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terça-feira, 5 de janeiro de 2016

O TRIBUNO IBRAHIM NOBRE

          Vinte e três de maio de 1932! Os brasileiros de São Paulo exigiam uma Constituição, pois, desde Outubro de 1930, com a queda da 1.ª República, o nosso Congresso havia emudecido, sob o guante do ditador Getúlio Vargas.
          Nesse dia, no meio da multidão, inflamada e enfurecida, na Praça da República, 4 estudantes morreram, em holocausto ao idealismo pela Constituinte: MARTINS, MIRAGAIA, DRAUSIO E CAMARGO formaram a sigla MMDC (o 5° herói, ALVARENGA morreu meses depois), a mola propulsora da Revolução Constitucionalista, que explodiria a 9 de julho.
          IBRAHIM NOBRE, o grande tribuno da Revolução, anos mais tarde, na inauguração do Banco do Estado (Banespa), desiludido, envergonhado pelos desvios de antigos companheiros, combatentes da arrancada bandeirante, que tinham aderido ao ditador, assomando à sacada do último andar do maravilhoso edifício, em meio ao mundo oficial presente, e a pedido do Governador Dr. Adhemar de Barros, proferiu de improviso, as seguintes palavras:

“CLAMAI SILÊNCIO!
OLHAI A BELEZA QUE DAQUI SE AVISTA
A TERRA, QUEM SABE AINDA É SÃO PAULO
MAS O POVO NÃO É MAIS PAULISTA.”

            Os restos mortais do grande tribuno repousam no Ibirapuera, ao lado dos heróis que morreram cedo para viver sempre, como escreveu o poeta.
            Sua estátua é um hino de brasilidade, ele, naquela postura firme, exaltando os homens de São Paulo a combaterem os inimigos da Lei e da Constituinte  da Pátria.
             Há poucas semanas, a memória de IBRAHIM NOBRE foi manchada, seriamente ofendida, pois em torno de seu vulto varonil, mil homens e cem mulheres, completamente nus, se exibiam, num quadro melancólico e aviltante, num culto da vulgaridade. Mil homens e cem mulheres amontoados, desgarrados do curral dos Deuses (Fernando Pessoa) conspurcando a memória paulista. São palavras do príncipe dos poetas paulistas Paulo Bonfim: os moços que morreram nos idos de 32 e repousam no Mausoléu de Ibirapuera, “contemplando” o quadro daqueles corpos nus, em frente da última trincheira, certamente reclamarão: “Mas  foi por essa liberdade que morremos?” E o eco repetindo as palavras de Ibrahim Nobre:

“Minha Terra, Minha Terra, Minha Pobre Terra!”



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