Boa leitura!

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

DISCURSO DE PARANINFO

É uma grande honra para um veterano, já no outono ou no inverno da vida, receber esta homenagem, ser Paraninfo dos formandos do Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos da Gloriosa Policia Militar de São Paulo.

Acreditem dignas Autoridades, acreditem Senhoras e Senhores, acreditem meus queridos Afilhados, que este esplêndido galardão, generosamente a mim conferido, alegrará, e muito, os dias de minha velhice. É para mim um orgulho, encantamento honra e glória este momento, paraninfar os 400 2.ºs Sargentos, diplomados no Curso de Aperfeiçoamento, dignos operadores do Sistema de Segurança Pública do Estado. É como receber uma joia rara de grande valor, uma relíquia que guardarei ad eternum no escaninho do meu coração.

Dignos Sargentos, os senhores pertencem à classe nobre Bandeirante. Sim!!! Os senhores envergam a farda heróica e gloriosa da maior e melhor Polícia Militar do Mundo! É a Tropa Paulista que o Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar plantou, em 1831, no sagrado chão de Piratininga.

Neste momento, aflora em minha mente a recordação de antigos Sargentos, meus instrutores quando eu, recruta nos meus 18 anos, no Quartel do 7.º BC, em Sorocaba, iniciava minha carreira.

Valorosos mestres, com os quais aprendi, além da arte da guerra, os sábios ensinamentos, conselhos paternais e éticos que me ajudaram a plasmar o meu caráter, ensinando-me os primeiros passos na antiga e saudosa Força Pública.

Confesso que eu nunca esqueci desses bons amigos do passado: Sargentos Ulisses, Deoclecio, Ribeiro, Stanislao Custódio e tantos outros que habitam a minha memória e a minha saudade.

Permitam-me meus caros afilhados que façamos um passeio rápido pela nossa história. De um modo geral, todas as promoções nos quadros da Corporação, tanto na época imperial ou republicana, eram feitas por ato de bravura ou ato do Comando, até que chegou em 1906 a 1.ª Missão Militar Francesa (1906-1914) a 2ª Missão (1919-1924).

Os franceses ordenaram o nosso ensino e a nossa cultura, criando a Escola do Soldado, Escola do Cabo, Escola do Sargento e Escola do Oficial, regulamentando todos os Cursos, aprimorando instrução, dotando a Força Pública de armamentos modernos, Táticas e Estratégicas nos moldes dos Exércitos Europeus. Éramos então conhecidos como o PEQUENO EXÉRCITO PAULISTA.

Permitam-me dignas autoridades, senhoras e senhores, meus caros formandos que continuemos esse passeio histórico que tem a poesia de Guilherme de Almeida e a musicalidade do Major De Gobi, sublimados em nossa bela canção. Comecemos pela Guarda Municipal Permanente de Feijó e Tobias que, em 1836 participou da Guerra dos Farrapos, defendendo o Império Brasileiro contra a República de Piratini, perecendo quase todo o seu efetivo, os Cento e Trinta de Trinta e Um, na dura refrega.

Vejamos outras Guerras e Revoluções:

1842 – Revolução Liberal de Sorocaba
1865/70 – Guerra do Paraguai – Corpo Policial Permanente;
1893 – Revolta da Armada- Força Pública;
1897 – Guerra de Canudos;
1922 – Os 18 do Forte de Copacabana (início do Tenentismo);
1924 – Revolução de São Paulo – (continuação do Tenentismo) – Isidoro Dias Lopes e Miguel Costa;
1926 – Coluna Miguel Costa/Prestes (continuação do Tenentismo);
1930 – Revolução de Getulio Vargas (vitória do Tenentismo) – Francisco Morato;
1932 – A Revolução Constitucionalista de 32, o ponto alto da historiologia de São Paulo – General Julio Marcondes Salgado;
1935 – Revolução Comunista de Luis Carlos Prestes;
1938 – Revolução Integralista de Plínio Salgado;
1943 – 2.ª Grande Guerra;
1964 – Revolução Redentora – Vale do Ribeira – Cap. Alberto Mendes Júnior.

Inspirados nesse exemplo guerreiro do passado, tiraremos lições exuberantes para combater a guerrilha dos nossos dias. Recordemos de algumas guerrilhas em nossa terra:

Do Sargento Mor Antonio Dias Cardoso, o rei das emboscadas no século XVII contra os holandeses na Bahia, nos Montes das Tabocas e nos Guararapes;

A de Antonio Conselheiro em Canudos;

Do Monge José Maria na Guerra do Contestado;

A guerrilha do Vale do Ribeira e

A guerrilha do Araguaia.

Vivemos em São Paulo e também em outros Estados da Federação essa perversa guerrilha, onde o inimigo nos vê e nós não o vemos. Por este motivo perdemos no ano passado e neste 2013 mais de 200 Policiais Militares, heróis mártires que cumpriram aquele juramento à Bandeira Nacional... defender as Leis e as Instituições com o sacrifício da própria vida.

Meus caros formandos, sobre os vossos ombros pesarão grandes responsabilidades. O momento é grave mas confiemos na clarevidência do nosso Comandante Geral Cel. Benedito Roberto Meira, confiemos no seu Estado Maior e em nosso Serviço de Inteligência. Tenho absoluta certeza e descobriremos os caminhos das pedras

Rememorando o Sargento Mor Antonio Dias Cardoso, faremos também as nossas emboscadas, valendo-nos dos nossos conhecimentos táticos e de aparelhos eletrônicos de última geração. Desentocaremos os maus brasileiros, os vendilhões da Pátria.
Senhoras e senhores, nesta casa de Deus, nesta festiva e linda manhã de novembro, vamos merecer as bênçãos do divino Criador, pedindo proteger a nossa Pátria, nosso Estado e a nossa gloriosa Polícia Militar. Este paraninfo também pede que Deus abençoe os senhores, meus queridos afilhados, abençoe também suas queridas famílias e suas carreiras em nossa Tropa de Piratininga.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

MEDALHA MARECHAL CASTELLO BRANCO

Surpresa agradável tive quando recebi uma correspondência da Associação Brasileira das Forças Internacionais de Paz da ONU:

     

Confesso a minha alegria, da minha honra em ostentar em meu peito a medalha de uma figura ímpar da nossa história, Marechal Humberto Alencar Castello Branco, herói da nossa querida Força Expedicionária Brasileira - FEB, homem de letras que, num momento difícil de nossa história, com sua firmeza no comando e retidão de caráter, com acendrado amor ao país nos conduziu para o caminho do bem, da democracia, libertando-nos dos maus políticos, os vendilhões da pátria.

