Boa leitura!

domingo, 16 de setembro de 2012

Dois amigos - Duas estórias


Nosso amigo, o Ten. Bergamin é um curioso da História da nossa Corporação.

Vasculhando nossas bibliotecas, encontrou  um exemplar da coleção MILÍTIA, editado em 1950, do qual extraiu o artigo que  transcrevemos em nosso jornal  "Clarinadas da Tabatinguera”.



          O Filho da Marabá

      Pertenceu, outrora, ao Regimento de Cavalaria, uma linda égua alazã, que se distinguia pela pureza do sangue e pela harmonia de suas linhas. No gênero era um animal de linhas perfeitas. “Marabá” era o seu nome.
          Incluída no efetivo do Regimento, foi destinada, de início, à seção de hipismo. Dada sua origem e seus predicados, seria, forçosamente, excelente animal de salto. E o era de fato. Tinha facilidade em transpor os mais difíceis obstáculos. Mas, não era animal de concurso. Geralmente, quando chamada a pôr à prova suas habilidade, falhava. E não houve cavaleiro do Regimento, por mais capaz, inclusive o próprio Comandante, que conseguisse, perante público numeroso ou não, concluir um percurso de obstáculos montado no caprichoso animal.
           À vista disso, foi destinada à reprodução. Não queria, porém, o Comandante, cruzá-la com qualquer reprodutor. Achava, que o cruzamento da nossa “heroína” com um cavalo de escól, daria um produto bom. Poderia esse reunir boas qualidades dos dois, sem os caprichos da mãe. Entrou em ligação aqui e ali e, finalmente, o Chefe do Serviço de Indústria Animal do Estado informou-lhe haver descoberto o que lhe convinha; encontrava-se ali um puro sangue que estava a calhar. O Comandante exultou. Para não perder a oportunidade enviou àquele Serviço, juntamente com a nossa Marabá, mais seis éguas anônimas.
          Passados 15 dias retornaram os animais e, enquanto as suas companheiras foram soltas no pasto, sem mais formalidades, para “Marabá”, começou uma vida a parte. Foi-lhe destinado um alojamento amplo e arejado, cuja cama era trocada duas vezes por dia. Teve alimentação especial. Deram-lhe tratador próprio que, diariamente, levava-a para um passeio higiênico. Às  vezes era solta num pequeno pasto só dela. Tudo sob as vistas do chefe do Serviço de Veterinária.
              E o tempo foi passando...
          O Comandante do Regimento chegava a sonhar com o filho da “Marabá”. Certo dia confessou que no sonho da noite anterior havia vencido uma prova, montando-a
      E o prazo da “délivrance” aproximava-se... Finalmente chegou o grande dia. O Comandante despachava o expediente, quando o veterinário telefonou-lhe dando a grande notícia. Disse mais qualquer coisa que não foi ouvida pelo Chefe que, sofregamente, tomou o automóvel, dirigindo-se à Invernada do Barro Branco, mas, ao defrontar-se com a feliz parturiente, que, toda satisfeita lambia o rebento, quase teve uma síncope... o filho da “Marabá” era... um burro.


O Balancete


Por falar em Cavalaria, o Ten. Possidônio, outro amigo, residente em Uberaba, escreveu-me, contando uma estória ocorrida no Regimento, na segunda metade do século passado, envolvendo o Comandante, o Tesoureiro e Ele.

           O Comandante – o saudoso Cel. Félix de Barros Morgado.
           O Tesoureiro – o Cel. Horácio Bozon (na época 1.º Tenente).
           Ele – Auxiliar da tesouraria – o Ten. Possidônio, então 2.º Sargento.

     Cumprindo o Regulamento de Administração, todos os meses, as Unidades da Corporação reuniam os seus Conselhos, para o Balancete. Faziam parte desses Conselhos o Comandante, o Subcomandante, o Cap. Vogal, o Tesoureiro e o Secretário (hoje em dia o FEPOM controla todas as receitas e despesas das OPMs).
        Na preparação de uma dessas reuniões, Possidônio estava preocupado, porque o tesoureiro não chegava para montar o balancete, isto é reunir todas as receitas e despesas do Regimento, para o estudo do Colendo Conselho.
          Na hora aprazada, adentraram à Tesouraria, para a reunião, todos os membros do Conselho, menos o Tesoureiro que, apaixonado pela equitação e Hipismo, estava no picadeiro aberto, exercitando os seus alazões.
         O Comandante, Cel. Morgado, assomando à sacada, à cavaleiro do pátio interno (picadeiro), avistando o Ten. Bozon, indagou em voz alta, voz de tenor (de fato o era):


          - Ten. Bozon, você já montou o Balancete?
         - Sr. Comandante, esse cavalo eu não conheço!,  respondeu Bozon.

2 comentários:

  1. LEREI TUDO. DESCOBRI AGORA. SOU ANNIE MORGADO.NETA DO CEL FELIX DE BARROS MORGADO!!!

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  2. Querida Annie fico feliz com sua mensagem. Fui muito amigo de seu avô o saudoso Cel. Felix Morgado.
    Você deve ter muito orgulho dele. Ele era um exímio cavaleiro e cavalheiro. Fui muito amigo de seu bisavô, o Cel. Negrão, o herói do Jahu. No livro Asas e Glórias de São Paulo (Você tem esse livro)? Contei toda a história do Hidroaviao Jahu, desde Gênova na Itália até a amerissagem na represa de Santo Amaro.
    A respeito do Balancete, o Ten. Bozon muito amigo de seu avô Morgado era muito espirituoso e repentista. Também conheci seus tios e a sua tia Lurdes.
    Recomendação a todos e a você um abraço do Cel. Edilberto.

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