Boa leitura!

domingo, 1 de junho de 2014

ESTÓRIAS PICANTES

     Há muitas passagens interessantes, que ouvimos alhures, que precisam ser repassadas, para que não sejam esquecidas na voragem dos tempos, sendo necessário que os aprendizes de agora, passem-nas para frente, para outras pessoas, que também repetirão às gerações vindouras.
     Vou começar com uma estória, que não é nossa e sim do Exército Americano, em plena Segunda Grande Guerra Mundial (1939-45). Sabemos que o Exército do Tio Sam invadiu o norte da África, para combater os inimigos nazi-fascistas, (Hitler e Mussolini), e isso aconteceu com a ajuda do Brasil, autorizando o trampolim para a África na base de Natal, no Rio Grande do Norte.
     Não me lembro se foi no Egito ou no Sudão, população de cultura árabe ou muçulmana, quando um coronel americano ficou furioso com a seguinte cena em pleno deserto:

Uma mulher grávida, com um menino nos braços, com feixes de lenha na cabeça, três filhos pequenos agarrados à sua saia, caminhava pelo deserto, tendo à frente o seu marido montado num belo corcel. O coronel, num gesto brusco, fez apear o chefe daquela pobre família, com voz de prisão e, com palavras incisivas, advertiu-o de sua atitude desprezível, vergonhosa, ele a cavalo e sua mulher exausta, grávida, carregando uma criança, com feixes de lenha na cabeça e filhos menores agarrados a sua saia...
Nesse momento, a mulher tomada de ira, debaixo de um calor abrasador, ameaçou agredir o coronel, proferindo as seguintes palavras, traduzidas por um assessor árabe: O senhor não tem nada com a nossa vida, cuide da sua. Deixe-o em paz para nossa caminhada. Quero o meu marido bem descansado em casa esta noite.

     O Mal. Floriano Peixoto foi nosso segundo Presidente da República, sucedendo ao Mal. Deodoro da Fonseca, que, doente e atribulado pelas lutas políticas, renunciou, passando o governo ao seu vice-presidente, em 1891.
     O novo Presidente, pela Constituição, seria obrigado a convocar novas eleições, mas não o fez. Continuou governando o Brasil, com mão de ferro e muitos almirantes e generais que reclamaram, foram despojados de suas funções e reformados.
     Na Revolta da Armada, em 1893, no Rio de Janeiro, os Alms. Saldanha da Gama e Custódio de Melo aliaram-se aos Federalistas do Rio Grande do Sul, comandados por Gumercindo Saraiva. A intenção, entre outras, era a restauração da Monarquia.
     O Presidente de São Paulo era Bernardino de Campos, que, ajudou Floriano Peixoto a consolidar a novel República, ordenando à Força Pública, que fechasse todos os portos do litoral paulista, impedindo o desembarque de navios de guerra da Marinha e também guarnecesse a fronteira do Paraná, ameaçada de invasão pelos rebeldes do sul. Depois da retirada dos federalistas gaúchos, o nosso 2º. Batalhão de Caçadores também tomou parte no cerco da Lapa, próximo a Curitiba, de lá voltando vitorioso com o título de “Dois de Ouro”.

     Vamos deixar a história de lado e penetrar em duas estórias de Floriano:


     No posto de Major, Floriano comandava um Batalhão de Caçadores, sediado numa cidade do interior de Santa Catarina.
     Além de suas funções normais como Comandante, o que mais o irritava eram as constantes aparições de mães, queixando de soldados do Batalhão, que “teriam feito mal” às suas filhas. Eram dezenas de mães aflitas, que jogavam ao nobre major a solução de seus problemas.
     Floriano, depois de consultar seus oficiais, deliberou reunir no quartel todas as mães queixosas, que, pressurosas, atenderam ao convite e dezenas delas reuniram-se na ante-sala do Comando. Calmamente o major ouvia queixas e mais queixas do grande mal, praticado pelos seus subordinados. Depois de algum tempo sentenciou: Senhoras mães, segurem as suas cabras em suas casas, que eu segurarei os meus bodes no quartel. E a reunião foi terminada.



     Algum tempo depois, no mesmo quartel do interior de Santa Catarina, o Maj. Floriano recebeu a visita de uma mocinha, queixando do soldado tal, que dias antes, num domingo à noite, numa praça deserta, os dois de folga, quando aconteceu a tragédia, pois tinha sofrido o grande mal, cometido pelo seu namorado; inconformada, ela pediu uma solução enérgica do Comandante, talvez obrigando o soldado a casar.
     Floriano ouviu com muita serenidade, resolvendo, tomar por termo as declarações da queixosa. Perguntas, respostas, mais perguntas e respostas, chegou ao fim a declaração acusatória da grande “vítima”.
     Foi lido todo o termo declaratório, chegando a vez das assinaturas, da mocinha e do Comandante.
     Na época, as canetas eram diferentes, dotadas de pena e esta tinha que ser molhada e, quando ela ia assinar, o major mudava a posição do tinteiro; repetiram-se as cenas várias vezes e sempre o tinteiro mudava de posição, pelas mãos do Major.
     Aí a moça reclamou: “Como é que o senhor manda assinar e tira o tinteiro da caneta?” Calmo e fleugmático, Floriano respondeu:

    - Porque a senhorita também não fez o mesmo naquela noite de domingo no parque deserto?...

     É atribuída a Floriano a seguinte frase:

     "Para quem Deus não deu filhos, o diabo deu sobrinhos".

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