Como o nosso 1º BPM/M, que leva o nome do insígne Marechal Castello Branco comemorava 48º aniversário, a festa foi dupla, presidida pelo coronel Ribeiro digno comandante do CPA/M.

O Esporte Clube Banespa situado à Av. Santo Amaro foi o local das duas magníficas datas.









domingo, 17 de novembro de 2013

CENTO E TRINTA DE TRINTA E UM

Sob as Arcadas vem um a um,
os cento e trinta de trinta e um


Em epígrafe estão os dois últimos versos da Canção da PM, letra do príncipe dos poetas brasileiros, Guilherme de Almeida e música do Maj. Alcides Jácomo Degobi.
Como sabemos, o primeiro nome da nossa Corporação foi Guarda Municipal Permanente, criada a 15 de dezembro, com o efetivo de 130 homens, sendo 100 de Infantaria e 30 de Cavalaria, criada pelo Coronel de Milícia Tobias de Aguiar, Presidente da Província de São Paulo, no ano de 1831.
De um modo geral, conhecemos a história da segurança em São Paulo a partir dessa data, sublimada nas dezoito estrelas de nosso Brasão, mas aqui, prezado leitor, vai a nossa pergunta: Como se fazia, antes de 1831 (o Brasil já tinha 331 anos), a defesa da Lei e da Justiça, enfim quem garantia a segurança pública e a integridade territorial da nossa Capitania, depois Província de São Paulo ou de São Vicente, este o primeiro batismo da terra bandeirante?
Até 1548, a metrópole ignorava a nova descoberta, dando mais importância aos negócios com a Índia, mas preocupada com a segurança da terra, determinou: Cada Capitania fica obrigada a ter, para sua defesa, peças de artilharia, arcabuzes, pólvora, arco de flechas, lanças, espingardas e espadas. 
Com as ameaças de invasão de ingleses, franceses e espanhóis, e mais tarde holandeses, que namoravam as nossas riquezas, a Corte Portuguesa determinou que a nova Colônia tivesse, para sua defesa, a exemplo do que havia em Portugal, Tropas de 1.ª Linha (recebiam soldo), as de 2.ª Linha, as Milícias e 3.ª Linha, as Ordenanças, estas não recebiam soldo, se fardavam e armavam por conta própria.
Todas as Capitanias Hereditárias, depois Províncias, possuíam essas tropas e muito contribuíram para a defesa interna e a segurança externa, lutando contra os castelhanos da Argentina e Paraguai, cujo sonho era formar o Vice-Reinado do Prata, compreendendo geograficamente essas duas nações e mais Santa Catarina, Rio Grande do Sul e a Cisplatina. O Forte de Iguatemi, sul de Mato Grosso, também frustrou outro sonho, pois os paraguaios ameaçavam invadir nosso território, atraídos pelo ouro das Minas Gerais.
Essas tropas garantiram para a Mãe Pátria a posse e o domínio da América Portuguesa, o milagre Brasil, enquanto a América Espanhola se fragmentou em 20 países.
A luta, a guerra, durante séculos, só terminou quando a Província da Cisplatina se tornou a Nação Uruguaia, em 1827. Felizmente, nos dias de hoje, as guerras continuam somente no futebol.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

TEN. JOSÉ NESTOR DOS SANTOS - O ÚLTIMO PARAQUEDISTA


Estivemos há poucos dias em Osasco, na bela residência do Tenente José Nestor dos Santos, convidados que fomos para seu aniversário.

A casa estava cheia, o herói paraquedismo paulista rodeado de sua bonita família, esposa, filhos, netos, genros, noras e seus inúmeros amigos.

Após o rico almoço, vários oradores se fizeram ouvir inclusive sua bisneta que arrancou aplausos de todos nós e a emoção do nosso homenageado, bravo oficial da PM de São Paulo, remanescente da grande epopeia no episódio trágico do avião President, da Pan American Air Aways.


sexta-feira, 20 de setembro de 2013

O LUAR DE VILA SÔNIA

A casa de detenção na década de 40 estava situada na Av. Tiradentes, em frente ao primeiro Batalhão, conhecido como o Quartel da Luz e nos dias atuais, a Rota.
Ela conserva ainda da sua antiga estrutura os contornos do portão,  por onde passavam várias gerações de criminosos.
Parede e meia situava-se o velho quartel do Centro de Instrução Militar - CIM,  com a sua escola de oficiais,  alojando o pré militar e o Curso de Oficiais Combatentes - COC eram repetidas as fugas e tentativas dos detentos do presídio e, numa delas,  houve um erro de cálculo,  os fugitivos, no fim do túnel, adentrando à sala dos nossos oficiais e  instrutores.
Desesperados trocaram seus uniformes de presidiários por fardamento dos oficiais. Eram capitães e tenentes, envergando o caqui, com seus bonés, galões e talabartes. Com muita cautela, dirigiram para o portão de saída para o jardim da Luz, recebendo do sentinela o "Apresentar Arma", a continência devida.
Num relance, o sentinela notou que todos estes 'oficiais' estavam descalços, o que motivou o toque do alarme quando toda a guarda militar conseguiu capturá-los escondidos que estavam no jardim da Luz.
O prezado leitor perguntará: O que tem a ver esta fuga com o título acima: O luar de Vila Sônia?
Aconteceu que, ao escoltarmos os fugitivos, recambiando-os para o presidio da Av. Tiradentes, conhecemos o detento Paulo Miranda, famoso cantor de romântica canções,  com o seu disco, O luar de Vila Sônia, grande sucesso na época.
A canção era linda, romântica, melancólica de um amor perdido e a beleza do luar de Vila Sônia.
Essa estória eu contei há algum tempo a oficiais da Academia da Polícia Militar do Barro Branco, sucessora do meu velho e saudoso CIM e o resultado foi a reportagem abaixo, extraída do livro comemorativo do centenário da maravilhosa Escola de Comandantes. 



domingo, 15 de setembro de 2013

O CUPIM PATRIÓTICO

Terminada a 1.ª Grande Guerra Mundial (1914-18), a tecnologia aeronáutica teve um avanço notável, transformando o avião, usado em 1914 apenas como meio de observação, no fim do conflito, numa poderosa arma de guerra. Os Exércitos possuíam, então, a 5.ª Arma, contando seus aviões com grande autonomia de voo e poder de fogo, com suas metralhadoras sincronizadas e bombas.

Toda essa gama de conhecimentos aeronáuticos não podia ficar inerte ou à espera de um novo conflito e foi então que, se incrementaram, na Europa e Estados Unidos, a temporada dos confrontos, as disputas aéreas, dos reides de velocidade e distância, a ligação das capitais dos países, transposição de mares e voos transoceânicos.

