia. Unindo seu destino ao homem dos seus sonhos, ela sublimou a mágica alegoria da felicidade.

“O oceano que absorveu o seu corpo seja bendito”.

Agora, Evangelina, permita-nos que falemos do seu avô, o inglês Edmundo Wright que, no último quartel do século XIX, adotou o Brasil como Pátria, São Paulo como morada e o Corpo de Cavalaria como destino.
Qual mãe generosa, a Tropa Paulista abriu-lhe os braços e o fez seu soldado, defensor da Lei e da Ordem.
Em 1895, Edmundo Wright, comandou o Corpo de Lanceiros, hoje, Regimento “9 de Julho”. Quando, já aposentado e integrado na família paulistana, gozando o repouso dos homens impolutos, deflagra a Primeira Grande Guerra (1914-18), eis que o bravo guerreiro interrompe o seu descanso e ruma à Pátria de origem para defendê-la, lutando pelo sagrado postulado da Democracia. Na dura refrega, à frente dos lanceiros ingleses, é varrido pela metralhadora inimiga. Nos estertores da agonia é certo que ele voou, na sua agonia, à bela São Paulo, para beijar a esposa e filhos brasileiros.

“Bendito o solo da França que acolheu o seu corpo”.

Como são misteriosos os desígnios de Deus! Avô e neta, heróis de duas Guerras, mártires de dois mundos.

2 comentários:

  1. Que belo texto! Tocante! Edmundo Wright era meu bisavô, cresci ouvindo a triste historia de Evangelina! Abraços Silvia Wright Arnesen

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  2. Obrigada pelo belo texto e me junto à Silvia somando mais um sorriso. Somos primas e bisnetas do Coronel E. Wright.
    Denise A. Wright

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