Boa leitura!

domingo, 6 de novembro de 2016

RESPOSTAS AO JORNALISTA YURI - NETO DO GENERAL MIGUEL COSTA

2 - O QUE FAZIA ANTES DE INGRESSAR NA FORÇA PÚBLICA?

Minha infância foi vivida na encantadora Terra do Petróleo, onde ganhei as primeiras letras, a professora a mãe Francisca e o diretor do Grupo Escolar o professor Ezequias Machado da Silva, emérito educador.

Em 1933, eis-me em Itapetininga, cursando o primeiro ano ginasial na bela e famosa Escola Normal “ Peixoto Gomide”. A viagem de Bofete a Itapetininga foi inesquecível – 7 horas a cavalo até Pirambóia, onde ficamos à espera do trem que vinha de Botucatu e ele chegou resfolegante, barulhento, jogando baforadas de fumaças no ar. Confesso que tive medo daquele monstro de ferro; fizemos a baldeação em São Roque para o ramal de Itararé. Havíamos saído de Bofete a meia noite, e depois de 20 horas de viagem chegamos à nova morada, a bela Itapetininga. Hoje, de automóvel, cortando por Guareí, o tempo não passa de uma hora!

Terra de Fernando e Júlio Prestes (este eleito Presidente da República em 1930), grandes patriotas e grandes políticos, terra também de Venâncio Aires, o Comandante das tropas de cavalos e muares, comprados no Rio Grande do Sul e Uruguai para a grande feira de Sorocaba.

Espantei-me com a cidade grande, onde conheci o telefone e o rádio. Achei lindo o mercado, a feira aos domingos na Avenida Peixoto Gomide, lindas também a farmácia do Valdomiro e as Escolas de Ensino, conhecida Itapetininga como Atenas do Sul Paulista; também me encantaram o Campo da Aviação atrás do cemitério, o garboso 8.º Batalhão, o rio Itapetininga, as lagoas, a cachoeira, a represa do Tenente Carrito, as lavadeiras rodeando a caixa d’água (a Prefeitura dava água de graça), as festas de carnaval e as religiosas, a mocidade alegre das Escolas castigando os calouros, banhando-os seminus no repuxo da Praça, o alto falante no Largo dos Amores, irradiando as músicas de sucesso da época e troca de mensagens de amor entre os namorados. Quantos romances nasceram!!!

Morei com dona Olímpia Meira, minha avó querida. Viúva de Francisco Afonso Pereira (os dois meus avós maternos), ainda jovem, com 3 filhas pequenas, Francisca minha mãe e as queridas e saudosas tias Laura Santos e Maria Antonieta. Minha avó falava de sua mãe Maria, minha bisavó e sobre o meu bisavô só sei que era um bom carpinteiro e que, na mocidade, pertenceu àquela legião de bandeirantes da época, os heróicos tropeiros de Venâncio Aires.

Em 1938 a formatura no Ginásio. E agora, o que fazer? O destino me encaminhou para a vida castrense. Hoje, com a graça do bom Deus, me sinto feliz. Vejo-me no cume duma alta montanha contemplando a bela paisagem, ressumbrando nessa paisagem divina minha querida família e meus queridos amigos, e você Yuri é um deles.

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