A década 1920-30 foi exuberante em competições aéreas, onde surgiram De Pinedo, Gago Coutinho Sacadura Cabral, Lindenberg, Ribeiro de Barros, João Negrão, Del Prete, Saint Exupéry e tantos outros, que inscreveram seus nomes na história.

O Brasil não podia ficar alheio a essas disputas. Já escrevemos sobre a epopeia do Jahú em 1927, no célebre voo de Gênova, na Itália, até às águas da represa Santo Amaro, em São Paulo. Agora vamos relatar o voo do Rio de Janeiro a Buenos Aires, em 1920, realizado pelo aviador Edu Chaves, que tinha sido o 1.º instrutor da Aviação Militar da Força Pública em 1914.

A ligação das capitais Rio de Janeiro - Buenos Aires era o sonho fascinante de muitos aviadores europeus e sul-americanos.

O Comandante Amadeu Saraiva, em seu livro sobre o piloto Edu Chaves nos conta que, quando ele propôs realizá-la, muitos já haviam fracassados, face às grandes dificuldades que esse reide apresentava, tornando-o mais atraente, fazendo maior a glória daquele que conseguisse transpor os 2250 kms que separam as duas capitais. A coincidência foi a chegada da notícia de que um piloto argentino, de nome Hearne, ia efetuar o reide num avião Bristol, de 300 HP, que havia sido posto à sua disposição pelo Exército da vizinha nação.

Edu Chaves preparou então o seu Caudron e aceitou o repto mas não teve sorte, pois sofreu um acidente ao partir de São Paulo para o Rio, ponto de partida para a disputa, tendo que esperar a reparação do avião, afim de tentar novamente.

De todos os lados começaram a chegar apelos para que se pusesse à sua disposição outro avião, afim de lhe dar mais uma chance. Enquanto isso da Argentina chegavam notícias sobre a partida de Hearne, que feriam os brios nacionais e então os apelos se redobraram ao Governo de São Paulo. E quando este resolveu ceder um avião Curtiss de 150 HP, tipo Oriolle, pertencente à Escola de Aviação da Força Pública, pareceu ser demasiado tarde.

No dia 19 de dezembro, o piloto argentino e seu mecânico largaram de Buenos Aires, com destino a Libres, fronteira com o Brasil. Dali, com absoluta regularidade, o Bristol voou a Cacequi, em seguida a Passo Fundo. Brasil e Argentina acompanhavam, ansiosamente, o desenvolvimento do reide.

O destemido aviador platense viajava completamente seguro de si e tudo fazia prever seu próximo triunfo. 

A Argentina exultou, enquanto os brasileiros, olhos postos em Hearne, não perdiam as esperanças e confiavam no piloto brasileiro.

A partida do argentino, de Ponta Grossa com destino a São Paulo, foi no dia 24. Não fazia ele navegação, voava por contato visual, acompanhando a estrada de ferro, a regular altitude e a proeza entrava já na sua fase final. Vinha firme e aproximava-se da capital paulista quando, nas proximidades de Sorocaba, encontrando nevoeiro, resolveu pousar num campo, nos arredores da cidade.

Foi nesse mesmo dia, quando tudo aconselhava a esperar, que o nosso patrício alçou o voo, no campo do Guapira, rumo ao Rio de Janeiro, a fim de dar início à disputa.

No dia seguinte, 25 de dezembro, no mesmo tempo que Edu Chaves iniciava o voo do Rio de Janeiro, em Sorocaba, Hearne movimentava o seu Bristol na direção da capital paulista. Correu pela pista improvisada, ganhava velocidade aos solavancos mas desgovernou-se, batendo de rijo num “cupim patriótico”, capotando espetacularmente.

Edu Chaves recebeu a notícia do acidente quando, em São Paulo, reabastecia o aparelho para prosseguir viagem e, inteirado de que o argentino nada sofreu, compreendeu que a sorte agora estava ao seu lado, sua oportunidade chegara e soube aproveitá-la.

Colocou o Curtiss em posição contra o vento, o aparelho deslizou pela pista, ganhando altura em direção à Argentina.

Uma regularidade e precisão admiráveis dividiram o percurso em 5 etapas, uma por dia:

Dia 25 de dezembro – Rio de Janeiro - São Paulo - partiu às 05h45 e chegou às 08h15.

Dia 26 de dezembro – São Paulo - Guaratuba - partiu às 12h00 e chegou às 14h30. 

Dia 27 de dezembro – Guaratuba - Porto Alegre - partiu às 10h45 e chegou às 15h20.

Dia 28 de dezembro – Porto Alegre - Montevidéo - partiu às 09h45 e chegou às 14h30.

Dia 29 de dezembro – Montevidéo - Buenos Aires - partiu às 10h00 e chegou às 13h00.

Onde descia, Edu Chaves era alvo de extraordinárias manifestações; o país inteiro acompanhava, orgulhoso, as rotações daquele frágil motor de 150 HP, com muito mais ansiedade, talvez, que o próprio piloto.

Nesse dia 29 de dezembro, num pulo sobre o mar Del Plata, o nosso herói chegava a Buenos Aires, completando o reide e sagrando-se vencedor da 1.ª ligação aérea Rio de Janeiro - Buenos Aires, cobrindo o percurso, voando a média de 470 kms por dia, a uma velocidade de 138 kms por hora.

O Brasil todo vibrou com a notícia, foi um delírio. Em consequência desse grande feito, que exaltou a nossa Pátria na América e no mundo, o Presidente do Estado, Dr. Washington Luis, deu-lhe de presente, o Curtiss da Força Pública e mais outro prêmio de 30 contos de réis.

O antigo campo do Guapira hoje, em homenagem ao grande aviador, é o Parque Edu Chaves.



terça-feira, 9 de julho de 2013

EPOPEIA PAULISTA DE 1932


De dia e de noite os Paulistas defendem o Brasil nos 4 pontos Cardeais mesmo  com sacrifício da própria vida.




Para o Brasil façam-se grandes coisas.

Os paulistas tem o Brasil no seu brasão, na sua Bandeira e no seu coração. Perguntamos: Porque o Brasil não entendeu São Paulo em 1932? Por que acusaram o nosso Estado de separatista?  Porque acusaram São Paulo de querer o retorno da política dos fazendeiros? Coitado dos fazendeiros paulistas, empobrecido desde a queda da Bolsa de Nova Iorque em 1929.
A história nos conta que os bandeirantes paulistas chutaram as Tordesilhas para as bandas do Oceano Pacífico, triplicando a nossa extensão territorial, grandeza geográfica da nossa Pátria, também contribuindo, e muito, para a nossa grandeza econômica.
Temos o orgulho da Revolução Constitucionalista de 1932, assim como os Gaúchos se orgulham da Guerra dos Farrapos e os Nordestinos orgulhosos da Confederação do Equador. Nunca fomos separatistas.
Tudo passou, os ressentimentos acabaram porque, antes de tudo e acima de tudo amamos o Brasil.
     
