Vinte
e três de maio de 1932! Os brasileiros de São Paulo
exigiam uma Constituição, pois, desde Outubro de 1930, com a queda da 1.ª
República, o nosso Congresso havia emudecido, sob o guante do ditador Getúlio
Vargas.
Nesse dia, no meio da multidão,
inflamada e enfurecida, na Praça da República, 4 estudantes morreram, em
holocausto ao idealismo pela Constituinte: MARTINS, MIRAGAIA, DRAUSIO
E CAMARGO formaram a sigla MMDC (o 5° herói, ALVARENGA morreu
meses depois), a mola propulsora da Revolução Constitucionalista, que
explodiria a 9 de julho.
IBRAHIM
NOBRE, o grande tribuno da Revolução, anos mais tarde, na inauguração do Banco
do Estado (Banespa), desiludido, envergonhado pelos desvios de antigos companheiros,
combatentes da arrancada bandeirante, que tinham aderido ao ditador, assomando
à sacada do último andar do maravilhoso edifício, em meio ao mundo oficial
presente, e a pedido do Governador Dr. Adhemar de Barros, proferiu de
improviso, as seguintes palavras:
“CLAMAI SILÊNCIO!
OLHAI A BELEZA QUE DAQUI SE AVISTA
A TERRA, QUEM SABE AINDA É SÃO PAULO
MAS O POVO NÃO É MAIS PAULISTA.”
Os restos mortais do grande tribuno
repousam no Ibirapuera, ao lado dos heróis que morreram cedo para viver
sempre, como escreveu o poeta.
Sua estátua é um hino de
brasilidade, ele, naquela postura firme, exaltando os homens de São Paulo a
combaterem os inimigos da Lei e da Constituinte
da Pátria.
Há poucas semanas, a memória de
IBRAHIM NOBRE foi manchada, seriamente ofendida, pois em torno de seu vulto
varonil, mil homens e cem mulheres, completamente nus, se exibiam, num quadro
melancólico e aviltante, num culto da vulgaridade. Mil homens e cem mulheres
amontoados, desgarrados do curral dos Deuses (Fernando Pessoa) conspurcando a
memória paulista. São palavras do príncipe dos poetas paulistas Paulo Bonfim:
os moços que morreram nos idos de 32 e repousam no Mausoléu de Ibirapuera,
“contemplando” o quadro daqueles corpos nus, em frente da última trincheira,
certamente reclamarão: “Mas foi por essa
liberdade que morremos?” E o eco repetindo as palavras de Ibrahim Nobre:
“Minha Terra, Minha Terra, Minha Pobre Terra!”