Boa leitura!

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O LEVANTE DA ILHA ANCHIETA



A Ilha Anchieta é um recanto portentoso do litoral norte de São Paulo, conservando ainda as cicatrizes do Levante dos Presidiários, naquela tragédia da manhã de 20 de junho de 1952. 

Naquele dia, nossa história registrou a tenebrosa ação de centenas de detentos, muitos de alta periculosidade, os quais, na ânsia de seus propósitos recalcados de liberdade e banditismo, assassinaram, com requintes de barbárie, dez Servidores do Estado, entre eles oito militares do 5.º BC, unidade sediada em Taubaté, hoje 5.º BPM/I. 

Foi a rebelião comandada pelo detento João Pereira Lima. Os amotinados queriam ganhar o continente, subir os paredões da Serra do Mar, esconder-se nas densas matas, ludibriar os perseguidores e fugir da Justiça. 

Nesse 20 de junho, era dia de corte de lenha, para o abastecimento das cozinhas do presídio. Dois turnos de presos foram organizados. Um de 17 detentos para o Morro do Papagaio, escoltado por apenas um soldado. O segundo turno de 100 detentos, na outra encosta do morro, para transportar, à sede, grande quantidade de lenha já cortada, vigiado por apenas 2 soldados. 

Os três policiais estavam armados com mosquetões Mauser e os dois civis, agentes do presídio, também faziam parte da escolta, porém sem armamentos. 

Facilmente os presos já combinados, dominaram as escoltas, apoderaram-se das armas e desceram em direção à Guarda Militar. Toda a guarnição foi presa, culminando os assassinatos. Não contentes, ainda tripudiaram sobre os cadáveres, com coronhadas e baionetadas. 

Saldo da tragédia: 22 mortos e 24 feridos, alguns gravemente. Entre os mortos, registramos: 

Sgto: Melchíades Alves de Oliveira e os Sds. Hilário Rosa, Octávio dos Santos, José Eugênio Pavarin, José do Carmo da Silva, José Laurindo, Bento Moreira e Benedito Damásio dos Santos. 

Foram mortos os funcionários civis: Portugal de Souza Pacheco e Oswaldo dos Santos. Morreram também na refrega 12 presidiários. 

Aconteceram os inquéritos de lei. Por muitos anos movimentaram-se as justiças militar e civil. Gastos imensos do Estado, na condução e recondução de presos, escoltas, reconstituições da luta, idas e vindas a Ubatuba, à Ilha, a Taubaté, a São Paulo, centenas de depoimentos ouvidos pelos magistrados do Fórum Castrense e Civil. 

Mas, tudo isso se desvaneceu no tempo, tudo isso foi insignificante, todos esses gastos materiais nada representaram, comparados às feridas das almas daqueles, que foram testemunhas presenciais da fúria humana e dos que prantearam os entes queridos, mortos no tenebroso Levante da Ilha, até hoje fantasma e, no entanto, leva o nome tão lindo do Santo Brasileiro. 




10 comentários:

  1. Meu Pai foi agente publico no manicomio Judiciario de Franco da Rocha, e me contava sobre este levante, no fim da decada de 80, assiti o filme na rede cultura, hoje procuro me aprofundar no que realmente aconteceu, sendo que poucos relatam esta historia. Hoje trabalho no Sistema Penitenciario Paulista, e busco Historias dos Tempo aureos do sistema Pinitenciario Paulista.

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  2. Ao meu amigo anônimo, houve muitos pequenos levantes em presídios. Como seu pai trabalhou no manicômio, lembro que na dec. de 50, um preso que se auto denominava Capitão Teixas falso herói da Aeronáutica (como bandido assaltava japoneses na região bragantina), era admirado na cidade de Bragança, pois pensavam que era herói da FAB, na 2ª Guerra Mundial, mas que na verdade era bandido. Preso, chefiou uma rebelião no Manicômio Judiciário de Franco da Rocha incendiando vários pavilhões. Dominado a rebelião, soube que ficou mais tarde cego e nunca mais tive notícias dele...
    Recomendações ao seu pai!

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  3. Ilmo. sr. Cel. Edilberto: Li com muito entusiasmo sua obra O Salto na Amazônia, especialmente o capítulo sobre o levante. Gostaria de entrar em contato com o senhor pois realizo muitas pesquisas sobre o fato. Sou amigo do Ten Ref PMESP Samuel Messias que tem obras sobre o assunto. Tenho um blog onde desenvolvo minhas ideias cujo endereço segue anexo.
    Agradeço imensamente sua resposta,
    Att.

    Arthur Nehrer - Rio de Janeiro

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  4. Ilmo. sr. Cel. Edilberto: Li com muito entusiasmo sua obra O Salto na Amazônia, especialmente o capítulo sobre o levante. Gostaria de entrar em contato com o senhor pois realizo muitas pesquisas sobre o fato. Sou amigo do Ten Ref PMESP Samuel Messias que tem obras sobre o assunto. Tenho um blog onde desenvolvo minhas ideias cujo endereço segue anexo.
    Agradeço imensamente sua resposta,
    Att.

    Arthur Nehrer - Rio de Janeiro

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  5. Caro Arthur, parabéns pelo seu interesse na história da Ilha Anchieta. Parabéns também aos Filhos da Ilha.
    O tenente Samuel, meu amigo, jornalista e escritor das belezas do vale encantado do Paraíba pode lhe dar ciência de um livro muito realista do falecido Paulo Viana que presidiu na ocasião o inquérito policial militar.
    Numa próxima reunião, em Taubaté, Ubatuba ou na própria Ilha, convide-me.Se meus 93 anos me permitir estarei presente.
    Lendas sobre a Ilha contada por um velho coronel da Força Pública:
    1ª) No começo do séc. XX teria sido local de aclimatação dos zebus da Índia trazidos por ricos fazendeiros paulistas e mineiros;
    2ª Na Revolução Russa de 1917, também teria sido um recolhimento de russos fugitivos, tratados clinicamente antes de entrar ao país. Dizem que existe, perdido na mata,um cemitério russo.
    Arthur, permita-me de chamá-lo de meu amigo, continuaremos neste diálogo, se Deus quiser!

    Abraços do amigo,
    Edilberto.

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  6. Caro Escritor Coronel Edilberto.
    Fico muito honrado por ter sido lembrado pelo Senhor, pois o estimo muito. admiro seu profícuo trabalho literário e o amor que o Senhor tem pela nossa região.Que Deu o abençoe. Tenente Samuel

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    1. Muito obrigado pela sua mensagem. Continue sempre sendo meu amigo. E a recíproca é verdadeira.
      Abraços do Edilberto.

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  7. Caro Escritor Coronel Edilberto.
    Fico muito honrado por ter sido lembrado pelo Senhor, pois o estimo muito. Admiro seu profícuo trabalho literário e o amor que o Senhor tem pela nossa região.Que Deu o abençoe. Tenente Samuel

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  8. Caro Escritor Coronel Edilberto.
    Fico muito honrado por ter sido lembrado pelo Senhor, pois o estimo muito. admiro seu profícuo trabalho literário e o amor que o Senhor tem pela nossa região.Que Deu o abençoe. Tenente Samuel

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  9. Sgto Melchiades foi meu avô…. Tenho hoje 48 anos …. Meu falecido pai tinha 6 anos quando ele veio a morrer nessa tragedia….

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