      



terça-feira, 2 de julho de 2013

UM PASSEIO PELA HISTÓRIA


O mês de maio, mês das flores, das mães, das noivas e também o mês de Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo, os heróis de 32. Para fortalecer a data de 23 de maio, o Governador Laudo Natel, em boa hora, instituiu o DIA DA JUVENTUDE, homenageando neles toda a mocidade da Pátria Brasileira, na sigla MMDC.Vamos fazer um passeio pela nossa História; paremos nos anos conturbados por revoluções e guerra, que envolveram nossa Corporação, na primeira metade do século XX:
1922: marcou o 1.º centenário da nossa Independência, não foi só de festas. Quando os ventos soprados da Europa levaram para todos os quadrantes da Terra, a terrível gripe espanhola, que matou mais que a própria 1.ª Grande Guerra (1914-18), chegava também até nós, do Velho Continente, a mensagem de novas idéias, de novos caminhos, que marcaram a evolução de toda a Humanidade. Os velhos conceitos deveriam cair, dando lugar aos protestos de homens e mulheres, a maioria jovens idealistas e revolucionários.
Todas as manifestações do saber humano tinham que se modificar e evoluírem. As letras, a música, a pintura, a escultura, e tantas outras artes tinham que esquecer os padrões clássicos e enveredar por novas metas, novas trilhas.
Em nossa Paulicéia, nesse ano que marcou o Grito do Ipiranga, aconteceu a Semana da Arte Moderna, movimento renovador, capitaneado por Mário de Andrade, Osvaldo de Andrade, Menotti Del Picchia, Cândido Portinari, Lasar Segal, Anita Malfati, Tarsila do Amaral, e tantos outros intelectuais e artistas.
A política não faltaria nesse caldeirão efervescente, contaminando também as Forças Armadas, nascendo, então, dentro dos Quartéis, um movimento rebelde que a História convencionou chamar de TENENTISMO, sintetizando, em filosofia política, o ideal de jovens oficiais ou oficiais de mentalidade jovem, que fez explodir, a 5 de julho de 1922, na então capital Federal, Rio de Janeiro, um movimento revolucionário contra o Governo de Epitácio Pessoa, que passou a História, como Os 18 do Forte de Copacabana.
1924: no mesmo dias 5 de julho, irrompeu em São Paulo, outro movimento revolucionário, chefiado pelo Gen. Izidoro Dias Lopes e pelo Maj. Miguel Costa, este Fiscal do nosso Regimento de Cavalaria, que desfraldaram a mesma Bandeira do Tenentismo.
1925 a 1927: a Revolução continuou, os Legalistas perseguindo a Divisão Revolucionária, agora comandada pelo nosso Gen. Miguel Costa, tendo como Subcomandante Luiz Carlos Prestes. Percorreu essa Divisão mais de 30 mil kms, de penosas marchas pelos longínquos rincões da Pátria, na divulgação dos objetivos lançados em São Paulo, sempre perseguida, sempre acossada pelas forças que defendiam a Legalidade. Essa marcha é a maior registrada na história mundial, suplantando a Retirada dos 10 mil de Xenofonte e as de Hamilcar e Aníbal, heróis de Cartago.
1930: Revolução Outubrista de Getúlio Vargas, que marcou o fim da 1.ª República, a vitória do Tenentismo e o início do Governo Getulista:
· De 1930 a 1934 – Ditadura
· De 1934 a 1937 – Democracia
· De 1937 a 1945 – Ditadura/Estado Novo
· De 1950 a 1954 – Democracia – 24 de agosto morte de Getúlio Vargas.
Durante esse longo período, Getúlio enfrentou:
· Em 1932 - Revolução Constitucionalista em São Paulo
· Em 1935 - Intentona Comunista chefiada por Luiz Carlos Prestes
· Em 1938 - Ação Integralista de Plínio Salgado
· Em 1942 a 1945 - 2.ª Grande Guerra Mundial (1939-45).
Situemo-nos agora, na Epopeia Paulista de 32, jovens que sensibilizaram todas as consciências livres, marcando o calendário cívico da sigla MMDC. Rememoremos..."No dia seguinte 23 de maio de 1932, o entusiasmo chegou ao auge. Pedro de Toledo reconquistou sua autoridade e nomeou todo o Secretariado de São Paulo, contrariando ordens de Getúlio. Foi um delírio do povo bandeirante que aclamou o Governador Pedro de Toledo, não mais interventor. Dando vazão a essa grande conquista, o povo dirigiu-se ao centro de São Paulo e ao passar pela Praça da República foi metralhado por simpatizantes da Ditadura. Consumou-se então a tragédia”.
Morreram Euclides MIRAGAIA, Mário MARTINS de Miranda, DRÁUSIO Amadeu Martins e Antonio CAMARGO de Andrade...”
Como escreveu o poeta Guilherme de Almeida: “Morreram cedo para viver sempre”.
Terminemos este passeio histórico, exaltando a figura heróica do nosso mártir Cap. Alberto Mendes Junior, morto pelo guerrilheiro Lamarca, no Vale do Ribeira, em 1970. Mendes Junior cumpriu aquele juramento sagrado à Bandeira... cuja Honra, Integridade e Instituições defenderei com o sacrifício da própria vida!

domingo, 23 de junho de 2013

CURIOSIDADES

Criada a Polícia Militar de São Paulo, em 15 de dezembro de 1831, com o nome de Guarda Municipal Permanente foi o seu primeiro Comandante o Alferes José Gomes de Almeida, comissionado no posto de capitão.
Os 30 soldados de Cavalaria foram comandados pelo capitão Pedro Alves de Siqueira, também comissionado. Ambos eram veteranos das lutas do Sul, Campanha da Cisplatina.



O primeiro Quartel dos Permanentes foi numa ala do convento Nossa Senhora do Carmo, onde se situa hoje a Secretaria da Fazenda, esquina da Av. Rangel Pestana e Rua do Carmo.



Dentre as organizações militares do país, talvez a pioneira no serviço de psicologia, organizado e reconhecido pelo seu teor científico, foi a nossa PM.  Os testes de nível mental e de personalidade foram aplicados na seleção de ingresso, em 1949 por oficiais diplomados no Instituto de seleção e orientação profissional (Fundação GV) e na Sorbonne, em Paris.



