Boa leitura!

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

A AÇÃO TÁTICA DE JOÃO CABANAS NO EIXO DA MOGIANA EM 1924




“Nove mapas ilustram a situação

tática e estratégica na evolução

da luta.O leitor atento às manobras

focalizadas nos mapas, certamente

aprenderá um pouco da arte da guera”.



           Este livro, que tenho a honra e apresentar, chegou para um resgate da História, para redescobrir um personagem, um mito, um herói ou bandido, que foi João Cabanas, Tenente da antiga Força Pública na Revolução de São Paulo.

           Sua fama perdurou por muito tempo,varou anos e anos mas, com o suceder de gerações, foi sendo esquecido e, nos dias de hoje, apenas os homens de cultura sabem quem foi o bravo, arrojado, engenhoso, também estigmatizado como sanguinário, vândalo e bandoleiro.

           Os adjetivos acima copiei-os deste livro A AÇÃO TÁTICA DE JOÃO CABANAS NO EIXO DA MOGIANA EM 1924, de autoria do acadêmico, emérito historiador da nossa heróica milícia, o Major  Hélio Tenório dos Santos.

          Chegou-nos essa obra em boa hora, porque ela acrescenta algo mais, soberbamente valioso, para somar à saga do Tenente João Cabanas, herói de tantas façanhas e loucuras.

           O agudo sentido do autor, na pesquisa inteligente, nos traz à luz importantes fatos adormecidos no tempo e no espaço, que somente a sua lupa investigatória podia descobrir, vasculhando alfarrábios, jornais amarelecidos, livrões poeirentos, empilhados em porões de bibliotecas de nossos quartéis, arquitetura de seteiras.

           Uma simples notícia de que Cabanas havias passado a noite, de 4 para 5 de julho, com uma namorada, aguçou a curiosidade de Hélio Tenório, que procurou a verdade, descobrindo que a dama misteriosa era Olga Navarro, imigrante italiana, artista de cinema e teatro. Descobriu também que Olga Navarro participou do filme TREM DA MORTE, no qual ela era a mocinha, inspirada na atuação de Cabanas, seu grande herói e amante.
 
           No livro A COLUMNA DA MORTE (pág. 31), Cabanas revela, após a ocupação do Palácio dos Campos Elísios, que: “fui até as trincheiras que em frente dele haviam levantado os governistas. Aí encontrei um banco e pela falta de alimentos descansei alguns minutos que eu não esqueço; tive ante mim uma visão de estímulo e carinho...”

           A indagação de Hélio Tenório  neste seu livro -  quem seria essa visão de carinho? Seria Olga Navarro, saudosa, sedenta de amor pelo seu grande Herói?

           O brilhante autor também nos apresenta Cabanas, não como um simples tenente cumpridor de ordens, mas sim um comandante de vontade própria, resolvendo de imediato todas as situações críticas de uma guerrilha. A tática das pequenas unidades aprendeu com os instrutores da Missão Militar Francesa, mas a visão global, estratégica podemos dizer, brotou do seu raciocínio rápido e seguro.

           Muitos exemplos poderíamos citar das suas atuações e decisões mas deixemos que o leitor se delicie com o conteúdo da obra histórica que o autor nos presenteia.

           Não fora Cabanas, manobrando estrategicamente, a Revolução findaria nas cidades de Campinas ou em Bauru.

           Com poucos homens, embarcando em vagões ferroviários dezenas de troncos de madeira encenando canhões, centenas de caixões “contendo” metralhadoras, granadas e munições, todos cobertos de lona e mais ainda o tropel dos seus soldados cantando canções populares, ele espelhava o terror e o pânico. Com isso, muitas tropas regulares legalistas, comandadas por oficiais de patente, fugiam apavoradas, pois as notícias chegadas pelos telégrafos das estações apontavam 5.000 revolucionários e na verdade os seus homens eram apenas 50, armados de fuzis.

           A ação tática de João Cabanas no eixo da Mogiana (título do livro) frustrou o avanço dos legalistas mineiros para Mogim Mirim e Campinas, como também a tomada desta região brecou os governistas do sul, que já haviam conquistado Sorocaba. Os governistas fugiram com o grito: Cabanas vem aí!

           Essa guerra psicológica permitiu que os revolucionários de 24, comandados pelo General Isidoro Dias Lopes e Major Miguel Costa, em trens da Paulista e Sorocabana, atingissem o Rio Paraná, descendo até Foz do Iguaçu, ponto de partida da Divisão Revolucionária, que percorreu 30.000 quilômetros pelos afastados rincões da Pátria, perseguida pelos legalistas, realizando a maior marcha militar do planeta que suplanta Alexandre o Grande e os Generais Hamilcar e Aníbal, heróis de Cartago.

           Nove mapas ilustram as situações táticas e estratégicas na evolução da luta. O leitor atento às manobras, focalizadas nos mapas, certamente aprenderá um pouco da arte da guerra.

           O autor, Major Hélio Tenório dos Santos, já é uma referência na Corporação. É titular da cadeira “General Miguel Costa” da Academia de História Militar Terrestre do Brasil. Viajou diversas vezes pela Europa, em Portugal, Espanha, França, Bélgica, Suíça e Inglaterra, estudando as fortificações medievais, as táticas e os campos de batalha de Napoleão e das guerras mundiais. Na Ásia estudou as guerrilhas do Vietnã, Camboja, Laos, Malásia e Indonésia. Por dois anos, cumprindo honrosa missão das forças de paz da ONU, esteve no Timor Leste, ajudando na formação do jovem país, combatido pelos indonésios e milícias timorenses.

           Um detalhe: o Major Hélio Tenório dos Santos é forte, inteligente, alto e magro. Cabanas também o era.





Um comentário:

  1. Conforme a história nos convence, São Paulo sempre teve um exército de defesa desse estado (a legião de idealistas) e até mais bem treinado do que as forças armadas desse tempo, por experiência, o Tenente João Alberto, começou a deslocar os nosso armamento para fora do Estado de SP em 32. A pergunta que faço é: Por que o criminoso sempre tem direitos e porquê não aprimorar a arte da guerra psicológica contra bandidos assassinos nos dias atuais.

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