Na década de 40, a VASP foi recordista em desastres com seus trimotores, na ponte aérea Rio-São Paulo.
Na ocasião era chiquérrimo os noivos passarem a lua de mel na cidade maravilhosa, o Rio de Janeiro, nossa antiga Capital Federal. Eles cumpriam o roteiro obrigatório, durante o dia o banho na praia de Copacabana e as subidas ao Pão de Açúcar e ao Corcovado e à noite o roteiro era outro...
Devido às constantes tragédias, na ida ou na volta, o anedotário popular insinuava aos padres mudarem a frase “até que a morte os separe” para “até que a Vasp os separe”.
Em 1943 uma aeronave vaspeana projetou-se nas águas da Guanabara, morrendo todos, tripulantes e passageiros. Entre os mortos duas figuras ilustres:
O Arcebispo de São Paulo Dom José Gaspar de Afonseca e Silva e o empresário e jornalista Dr. Cásper Líbero. Dom José Gaspar, mineiro de Araxá foi Bispo e Arcebispo de São Paulo. Possuía os cursos Universitário, Filosofia e Teologia, graduando-se também em Direito Canônico em Roma. Foi nomeado Arcebispo em nosso Estado em 29 de julho de 1939, aos 38 anos de idade.
O Dr. Cásper Líbero era natural de Bragança Paulista, grande jornalista. O seu legado é hoje a notável Fundação Cásper Líbero, abrigando o jornal, a rádio e a televisão A Gazeta e a Faculdade que tem o seu nome.
O velório de Dom Gaspar foi na nave da Igreja de Santa Efigênia e do jornalista Cásper Líbero no salão nobre da antiga Gazeta (Rua da Conceição, hoje Rua Cásper Líbero). Os dois velórios, portanto eram próximos, quase vizinhos.
Coube à Força Pública organizar a guarda fúnebre do Arcebispo Dom José Gaspar, em respeito a sua hierarquia eclesiástica. Durante 24 horas os cadetes se revezavam para a honrosa missão, de 15 em 15 minutos, dois à cabeceira e dois aos pés do ilustre morto, carregando seus fuzis com os canos para baixo, em rigorosa posição de sentido, a respiração lenta e reduzido o piscar de olhos, atentos à ronda oficial.
Numa das rendições, um dos cadetes tinha o olho esquerdo com forte grau de estrabismo, causando ao colega de frente um mal estar terrível naquele olho a olho; estava aflito e angustiado, e da angústia veio a explosão, jogou o fuzil e, como um doido, correu pela nave em direção à rua (era madrugada, apenas algumas beatas velavam Dom Gaspar).
Foi energicamente detido e, depois de alguns minutos, já calmo, procurou justificar ao tenente sua falta grave... desculpe-me senhor, eu não resisti olhando aquele olho meio torto, acho que até o senhor no meu lugar não aguentaria... o jovem cadete não pode concluir a frase, porque teve que socorrer seu superior que, curvado e cambaleante, quase apoplético, dava gargalhadas às escâncaras...
Este blog destina-se a manter contato com pessoas ligadas de um modo geral à história de nossa Pátria, de São Paulo e no sentido saudosista à minha querida terra natal, ao pé da Cuesta de Botucatu, a terra do petróleo, da ecologia e do Gigante que Dorme... essa minha terra chamou-se Samambaia, à partir da República Rio Bonito, e em 1921 mudou-se para Bofete, nome oriundo de um guarda-comida (buffet) dos antigos mascates que por lá passavam...
Boa leitura!
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