O primeiro oficial da corporação a se formar em Direito foi o capitão Manoel Batista Cepelos, também o primeiro a ocupar o honroso cargo de promotor público em algumas cidades do Estado de SP e RJ.
Das fileiras da Força Pública no começo do séc. passado, para ingressar no Ministério Público, depois de se formar pela Faculdade do Largo de São Francisco.
O nosso primeiro batalhão da luta conta os Federalistas de Gumercindo Saraiva em 1893-94, ajudando a defender a  jovem República. Lutando na Guerra de Canudos em 1897 contra os fanáticos de Antônio Conselheiro.
Batista Cepelos foi um primoroso poeta, descrevendo inúmeras obras,  destacando-se "Os Bandeirantes", poemas que descreve, com graça e propriedade as tradições e costumes da pequena cidade, dialogando com o Rio Tietê e antevendo com um profeta o grande progresso de São Paulo.

domingo, 9 de junho de 2013

EVANGELINA

Nos idos de 1943, o Ten. Cel. Sebastião do Amaral, Comandante do Regimento de Cavalaria da Força Pública, e o Diretor da Sociedade Hípica Paulista combinaram a realização de um concurso hípico entre as duas Entidades, culminando com a apresentação de um Carroussel, com o objetivo de angariar fundos para a compra de um avião ambulância, que seria doado à Força Aérea Brasileira, para o seu emprego em auxílio dos bravos expedicionários do Brasil, que lutavam nos campos da Itália, na Segunda Grande Guerra Mundial (1939-45), defendendo as nações democráticas contra o nipo-nazi-facismo.
Integravam o Carroussel doze oficiais diplomados pelo Curso de Alta Equitação do Regimento.
O Carroussel foi um sucesso, o ponto alto da festa, espetáculo grandioso e de rara beleza, sobre impressionar a fina platéia da sociedade paulistana, emocionou-a! E não era para menos, porque o movimento uniforme e cadenciado dos soberbos animais – zainos e alazões – pôs em evidência o alto adestramento, numa demonstração soberba. Dóceis e obedientes, eles estavam como que inteirados da grandeza do motivo que deu azo àquela magnífica realização, doar à Aeronáutica o avião ambulância, batizado com o nome de Evangelina.
Evangelina Wright Paes de Barros Oliveira foi das primeiras vítimas do Brasil na Segunda Grande Guerra, encontrando a morte em consequência do torpedeamento de um navio da nossa Marinha Mercante, no qual viajava com seu esposo (nossa Marinha perdeu dezenas de navios no Atlântico, afundados por submarinos alemães, vitimando centenas de vidas).
Trágica lua de mel! Quando criança, Evangelina sempre habitou as terras elevadas da fantasia. Unindo seu destino ao homem dos seus sonhos, ela sublimou a mágica alegoria da felicidade.

“O oceano que absorveu o seu corpo seja bendito”.

Agora, Evangelina, permita-nos que falemos do seu avô, o inglês Edmundo Wright que, no último quartel do século XIX, adotou o Brasil como Pátria, São Paulo como morada e o Corpo de Cavalaria como destino.
Qual mãe generosa, a Tropa Paulista abriu-lhe os braços e o fez seu soldado, defensor da Lei e da Ordem.
Em 1895, Edmundo Wright, comandou o Corpo de Lanceiros, hoje, Regimento “9 de Julho”. Quando, já aposentado e integrado na família paulistana, gozando o repouso dos homens impolutos, deflagra a Primeira Grande Guerra (1914-18), eis que o bravo guerreiro interrompe o seu descanso e ruma à Pátria de origem para defendê-la, lutando pelo sagrado postulado da Democracia. Na dura refrega, à frente dos lanceiros ingleses, é varrido pela metralhadora inimiga. Nos estertores da agonia é certo que ele voou, na sua agonia, à bela São Paulo, para beijar a esposa e filhos brasileiros.

“Bendito o solo da França que acolheu o seu corpo”.

Como são misteriosos os desígnios de Deus! Avô e neta, heróis de duas Guerras, mártires de dois mundos.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

domingo, 19 de maio de 2013

Cel. Camilo

Amigos,

Boa tarde,

Recebi hoje a visita do Cel.PM Edilberto de Oliveira Melo que veio me presentear com sua nova obra, o livro: "Pro Brasilia". Fico muito contente em poder divulgar esse trabalho recente. Foi uma honra recebê-lo. Veterano da Polícia Militar de São Paulo, o Coronel é escritor de diversos livros sobre a instituição. A obra também foi entregue ao meu chefe de gabinete, Danilo Antão, e ao meu assessor José Fransicco Giannoni. Parabéns!

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Saindo do Forno....

            

Nossa gloriosa Polícia Militar, que o Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar plantou no sagrado chão de Piratininga, nos seus 178 anos de vida, sempre se norteou, heroicamente, para servir a São Paulo e ao Brasil, cumprindo aquela legenda sagrada que alicerça o Brasão do nosso Estado-PRÓ BRASILIA FIANT EXIMIA (Para o Brasil façam-se grandes coisas). É oportuno lembrar que os duzentos anos se aproximam.


É deveras esplêndida a contribuição paulista na segurança da nossa Terra, pois, em todos os momentos críticos da nacionalidade brasileira, nos distúrbios sociais ou políticos, revoltas, revoluções ou guerras, São Paulo esteve sempre presente, com a sua Bandeira das Treze Listras tremulando, altaneira e majestosa, protegendo o ideal do nosso povo, honrando os ditames de sua heráldica - DE DIA E DE NOITE OS PAULISTAS DEFENDEM O BRASIL EM TODAS AS DIREÇÕES MESMO COM O SACRIFÍCIO DA PRÓPRIA VIDA. É o paulista com o Brasil no seu Brasão, na sua Bandeira e no seu coração.


Já no alvorecer da nossa história, os guerreiros vicentinos, com um pequeno exército tupiniquim, repeliram o invasor espanhol, alertando a Corte Portuguesa do valor imenso da terra de Santa Cruz e do perigo de invasão de Nações Européias, que já namoravam a Terra dos Papagaios e do Pau Brasil.


O Termo da Vila de São Vicente de 1542, provocou uma ordem régia, já em 1548, na qual o Soberano de Portugal, preocupado com a segurança da nova Colônia, determinou às Capitanias Hereditárias, que todas elas tivessem peças de artilharia, pólvora necessária, arcabuzes, catapultas, lanças, espingardas e espadas.


Portugal já havia arregimentado suas Tropas, em Lisboa, equipando-as, armando-as e treinando-as, à moda dos exércitos europeus, que já tinham se despojado das armas, das técnicas e táticas medievais.


Toda essa estrutura Portugal transferiu ao Brasil, iniciando o ciclo das Tropas de 1.ª Linha, que recebiam soldo; de 2.ª Linha, Milícias ou Auxiliares; 3.ª Linha, as Ordenanças, estas constituindo as raízes das Polícias Militares dos estados brasileiros.


Os Regimentos ou Terços dessas Tropas de Linha lutaram, bravamente, no sul do nosso País, contra os castelhanos, pois as guerras freqüentes entre Portugal e Espanha refletiam na Colônia, só terminando quando a Cisplatina se tornou a Nação Uruguaia. Não nos esqueçamos de destacar a atuação das Companhias de Ordenanças, na Praça de Iguatemi – o Cemitério dos Paulistas – no sul de Mato Grosso, pois a Coroa temia a invasão dos paraguaios, atraídos pelo ouro das Minas Gerais.


As Tropas de Primeira Linha são o Exército Nacional de hoje e as Milícias e as Ordenanças foram extintas, pelo Padre Diogo Antonio Feijó, quando Ministro da Justiça da Regência Trina, em 1831, o qual, com a mesma pena criou a Guarda Nacional (a Milícia Cidadã que prestou grandes serviços à Nação, sendo desmobilizada em setembro de 1922) e os Permanentes da Corte, recomendando aos Presidentes das Províncias igual providência. Assim, pois, foi criada a Guarda Municipal Permanente em nossa Província, pelo então Coronel de Milícia Rafael Tobias de Aguiar. É o nome de batismo da nossa Corporação, a qual, no decorrer dos anos foi denominada Corpo Policial Permanente, Corpo Policial Provisório, Força Pública Estadual, Força Policial e Força Pública que, na fusão com a Guarda Civil em 1970, tomou a denominação de Polícia Militar, em cujo Brasão resplandecem 18 Estrelas, na bordadura do Escudo, representantes dos marcos históricos da Corporação.


No Brasão destaca-se, à direita, a figura do bandeirante Domingos Jorge Velho, o vencedor do Quilombo dos Palmares. Está na posição de sentido, com bacamarte e espada, representando a epopéia dos Homens de botas de sete léguas, que chutaram as linhas das Tordesilhas para as bandas do oceano pacífico, triplicando a extensão da América Portuguesa, o milagre Brasil, gigante pela própria natureza.


Reproduzimos na bibliografia as obras consultadas de consagrados autores, a maioria já falecidos, que merecem as nossas homenagens e nossas orações. As fotos , quase todas, foram extraídas do livro “Tropas Paulistas de Outrora” de J. Wasth Rodrigues.


É nosso pensamento ter este livro um caráter pedagógico, pois, os seus capítulos foram escritos, numa ordem cronológica, desde a invasão do espanhol Rui Moschera, passando pelas tropas de 1.ª Linha, pelas Ordenanças e Milícias até os fatos contemporâneos, destacando a atuação da Polícia Militar, sempre pronta a lutar, bravamente, como as tropas do passado pela segurança de São Paulo e do Brasil.


Estão, pois, expostas nesta obra os fatos da fibra castrense dos Paulistas, não restando dúvidas de que ajudamos, e muito, a consolidação da América Portuguesa, um quadro vivo, que explica o Brasil uno, territorial e sentimentalmente.

                                                                                                      O AUTOR

Informações:

terça-feira, 9 de abril de 2013

Governador Mário Covas

Escrevemos há poucos sobre Jânio Quadros que, nos primeiros anos de seu governo (1957-59) ignorou a então Força Pública, cortando verba do seu orçamento, comprometendo até a saúde de nossos homens, escassez dos remédios no Hospital Militar, falta de médicos e tantos outros desatinos.
Mas o tempo foi passando e a atitude de Jânio Quadros foi se modificando. Ele sentiu a lealdade da tropa, sentiu o valor de seus oficiais e praças, os exemplos dignificantes dos homens de Tobias de Aguiar, mudando seu conceito e começando a admirar a nossa gente.

Presidente da República em 60, substituindo Juscelino Kubstchek, levou para Brasília uma vintena de oficiais nossos, comandados pelo inesquecível cel. Jayme dos Santos, que vitalizou o Depto. Nacional de Segurança Pública, criando, em boa hora a sua Escola de Polícia, formadora de delegados da Polícia Federal, nomeados no Brasil todo para o combate à nefasta corrupção que campeia em nossa pátria.

Com Mário Covas também aconteceu algo semelhante (Governador de 1995-99 e 99-2001). Contestador dos governos militares (Generais Castello Branco, Costa e Silva, Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João Figueiredo), teria sido preso pelo DOI-CODI, conduzido a Santos por uma patrulha nossa para o corretivo em um navio presídio. Sua ira não foi somente contra a PM, generalizando para as Forças Armadas da nação.

Com as Diretas, a política brasileira inverteu-se eles que eram perseguidos, porque conspiravam contra o regime tornaram-se os perseguidores e até os dias de hoje tentam, com a abertura dos arquivos do DEOPS, uma vingança que não tem sentido, reacendendo ideologias ultrapassadas, pois o que foi decretado pelo gal. João Figueiredo a anistia geral está sendo levada a um segundo plano.

Uma pergunta: essa comissão da verdade que foi nomeada para incriminar os responsáveis pelo terrorismo, levantará e estudará o arquivo referente ao vice Almirante Nelson Gomes Fernandes, morto no aeroporto de Guararapes, vítima de bombas endereçadas ao presidente Costa e Silva, quando este visitava Recife, em 1966?

E o cabo do exército nacional Mário Kosel Filho, morto na explosão quando sentinela do quartel general do segundo exercito, em 1968?

Também do nosso herói-mártir Alberto Mendes Junior assassinado com requintes de selvageria nas matas da região do Vale do Ribeira, em 1970?

E o delegado Dr. Otávio Gonçalves Moreira Junior da Polícia Civil de São Paulo, assassinado, em 73 por vários terroristas em Copacabana, numa traiçoeira perseguição.

Também a morte do cap. americano, com bolsa de estudo da USP, morto na frente de sua mulher e filhos?

E o crime da R. Piratininga, na Mooca, onde um guarda civil foi fuzilado por Lamarca?

Voltemos a Mário Covas,  o tempo é o remédio para todos os males. Ele reconheceu o valor do nosso Hospital Militar e aprovou verbas a seu favor, nomeou médicos especialistas que então precisávamos, tornou nosso amigo e admirador. No livro Clarinadas da Tabatinguera, prestei-lhe uma homenagem, no fechamento de um artigo, quando do seu falecimento, em marco de 2001:

"Governador Mário Covas, esqueça os idos das reprimendas do DOI-COI. Onde estiver, sinta o calor dos nossos homens da Infantaria, da Cavalaria, do Grupamento Aéreo, do Pelotão de Honra Fúnebre e dos Cadetes, que carregaram seu esquife nos ombros, elevando-o para mais perto de Deus. Que Deus o proteja nos páramos divinos e bem dita seja a terra de Brás Cubas que acolheu seu corpo".

No informativo ADEPOM NEWS comandado pelo bom amigo cel. Nogueira publicou o conceito que o presidente Barack Obama sobre os militares que publicamos com a devida permissão:

Para que servem os militares?

"...É graças aos soldados, e não aos sacerdotes, que podemos ter a religião que desejamos.
É graças aos soldados, e não aos jornalistas, que  temos liberdade de imprensa.
É graças aos soldados,  e não aos poetas, que podemos falar em público.
É graças aos soldados,  e não aos professores, que existe a liberdade de ensino.
É graças aos soldados, e não aos advogados, que existe o direito a um julgamento justo.
É graças aos soldados, e não aos políticos, que podemos votar..."

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O LEVANTE DA ILHA ANCHIETA



A Ilha Anchieta é um recanto portentoso do litoral norte de São Paulo, conservando ainda as cicatrizes do Levante dos Presidiários, naquela tragédia da manhã de 20 de junho de 1952. 

Naquele dia, nossa história registrou a tenebrosa ação de centenas de detentos, muitos de alta periculosidade, os quais, na ânsia de seus propósitos recalcados de liberdade e banditismo, assassinaram, com requintes de barbárie, dez Servidores do Estado, entre eles oito militares do 5.º BC, unidade sediada em Taubaté, hoje 5.º BPM/I. 

Foi a rebelião comandada pelo detento João Pereira Lima. Os amotinados queriam ganhar o continente, subir os paredões da Serra do Mar, esconder-se nas densas matas, ludibriar os perseguidores e fugir da Justiça. 

Nesse 20 de junho, era dia de corte de lenha, para o abastecimento das cozinhas do presídio. Dois turnos de presos foram organizados. Um de 17 detentos para o Morro do Papagaio, escoltado por apenas um soldado. O segundo turno de 100 detentos, na outra encosta do morro, para transportar, à sede, grande quantidade de lenha já cortada, vigiado por apenas 2 soldados. 

Os três policiais estavam armados com mosquetões Mauser e os dois civis, agentes do presídio, também faziam parte da escolta, porém sem armamentos. 

Facilmente os presos já combinados, dominaram as escoltas, apoderaram-se das armas e desceram em direção à Guarda Militar. Toda a guarnição foi presa, culminando os assassinatos. Não contentes, ainda tripudiaram sobre os cadáveres, com coronhadas e baionetadas. 

Saldo da tragédia: 22 mortos e 24 feridos, alguns gravemente. Entre os mortos, registramos: 

Sgto: Melchíades Alves de Oliveira e os Sds. Hilário Rosa, Octávio dos Santos, José Eugênio Pavarin, José do Carmo da Silva, José Laurindo, Bento Moreira e Benedito Damásio dos Santos. 

Foram mortos os funcionários civis: Portugal de Souza Pacheco e Oswaldo dos Santos. Morreram também na refrega 12 presidiários. 

Aconteceram os inquéritos de lei. Por muitos anos movimentaram-se as justiças militar e civil. Gastos imensos do Estado, na condução e recondução de presos, escoltas, reconstituições da luta, idas e vindas a Ubatuba, à Ilha, a Taubaté, a São Paulo, centenas de depoimentos ouvidos pelos magistrados do Fórum Castrense e Civil. 

Mas, tudo isso se desvaneceu no tempo, tudo isso foi insignificante, todos esses gastos materiais nada representaram, comparados às feridas das almas daqueles, que foram testemunhas presenciais da fúria humana e dos que prantearam os entes queridos, mortos no tenebroso Levante da Ilha, até hoje fantasma e, no entanto, leva o nome tão lindo do Santo Brasileiro. 




quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

VAMOS, VAMOS, VAMOS...

            Em 1955, substituindo o prof. Lucas Nogueira Garcês, assumiu o governo de São Paulo, o Dr. Jânio da Silva Quadros, ficando no poder até setembro de 57, quando  se desincompatibilizou, para concorrer às eleições a Presidente da República (1959-1963).
           Sua carreira política foi rápida: vereador em 1947, em janeiro de 1961 já tinha assento à  Curul Presidencial, na nova capital federal - Brasília, inaugurada um ano antes pelo grande presidente Juscelino Kubitschek.
         Fixemos Jânio Quadros em 1955, entronizado no Palácio dos Campos Elíseos. Ele personificava a esperança do povo bandeirante, acreditando que a vassoura (peça principal de sua campanha), iria varrer todos os corruptos do Estado. Ela era exaltada em todos os comícios de rua, nas rádios e televisões, a figura de Jânio empunhando-a num gesto teatral, cantando com o povo enlouquecido "varre, varre vassourinha"...., canção cunhada em milhares e milhares de discos. Jânio era então o gênio do populismo.

          Nos trinta meses que governou São Paulo, ele destilou todo ódio à Força Pública, diminuindo ou cortando nossas verbas orçamentárias, sofrendo a Cavalaria sem milho e alfafa para os animais, a farmácia sem medicamentos, o Hospital Militar carente de meios para cuidar da saúde dos nossos homens. 

          Nesse estado de coisas brotou, nas mentes e nos corações dos tenentes da época, uma ideia revolucionária para o desagravo; a ordem era depor dos Campos Elíseos, aquele governador rancoroso, autoritário, que ofendia a honra da tropa de Tobias de Aguiar.
         Inspiramo-nos, então, no Tenentismo de Cabanas e Miguel Costa, este monstro sagrado da nossa história, que assombrou a nação, comandando a maior marcha militar do planeta.

       O que teria acontecido para tanto ódio à nossa Corporação? Sem dúvida os nossos milicianos dos batalhões de Choque, patrulhas de área ou lanceiros a galope, teriam a agido às vezes com energia, para a manutenção da ordem, nas manifestações excessivas ou desordeiras de seus apaixonados seguidores. E foram muitos os conflitos!      
        “Navegar era preciso”, combater Jânio Quadros também era. Começamos as reuniões secretas, realizadas à noite em dois pontos estratégicos: o primeiro no Hospital Militar da Rua Jorge Miranda e outro no Quartel General em construção na Praça Fernando Prestes.   
      As ordens de reuniões eram enviadas para mais de 200 tenentes, mas a decepção vinha no dia seguinte, quando poucos  compareciam,  a maioria nos decepcionava. Perguntávamos então a todos os faltosos a razão do não comparecimento e a resposta vinha sempre atrapalhada, demonstrando certa covardia, pois eles teriam comparecido no QG novo quando a ordem era no QG velho ou no hospital velho quando a ordem era no hospital novo.
      De tanta demora, delongas, Jânio havia interrompido seu governo, candidato a presidente da República, fato assinalado acima. Seu substituto foi o prof. Carlos Alberto Alves de Carvalho Pinto que pagou o pato,  e a revolta estourou em suas  mãos.

Depois de ordens e contra ordens chegou o dia fatal, ou melhor, a noite fatal, agora contra Carvalho Pinto, que também continuou com as mesmas negativas de Jânio. A ordem aos tenentes, agora por escrito, determinava  a data, local e a hora para o início de nossa luta, que começaria às 20h no hospital militar velho. O novo estava sendo construído no Barro Branco.
          Éramos então duas centenas de combatentes, desfraldando a Bandeira do Tenentismo, no pátio que hoje pertence a quatro Entidades, a Capelania Militar, o CAES , o Museu Militar e o Serviço de Subsistência.
         Nessa memorável noite, eu me lembro bem, o Tenente Melo atrasou-se, pois o bonde Vila Mariana-Ponte Grande (que saudades dos bondes de outrora!...) demorou muito. 
Em chegando ao pátio do hospital velho, espantado, ouviu um grito aterrador:


                    "PASSO O COMANDO DA TROPA AO TENENTE MELO"

           O susto  foi enorme, aumentado geometricamente, quando o tenente, que não me lembro o nome, numa posição espartana, o assustou ainda mais, com a seguinte advertência:
            
             MELO VAMOS, VAMOS, VAMOS! EU IA PARTIR COM A TROPA PARA O ASSALTO AO QG E DEPOIS AO PALÁCIO MAS O SR. CHEGOU, O SENHOR É MAIS ANTIGO E O COMANDO É SEU. EU FICO NO ESTADO MAIOR.

           Melo perdeu o chão e observou que o Estado Maior já tinha 3 chefes, naturalmente a tropa já havia tido três comandantes. Lívido, a pressão alta, o coração a duzentos por hora, perguntou a si mesmo: E agora, o que é que eu faço?
          Seu antecessor o torturava de minuto a minuto, com a voz tonitruante, aumentando sua aflição, com a mesma advertência:

           MELO VAMOS, VAMOS, VAMOS! EU IA PARTIR COM A TROPA PARA O ASSALTO AO QG E DEPOIS AO PALÁCIO MAS...

             O tempo ia passando e ele não teve outra  alternativa, não teve dúvidas, respirou fundo e assumiu o comando da tropa. O Chefe do Estado Maior, sádico, não lhe dava trégua, repetindo sempre aquela frase aterradora: Melo vamos, vamos, vamos...
      Entrementes, com a carcaça tremendo, ele procurava alguém, os olhos atentos vasculhando o território todo, na esperança de vislumbrar qualquer alma penada mas que fosse mais antiga que ele ou seu superior; os segundos pareciam uma eternidade  e ele, ansiado, transpirando,  com vontade de ir ao banheiro mas eis que um  milagre  aconteceu!!! Ele exultou, levitou, flutuando entre as nuvens, parecendo ter ganho a sorte grande da loteria  federal. É que divisou, na penumbra da noite, um vulto com três galões nos ombros, era o capitão X. Reuniu então todas as forças possíveis, físicas, morais e espirituais e berrou, urrou como uma fera:

           PASSO O COMANDO DA TROPA AO EXMO SR. CAPITÃO X, BRILHANTE OFICIAL DA NOSSA QUERIDA FORÇA PÚBLICA.

           Com esse urro, a cavalhada do Regimento fez um tropel nas baias, arrebentando as correntes; os passarinhos, empoleirados nas árvores,  saíram todos em revoada, procurando outros ninhos em verdes motéis e os doentes do hospital pegaram seus rosários, beijaram o Cristo, certos do fim do mundo. 
           Melo então se vingou, transferindo ao capitão aquelas advertências diabólicas daquele malvado Tenente, seu antecessor:

      SENHOR CAPITÃO, VAMOS, VAMOS , VAMOS. EU IA PARTIR COM A TROPA PARA O ASSALTO AO QUARTEL GENERAL E DEPOIS AO PALÁCIO MAS O SENHOR CHEGOU, O SENHOR É MEU SUPERIOR, O COMANDO É DE V.SA. EU ASSUMO O ESTADO MAIOR.

          Os relógios marcavam 22:00 horas!  O capitão, pálido e vacilante, perscrutava os  horizontes, e nada, nada e o Tenente Melo, com aquelas cutucadas, aquelas advertências: Senhor capitão vamos, vamos, vamos, eu ia sair mas...
           Sinuca de bico, pensou. Um fato inusitado aconteceu, pois o capitão reuniu toda a tropa em seu redor e, empostando a voz, discursou:

Jovens Tenentes, meus amigos! O Major R, guerreiro como nós, está nos esperando na Academia do Barro Branco. Ele possui várias viaturas, para o transporte aos nossos objetivos, naturalmente ele no comando, para a arrancada heróica, a nossa luta do desagravo. Confiem meus nobres  Oficiais nas minhas palavras, vamos defender a gloriosa  Força Pública!

             Animados pelas sábias palavras do capitão, saímos pela Rua Jorge Miranda em passo de estrada sob o comando do valente orador o capitão X.
           O Tenente Melo, agora como chefe do Estado Maior notou, na virada da Avenida Tiradentes, que os pelotões estavam esvaziados, somando ao todo apenas 60 “patriotas”. Na subida da Avenida Água Fria éramos apenas 30.
           Esfalfados, chegamos na Academia apenas 15 idealistas, os relógios marcando 5:00 horas. O major, com a guarda do quartel armada com metralhadoras, nos prendeu em nome da legalidade - triste madrugada foi aquela... Éramos agora 15 prisioneiros, réus em 15 Inquéritos Policiais Militares, nossa Bastilha em Sorocaba, no 7.º Batalhão comandado pelo  Coronel  Divo Barsotti.


Em tempo: coitado de Carvalho Pinto, pois em junho de 1961 houve outra rebelião, agora mais grave; foi um motim iniciado no Corpo de Bombeiros, os tenentes hasteando uma bandeira preta no quartel da Praça da Sé. O Aspirante Edil Daubien, comandando  um comboio de carros valiosíssimos dos Bombeiros, entregando-os ao Governador Carvalho Pinto, com a seguinte mensagem: Esses carros são de grande valia e não devem ser pilotados por policiais com salário de fome e uniformes esfarrapados; mas isto é uma outra história!